Análises

The Tomorrow Children

Versão testada: PlayStation 4

Criado pela Q-games e publicado pela Sony’s Japan Studio, The Tomorrow Children esteve recentemente em open beta, chegando-nos agora com uma versão denominada de Founders Pack, que contém uns bónus como os Freeman Dollars, uma moeda de jogo adquirida com dinheiro real. The Tomorrow Children não é um jogo de fácil explicação. Este é um título muito virado para uma comunidade, em que controlamos uma personagem, um clone de aspecto tipo boneca, num mundo consumido por um manto branco, denominado de Void. A humanidade está à beira da extinção e todos nós contribuímos para um único objectivo, reconstruir as cidades para salvar a humanidade.

Ao iniciar o jogo, temos logo a sensação que vamos ter uma experiência diferente. Ao entrarmos no mapa, deparamo-nos com um ambiente insólito; um vazio tremendo, uma zona árida praticamente sem nada além de uns monitores, que nos saltam logo à vista. Basicamente, vemos alguém a falar e a explicar o básico para compreendermos o jogo. Trata-se do tutorial que, segundo sei, foi alvo de algumas alterações para colmatar as dúvidas que a comunidade ainda tinha após o terminar. Um ponto engraçado é a forma com que surgem os edifícios. Eles erguem-se do chão. Dá-nos sem dúvida uma sensação de mistério. Depois de  completarmos o tutorial, entramos no metro para ir para a nossa primeira cidade pública e em conjunto com outros camaradas, vamos reconstrui-la.

ttc_siee_ss_002_1473084687Cada cidade tem a sua instância, mas podemos alternar entre cidades usando o metro. Grande parte delas já estão bastante avançadas, havendo algumas bastante movimentadas, mas outras completamente desertas no que diz respeito a jogadores. E viajei por várias cidades. Porém, existem NPCs a andar pela cidade, não dando a sensação de que estão completamente desertas. Alguns desses NPCs até nos dão quests como por exemplo, obter maçãs para fazer Vodka. Depois somos recompensados com itens que podemos trocar na banca da Vodka por perks, como escavar mais depressa
Espalhadas pela cidade estão estas bancadas onde podemos adquirir todo o tipo de artigos, desde ferramentas para obter recursos como picaretas, pás ou armas para nos defendermos dos invasores. Sim, em The Tomorrow Children há inimigos e há que estar preparado nos defendermos e dar tudo pela cidade e prosperidade da humanidade!

O jogo rege-se também por a aquisição de licenças. Sem licença de armas, não podemos usá-las. Sem licença de veículos, não os podemos conduzir. The Tomorrow Children não é, neste caso, um jogo linear, onde basta obter recursos e fazer craft.
Para evoluir a cidade, é necessário recursos, mas estes não estão disponíveis na cidade, e como tal, há que os ir buscar. Os recursos podem ser obtidos em ilhas que estão em redor das cidades, no meio do Void. Mas, as cidades estão cercadas pelo mesmo, e visto que não nos conseguimos movimentar sem veículo pelo Void, temos disponível um autocarro que nos leva a essas ilhas.

ttc_siee_ss_011_1473084694Porém, temos um inventário um pouco limitado. Bem, um pouco a favor, e carregar tudo sozinho para o autocarro, iria demorar décadas. Como disse anteriormente, The Tomorrow Children é um jogo virado para a comunidade, e como tal, existem espaços específicos onde podemos colocar os recursos para que a comunidade os ajude a carregar, como o espaço delineado para carregar para dentro do autocarro. Obviamente, obtemos experiência ao apanhar estes materiais ou ao colocá-los no ponto especifico dentro da cidade. Existem também umas bonecas, as Matryoshka, que são o recurso mais importante do jogo. Ao levarmos estas bonecas para a cidade, podemos transformá-las em cidadãos, dando assim mais vida à cidade.

Este jogo tende em puxar pela comunidade, pelo trabalho em equipa, mas sinceramente não sei se os jogadores estão para aí virados. The Tomorrow Children é um jogo de comunidade, onde a comunidade propriamente dita é uma minoria. Apesar de termos a noção que as cidades estão a avançar, temos sempre a sensação que estamos sozinhos. Mesmo com os NPCs pelas cidades, e os poucos jogadores que encontramos. Eu tive sempre uma sensação de que estava perdido e sem saber o que fazer. Vejo este título como um jogo monótono. O mais próximo desta monotonia será talvez Minecraft, porém deixa-nos controlar praticamente tudo, como por exemplo, somos nós que desenhamos os edifícios, dando mais liberdade à nossa criatividade. No titulo da Q-games, o jogador não tem esse controlo. Aqui o jogador cinje-se a adquirir materiais e a aceder a uma banca de craft para escolher o que criar. Quando escolhemos o item, surge um puzzle onde ou o resolvemos por nós ou podemos usar moeda do jogo para se auto-resolver. Depois disto, surge na plataforma, o artigo escolhido.

ttc_siee_ss_012_1473084695Um grande ponto positivo é o traço artístico de deste título. Um design que considero retro e no entanto inovador, tornaram este título em algo bastante apelativo visualmente. Com um aspecto mais quadrado e um visual mais, digamos escuro ou misterioso, Tomorrow Children relembra-me aqueles dias frios numa cidade Soviética.
A banda sonora também faz bem o seu trabalho, não destoando do ambiente gráfico fabuloso do titulo da Q-games, tornando-se num casamento perfeito com o traço artístico, trazendo-nos uma imersão enorme. A quantidade de propaganda e traço dos edifícios estilo Sovietico também ajudam a puxar esse ambiente. Uma experiência sem igual, além de bastante fluída, não tendo a Playstation 4 nenhum problema em correr o jogo.

Outro ponto que vale referir é relativamente à moeda “real” do jogo. Não achei que os Freeman Dollars influenciassem o jogo de forma intensa, além de que é possível obter a moeda naturalmente, visto que está espalhada pelo chão. No entanto, pode  ajudar a obter algo mais depressa, como por exemplo a licença de veículos, que custa 500 desses Dollars.

Em suma, The Tomorrow Children é um jogo semelhante mas também totalmente diferente daquilo que já joguei. Com um desenho simplesmente fantástico, é uma obra visual espetacular, deixando a desejar pelas mecânicas e pela constante sensação de solidão. Resumindo-se praticamente como um jogo de resource gathering, torna-se em algo bastante monótono e solitário. Poderá ser isso que queira ser transmitido pela Q-games, mas creio que para um jogo que se resume num único objectivo partilhado por todos, essa sensação não deveria existir. Neste sentido, acho que a inclusão de um sistema de comunicação poderia ajudar a elevar este título para outro patamar. É um jogo com bastante potencial para evolução e merece sem dúvida ser acompanhando.

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

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