Análises

WipEout: Omega Collection

Velocidade furiosa.

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Um dos últimos trailers de WipEout Omega Collection falava sobre a música e de como a série tinha dado a conhecer um leque de artistas a um novo público. Por vezes, estes trailers promocionais exageram nos factos e, talvez tenha sido a minha veia cínica a falar, pensei que o mesmo se passava aqui. Mas depois apercebi-me que não; apercebi-me que o trailer falava de mim, ou melhor, da minha experiência. O meu primeiro contacto com a franquia WipEout foi com o WipEout 2097 na PSOne em 1996. E foi esse o jogo que me deu a conhecer The Chemical Brothers, com a música Loops of Fury, e The Prodigy, com a mítica música Firestarter. Muitos jogos usam música como um complemento, mas em Wipeout, a música tem um lugar de destaque.

Ora, sendo fã de longa data de WipEout, já estava resignado com a morte da série. O último título tinha sido lançado em 2012 para a PS Vita e o Studio Liverpool foi encerrado. Mas eis que depois de muito pedinchar, os fãs vão poder agora desfrutar de mais um WipEout. Este não é um título feito de raiz para a PlayStation 4, mas não é menos entusiasmante por isso. Devido a algumas “maçãs podres”, o termo remaster tem uma conotação negativa. Mas no caso de WipEout Omega Collection, o termo deve ser usado de forma positiva, não só pelo cuidado tido com a produção desta compilação, mas também porque marca uma nova oportunidade numa série que já tem mais de duas décadas.

WipEout Omega Collection é… bem, exactamente aquilo que se esperava que fosse. Intencionalmente, a jogabilidade dos títulos presentes não foi alterada, tendo apenas havido alguma uniformização em certos aspectos, como a música e as opções de jogo. WipEout 2048 é um título que apresenta um estilo um pouco diferente dos anteriores WipEout. As pistas são citadinas, mais largas para permitirem corridas lado a lado, e existe um maior foco em combate. O estilo mais contemporâneo e colorido, aliado a uma grande quantidade de elementos em redor dos traçados, acaba por dificultar a linguagem visual. Por sua vez, Wipeout HD e a expansão Fury são mais tradicionais e fiéis à origem da franquia. As pistas tem um estilo mais industrial, sóbrio e ambíguo, facilitando assim a leitura das indicações e a navegação pelo traçado.

As mecânicas de jogo são aquilo a que estamos habituados a ver em WipEout. Os airbrakes ajudam a contornar as curvas apertadas sem perder velocidade, e espalhados pelos traçados estão diferentes tipos de painéis no chão que dão acesso a armas defensivas e ofensivas e, mais importante ainda, aumento de velocidade. No 2048, os painéis têm cores diferentes conforme aquilo que representam: azul para velocidade, verde para power ups defensivos e amarelo para armas ofensivas. Isto deve-se ao tal maior foco em combate face aos outros títulos. E como seria de esperar, memória muscular tem um papel determinante no resultado final. Aprender todas as curvas, como utilizar da melhor forma os atalhos e onde estão posicionados os painéis é a diferença entre cumprir o objectivo e ficar encalhado num campeonato. Wipeout não é nem nunca foi um jogo fácil, porque está fortemente dependente do esforço aplicado na aprendizagem.

Por falar em campeonatos, WipEout 2048, HD e Fury têm as suas próprias campanhas. No caso de HD e Fury, os pontos de lealdade e as naves desbloqueadas passam entre si. Por exemplo, se desbloquearem a nave da Nuricom no Fury, vão poder usá-la no HD. Já o 2048 é mais restrito neste aspecto. Devido a uma estrutura da campanha diferente e a outro tipo de categorias de naves, não vão conseguir utilizar as naves do 2048 no HD ou no Fury, e vice-versa. Pode ser uma desilusão, mas o equilibro entre as naves foi um factor determinante para esta decisão.

Aqueles que quiserem algo mais, têm à sua disposição o modo online. Existem várias opções de escolha na criação de uma sala como, por exemplo, qual o modo de jogo (HD ou 2048), o tipo de corrida, a classe de velocidade, uso de armas e o número de voltas, entre outros. Inclusive, na procura de salas criadas, é possível escolher qual a região que preferem usar. Juntando a componente online a um pacote singleplayer recheado por três campanhas, 26 pistas e 49 naves, existe aqui muito conteúdo para desfrutar. De referir que os tempos de loading, sejam no HD/Fury ou no 2048, são bastante rápidos.

Visualmente, WipEout Omega Collection teve direito a um bom tratamento, especialmente o 2048. Wipeout HD e Fury já tinham bom aspecto na PS3, mas o aumento de detalhe, a melhoria das texturas e a maior resolução fazem-se notar. Mas o 2048, por ser originalmente um título PS Vita, é onde se nota mais a melhoria na qualidade visual e na performance, pois agora corre a 60FPS, enquanto que na consola portátil da Sony corria a 30FPS. Aqueles tiverem uma TV 4K vão gostar de saber que o jogo corre nativamente a 4K se desligarem o Motion Blur. Com esta opção ligada, o jogo atinge 4K via técnica checkerboard rendering. Em qualquer dos casos, os três títulos aqui presentes correm a 60FPS de forma constante, e durante as 15 horas de jogo, não notei qualquer problema de performance.

No inicio deste texto, falei da importância que a música tem em WipEout, e isso não é diferente em WipEout Omega Collection. A banda sonora composta por estilos drum and bass e electro-house encaixam perfeitamente na acção que decorre na pista. Além disso, podem personalizar que estilo de música é usada e qual a sua ordem. No que toca ao departamento sonoro, a única falha acaba por ser a falta de uma opção que permita escolher o announcer.

Se estavam receosos sobre a qualidade desta colecção, então, podem ficar descansados. Houve imenso respeito pela série, pelos títulos originais e pelos fãs colocado na produção de WipEout Omega Collection. Podem existir outros jogos de corridas futuristas, mas como pacote completo, assim como em estilo, não há outro melhor. WipEout Omega Collection é um bom regresso desta icónica franquia; esperemos que a série fique por cá durante mais tempo, e não que apenas esteja de passagem.

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela PlayStation para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Se estavam receosos sobre a qualidade desta colecção, então, podem ficar descansados. Houve imenso respeito pela série, pelos títulos originais e pelos fãs colocado na produção de WipEout Omega Collection. Podem existir outros jogos de corridas futuristas, mas como pacote completo, assim como em estilo, não há outro melhor.

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