Análises

Yakuza 0

Versão testada: PS4

Yakuza 0 é uma prequela da série Yakuza, uma franchise criada e acarinhada pela Sega desde 2005, e que, apesar de ter sido um título lançado exclusivamente no Japão, na PS3 e PS4, em Março de 2015, chega finalmente ao Ocidente em exclusivo para a PS4, para satisfação dos fãs, os quais têm finalmente a oportunidade de acompanhar a história que procura dar o enquadramento e o ponto de partida que está na génese deste jogo de ação e dos seus protagonistas

Yakuza 0 leva-nos até ao distrito ficcionado de Kamurocho (inspirado em Kabukicho, um local real de Tóquio) e a Sotonbori (inspirado em Dotonbori, um famoso distrito de Osaka), no longínquo ano de 1988. Aqui, iremos acompanhar a história de um jovem membro desta organização criminosa japonesa, Kazuma Kiryu, que, desde cedo se vê envolvido numa série de problemáticos acontecimentos que o levam a ser afastado da mesma e aí se inicia a problemática relação com alguns membros para que Kiryu consiga provar a sua inocência. Ao mesmo tempo, somos também envolvidos na história de Majima Goro, um proprietário de um clube noturno, em tempos afastado dos yakuza, que procura reentrar por todas as vias (ilegais), para esta organização, mas que, neste percurso é confrontado com desafios que não esperava encontrar.

As histórias de Kiryu e Majima são independentes entre si, mas existe o cruzamento das mesmas com os vários líderes dos clãs lideres yakuzas, sendo de referir que o progresso do jogo ocorre pela jogabilidade alternada entre os 2 protagonistas. Apesar do argumento-base que é o fio condutor do jogo, a história destes 2 personagens ramifica-se em plots secundários que vão tornar mais densa, mas eficaz, a complexa conjugação de todos os fatores que fazem a ponte com o desenvolvimento posterior das histórias que sucedem a esta prequela.

Neste jogo, a história vai sendo contada por longas cutscenes, com as vozes japonesas originais e legendagem em inglês, com planos muito bem delineados para aumentar a intensidade dramática, que, em certos momentos, nos deixa ansiosos para progredir e ultrapassar determinadas lutas, de modo a continuarmos a acompanhar o argumento e o desenvolvimento da história. Faço alguma crítica, contudo, a alguma inconsistência na direção artística ao nível da variedade imposta no tipo específico de cutscenes, na medida em que, estas variam numa cinematografia do género anime, outra mais CGI e outra em modo de plano fixo, sem áudio das personagens e apenas com legendagem, que gera alguma estranheza e quebra de imersão e continuidade, apesar de não estragar a experiência e interesse no acompanhamento da excelente história da missão principal e das sub-histórias de Yakuza 0.

Para os fãs, Yakuza 0 vai trazer algumas respostas a várias questões que foram sendo colocadas ao longo dos lançamentos da série e clarificar a origem de certas situações que esta prequela ajuda a cimentar. Contudo, para quem esteja a começar agora a contactar com esta franchise, não haverá qualquer dificuldade de adaptação, seja ao nível da jogabilidade, das mecânicas ou do ambiente e será um enorme estímulo para uma adequada iniciação e consequente vontade de explorar mais títulos da série.

Yakuza 0 é um jogo de acção com componentes RPG num ambiente semi-open world, onde não temos a total liberdade de exploração e estamos condicionados a um mapa restrito. Do mesmo modo, estamos impedidos de andar de carro e apesar de tudo isto parecer restritivo, as condicionantes geográficas e de mobilidade não diminuem o fator de divertimento que, em cada recanto, em cada secção do mapa, encontramos, com a possibilidade de estarmos em permanentes atividades e quase sem tempo para apreciar a paisagem circundante. O ritmo do jogo é efectivamente agradável tendo em conta que, dificilmente nos iremos sentir num mundo vazio e desumanizado.

A grande inovação de Yakuza 0 é a adição de estilos de luta específicos, tanto para Kiryu como para Majima, que podem ser selecionados, in-the-fly, isto é, a meio da batalha e no calor da acção. Kyriu pode escolher os movimentos associados a “Brawler” (um estilo bastante equilibrado), “Beast” (estilo bastante poderoso, mas mais lento) e “Rush” (um estilo mais rápido e que coloca a enfase na mobilidade). Os estilos selecionáveis de Majima assentam em “Thug” (muito balanceado), “Slugger” (um estilo mais orientado para o uso de armas) e “Breaker” (um estilo muito engraçado à base de movimento de dança).

Por outro lado, durante os combates, existe também o “Heat Action System”, com 3 níveis, que dão acesso a determinados movimentos onde o jogador pode acionar determinadas ações através de Quick Time Events, no pressionar certeiro de determinados butões do DS4, que levam a mortíferos movimentos que enfraquecem o inimigo e consequentemente, podem torna-se fatais.

A possibilidade de escolher durante os combates os vários estilos dão uma dinâmica muito intensa às lutas, na medida em que nos podemos aperceber das diferentes e melhores abordagens que temos que ter com cada lutador ou grupo de adversários, e torna-se desafiante e estimulante encontrar o estilo mais equilibrado para conseguirmos ganhar, não só no resultado final de sobrevivência perante o embate, mas na utilização dos movimentos que resultem em ataques que rendam a maior quantidade de dinheiro.

Efetivamente, é importante salientar que, em Yakuza 0, ao invés de acumularmos XP durante as lutas, vamos ganhando dinheiro nas mesmas, o que o torna um bem imprescindível que serve para comprar os upgrades, desbloquear novos movimentos e progredindo numa escala de skills.

A par da excelência da história, polvilhada com muito drama intercalado com momentos de hilariante humor, da intensidade e diversidade das lutas, e dos momentos de ação over-the-top, um dos aspetos que se destaca em Yakuza 0 são os mini-jogos, uma outra excelente maneira de ganhar dinheiro, mas também uma maneira de nos descontraírmos em jogos inspirados nalguns clássicos SEGA, como Virtua Fighter, Out Run, Super Hang On, Space Harrier, entre outros, ou outras atividades lúdicas como testar as nossas capacidades de cantores no karaoke, dançarinos imbatíveis na discoteca, ou ainda, jogar poker ou mahjong, entre outras atividades. Por outro lado, existem minijogos mais dedicados à posse de territórios com compra e venda de espaços de diversão noturna, numa vertente mais virada para atividades de estratégia e simulação

Em termos técnicos, Yakuza 0 apresenta uma resolução de 1080p e 60fps, que dão uma fluidez muito agradável em todo o conjunto. Jogado na PS4 Pro, toda a jogabilidade efetuada nas suas várias dezenas de horas de longevidade foi bastante estável e sem anomalias a sinalizar a não ser um pop-in na vegetação, muito pontual, mas que, no seu todo, não estraga a experiência e o prazer de vaguearmos naqueles bairros orientais.

Em síntese, Yakuza 0 objetiva o culminar de 10 anos de aperfeiçoamento da formula desenvolvida ao longo do tempo, indo de encontro aos desejos dos fãs mais fiéis, mas conseguindo também tornar-se dinâmico, sólido e consistente na capacidade de atrair novos jogadores, envolvendo-os de um modo muito eficaz naquele ambiente oriental tão característico.

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma cópia deste jogo pela editora/distribuidora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

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