Análises

Monster Hunter 4 Ultimate

É importante saber de onde vem a nossa roupa e comida: se é de origem sintética, vegetal ou animal e em que condições os animais viveram e morreram para termos o estilo de vida que temos hoje. No fundo, pode-se dizer que Monster Hunter trata de criar uma consciência colectiva sobre estes temas, implicando que se queremos comer uma costeleta e usar um casaco de cabedal, devemos ser nós a matar o animal e aproveitar o máximo possível, dando significado à sua morte.
Pode-se dizer isso, mas seria um disparate. A filosofia de Monster Hunter é muito simples: queremos fazer uma espada gigante e uma armadura de meter medo, por isso vamos caçar monstros gigantes e usar partes deles para as forjar.

Claro que o jogo dá-nos mais motivações que isso, não só há uma história principal, como cada missão tem uma pequena história, talvez um monstro esteja a aterrorizar alguém ou talvez sejam necessários materiais para fazer um medicamento. A brilhante tradução para Inglês por parte da 8-4 pontua com humor as horas passadas a caçar e ajuda a dar ao jogo uma personalidade diferente da que se pode esperar à primeira vista.

MH4U_TGS14_24A verdade é que quando o vício se instala e passamos centenas de horas online a caçar com amigos e estranhos, isso pouco interessa, o objectivo de criar equipamento novo é motivação suficiente, mas não necessária, uma vez que o sistema de combate acaba por ser a própria recompensa.
No entanto, é inegável que é difícil de entrar num Monster Hunter: as personagens são lentas e pesadas (natural quando se carregam armaduras e armas enormes), não há lock-on, os monstros são imperdoáveis e há muitos tipos de armas, cada uma com os seus controlos completamente diferentes e ramos de evolução.
Com isto dito, Monster Hunter 4 Ultimate faz um bom trabalho em introduzir-se aos principiantes sem sacrificar a profundidade que mereceu a devoção de milhões de fãs. O modo de história, apesar de simples, é mais envolvente que antes, ajudando os jogadores a ficar motivados e a aprender as mecânicas gradualmente, evitando que tudo se torne demasiado confuso.

Apesar do single player ser divertido e ter conteúdo para umas valentes horas, o verdadeiro sumo do jogo está no multiplayer. Offline ou online, quatro jogadores podem-se juntar para caçar ainda mais monstros, com a dificuldade a adaptar-se consoante o número de jogadores.
É importante aprender com o Batman e preparamo-nos adequadamente, saber levar o equipamento e itens certos para o monstro certo é o primeiro passo para o sucesso e daí temos que aprender a dominar as armas e estudar os monstros com atenção.
Cada item que consumimos ou golpe que desferimos deixa-nos expostos e vulneráveis, por isso é preciso saber ler os movimentos e tiques dos monstros para nos anteciparmos a eles e esquivar, defender e atacar eficazmente.
Este processo de aprendizagem, de gestão de precaução e risco fica exponencialmente mais interessante ao jogar em equipa, especialmente se coordenarmos estratégias e cada elemento da equipa servir um propósito distinto.

MH4U_TGS14_10Infelizmente o jogo não fornece grandes ferramentas de comunicação, não há voice chat e apenas podemos escrever o que quisermos no lobby, dentro das missões só podemos usar mensagens pré-feitas que podemos costumizar. Apesar de ser possível ter um conjunto de mensagens manuais e automáticas que cobre um número razoável de situações, é um sistema bastante limitado, mesmo que hoje haja facilidade em encontrar alternativas para falarmos com os nossos companheiros de caça.
Tirando isso, o sistema online funciona extremamente bem e é muito fácil de usar, com uns simples toques no ecrã táctil podemos ligar-nos à net, criar ou procurar salas com os parâmetros que quisermos ou procurar amigos. Até agora ainda não me desconectei uma única vez nem tive problemas com lag.

O comabte subaquático, a grande novidade do Monster Hunter 3, não voltou para o 4 para alívio de muitos. Em vez disso agora os cenários são muito menos planos e mais verticais, há inclinações, desníveis, arcos, escarpas e uma data de formações naturais que podemos usar não só como cobertura, mas para atacarmos do ar e até montar os monstros como touros num rodeo, dando-nos a oportunidade de infligir algum dano de uma posição mais segura e destruir partes do corpo difíceis de atingir. Isto não só traz alguma agilidade ao jogo, como torna mais importante a leitura do terreno, o que traz profundidade a um já profundíssimo sistema de combate.

Não é um jogo para todos os gostos, mas não deixa de ter imensa variedade, com incontáveis combinações de armas, armaduras e skills, vários cenários, dezenas de monstros e a hipótese de jogar sozinho, com estranhos ou amigos, caçar, pescar, minar ou recolher materiais.
O jogo corre melhor na New 3DS com loadings mais curtos e texturas muito melhores, e o C-Stick deixa-nos controlar a câmera sem um Circle Pad Pro, apesar de ser sempre possível usar o D-Pad ou o touch screen. A possibilidade de centrar a câmera ou virá-la automaticamente na direcção do monstro que estamos a caçar tiram alguma da necessidade de controlar constantemente a câmera, o que é sempre mais confortável independentemente da 3DS que estamos a usar.
O 3D super estável da New 3DS torna mais viável a utilização deste efeito, visto que é preciso a disciplina de um monge para ficar quieto enquanto tentamos não ser atropelados por um dragão. Apesar das vantagens que as novas 3DS trazem, não é de todo essencial ter uma para desfrutar dos prazeres da caça.

Com conteúdo para centenas e centenas de horas e um sistema de combate profundo e imensamente recompensador, vale bem a pena ultrapassar as barreiras iniciais e ferrar bem os dentes em Monster Hunter 4 Ultimate.
Só não te esqueças de ir à rua apanhar um bocado de sol; podes sempre levar a 3DS contigo.

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