Análises

No Man’s Sky

Versão testada: PlayStation 4

Eu tenho o bom hábito de não me deixar levar por entusiasmos excessivos, ou tradicionalmente conhecido como hype. Com No Man’s Sky (NMS) não foi diferente. Aliás, diria até que estava mais céptico do que propriamente entusiasmado. Afinal de contas, o quão diversificado podem ser 18 triliões de planetas gerados por um algoritmo? O quão profunda é a jogabilidade? O quão repetitivo é? O quão interessante é descobrir os segredos deste universo? Mas após umas quantas dezenas de horas de jogo, acho que tenho as respostas a estas e a outras perguntas.

NMS começa com o jogador encalhado num planeta no extremo da galáxia. É necessário explorar o planeta em busca de recursos, para assim arranjar a nave e começar a viagem ao centro da galáxia. Um aspecto interessante é o facto de cada jogador começar num planeta diferente, significando que uns poderão ter a vida mais facilitada porque calharam num planeta abundante de recursos, enquanto que outros poderão ter a vida mais complicada porque calharam num planeta com condições climatéricas mais duras. Como exemplo, o meu planeta inicial, apesar de não ter muita fauna ou flora, era razoável em termos de recursos e condições climatéricas, e os seres vivos eram passivos.

Apesar de o objectivo ser descobrir o que há no centro da galáxia, não significa que não existam outras coisas para descobrir ou outros pontos de interesse. Um desses pontos de interesse é uma estranha e poderosa entidade chamada Atlas. O que é e qual o seu propósito na galáxia? Outro ponto de interesse está relacionado com as raças alienígenas que iremos encontrar. Os Gek são uma raça reptiliana focada nos negócios e no dinheiro, embora o lore os pinte como uma raça com uma forte cultura de guerra. Os Korvax são uma consciência colectiva de androids obcecados com o conhecimento, e os Vy’keen são uma raça de guerreiros que prezam a honra e o dever. Mas algo mais se passa nos bastidores, mais precisamente a influência do Atlas na galáxia.

No Man's Sky_20160814142233Não existe propriamente uma maneira certa de jogar NMS. O jogador tem a possibilidade de andar livremente sem qualquer indicação para onde ir, ou pode seguir algum dos caminhos propostos via mapa galáctico. Por exemplo, pode seguir o caminho mais directo para o centro da galáxia, ou pode seguir o caminho do Atlas. Independentemente do caminho escolhido, os básicos da jogabilidade são os mesmos, variando apenas o lore e a quantidade de informação sobre o universo.

Dito isto, a exploração compensa sempre. Os caminhos pré-definidos no mapa galáctico guiam o jogador por sistemas solares mais acessíveis, mas a maior parte dos planetas apenas fornece os recursos mais básicos. Ao enveredarem pelo caminho de exploração livre terão a oportunidade de irem a sistemas solares mais exóticos, em que os planetas têm mais vida e apresentam recursos mais raros.

O núcleo da jogabilidade assenta na sobrevivência e na procura de recursos. Durante a exploração, iremos encontrar diagramas para novas peças de tecnologia, tendo depois de encontrar os materiais necessários para a sua construção. Estas peças de tecnologia são extremamente importantes, pois são o que nos vão ajudar a sobreviver nos planetas com condições climatéricas extremas, quando temos que nos defender das sentinelas e de seres vivos mais agressivos, ou quando queremos fazer mineração de recursos. Nunca menosprezem a importância de uma multiferramente actualizada.

Ao início, o espaço no inventário é limitado, tanto no exofato como na nave, o que obriga a um constante malabarismo de recursos entre inventários. A solução para este problema passa por aumentar o número de slots no exofato, coisa que pode ser feita ao encontrar Capsulas de Escape nos planetas ou mais tarde nas estações espaciais (após a obtenção do Atlas Pass). E claro, há que também arranjar uma nave melhor, com mais capacidade de armazenamento e maior poder de fogo. Isto pode ser feito ao reparar uma nave despenhada ou ao comprar uma directamente aos vendedores que vão aparecendo nas estações espaciais.

No Man's Sky_20160814171218Há primeira vista, o loop pode ser repetitivo; ir de planeta em planeta apanhar recursos, saltar para o sistema solar seguinte e repetir o processo. Embora exista de facto alguma repetição, não se destaca pela negativa quando comparada com outros jogos fortemente focados no aspecto de sobrevivência e RPG. Bem pelo contrário. Não só o jogador tem algum controlo para parar essa repetição, como é incentivado a alterar o estilo de jogo para continuar a sua progressão pelos “caminhos”. Falo especificamente dos Objectivos de Viagem.

O aspecto mais publicitado de NMS foi sem dúvida a existência de 18 triliões de planetas procedimentalmente gerados. Mas o quão diversificados são? Ao longo da minha aventura, encontrei algumas semelhanças nos biomas dos planetas. Algumas plantas são demasiado parecidas com outras de outros sistemas, enquanto que os animais tendem a ter um tom predominantemente castanho e interagem da mesma forma. A juntar a isto está a falta de personalidade dos NPCs que se encontram nos planetas. Todos eles têm o mesmo tipo de diálogo e o mesmo contributo para o lore.

Já os planetas em si foram suficientemente diferentes uns dos outros para não me darem a sensação de estar a explorar o “mesmo” sítio vezes sem conta. Desde planetas gelados, passando por planetas com radiação e chuvas ácidas, chegando até a planetas em que as temperaturas sobem às centenas de graus Celsius. E claro, também vão encontrar planetas desertos ou planetas com vastos oceanos.

Toda esta exploração e aventura é acompanhada por uma excelente banda sonora. Embora os efeitos sonoros tanto nos planetas como no espaço sejam competentes, a banda sonora da autoria do grupo 65daysofstatic enquadra-se extremamente bem nesta aventura espacial.

13995415Não posso acabar esta análise sem mencionar o baixo FOV (Field of View) presente na versão PlayStation 4 de NMS. O ângulo de visão é tão reduzido que pode tornar a experiência de jogo desconfortável para alguns jogadores. Isto acaba por ter influência nas batalhas espaciais, porque o baixo FOV combinado com o design de alguns cockpits torna complicado seguir o movimentos das naves inimigas, especialmente porque a Interface do Utilizador não consegue transmitir da melhor forma quais os perigos imediatos.

Será que já vi todas as variáveis que NMS tem para oferecer? Definitivamente que não. E é isso que dá motivação para continuar a jogar e a explorar novos sistemas e planetas. Este é o tipo de jogo que apela a quem gosta de exploração, quem adora ficção cientifica, ou simplesmente a quem se interessa pelos mistérios do espaço. NMS tem tem uma enorme margem de manobra para melhorar e crescer, coisa que irá acontecer com a implementação de novas funcionalidades num futuro próximo. Mas o produto actual, aquele que podem jogar hoje, embora tenha a sua dose de falhas, é bom e igualmente viciante.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

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