Análises

Tomb Raider: Definitive Edition

O Tomb Raider lançado nas consolas da geração anterior era (e é) um jogo fantástico. Uma Lara Croft mais jovem mas ao mesmo tempo mais “adulta”. Um argumento que, mesmo com os inevitáveis plot holes, conseguia transmitir as “dores de crescimento” de uma heroína que ainda não sabia que o viria a ser. A tudo isso juntava-se um ambiente tenso e soturno. Fugia-se da temática quase cartoonesca dos anteriores Tomb Raider, para se tentar (e conseguir) emular o imaginário cinematográfico de diversos survival movies como Deliverance, First Blood ou até mesmo The Descent.

A ilha Yamatai proporcionava um ambiente gráfico tão opressivo como diversificado e, graças a isso, conseguia esconder a inevitável linearidade de uma experiência que pretendia ser o mais cinematográfica possível.  Perigos reais, sofrimento, culpa, recompensa. Tomb Raider conseguiu transmitir tudo isto. Nem um elenco de personagens secundárias estereotipadas e completamente olvidáveis o conseguiu abrandar. Para os jogadores e crítica a aposta compensou. Para a editora, nem por isso. As vendas ficaram aquém das expectativas demasiado elevadas e o reboot da saga  Tomb Raider deixou um certo amargo de boca.

Tomb Raider Definitive Edition PS4 screenshot 3Passado quase um ano, olhamos novamente para Tomb Raider. Desta vez numa Definitive Edition que, além de todos os DLC lançados para o agora quase falecido modo multijogador, promete inúmeras melhorias tanto a nível de grafismo como de física.

É engraçado como o nosso cérebro nos prega partidas. Há algumas semanas atrás, estava a passar os olhos pelos vídeos deste “novo” Tomb Raider: Definitive Edition e dei por mim a pensar:  “Mas afinal o que é que mudou? Isto parece-me exactamente igual.” A nossa memória tem esta mania de, com o passar do tempo, tornar aquilo de que gostámos cada vez melhor. A verdade é que, quando colocamos o reboot  da saga Tomb Raider lançado na geração anterior ao lado desta Definitive Edition,  percebemos o quão enganados fomos pela nossa memória.

Tomb Raider: Definitive Edition é finalmente aquilo que a anterior versão  não conseguiu  ser porque a geração de consolas que o acompanhava não o permitiu (o PC é um caso à parte). Um jogo com um universo vivo, recheado de pequenos detalhes e grandes perigos. Aqui, a mais pequena folha ou arbusto ganham vida ao sabor do vento. Os túneis frios e claustrofóbicos onde a água escorre pelas paredes com um pormenor e textura impressionantes contrastam com as paisagens  arrebatadoras onde o sol desponta através das nuvens e do fumo para nos cegar com o seu brilho. Depois temos a própria Lara. Revista, melhorada, com mais vida e detalhe.  Movimentos e física aprimorados, texturas e efeitos mais detalhados, o cabelo que se agita ao vento cortesia do Tress FX e, acima de tudo, um olhar mais expressivo. Um olhar que reflecte a dureza e crueldade dos acontecimentos.

Tendo jogado a versão anterior, provavelmente daremos por nós a pensar que gostaríamos de não o ter feito para podermos saborear de outra forma esta experiência. No entanto, ao avançar no jogo com a confiança de quem já lhe conhece as “manhas”, conseguimos apreciar esta Definitive Edition de outra forma: dando mais atenção ao detalhe e à exploração.

Pequenas inovações à parte como o acender da tocha com touchpad do DS4 ou abrir o mapa com recurso a comandos de voz,  esta Definitive Edition peca pela ausência de novo conteúdo single player. Por mais que inclua todos os DLC lançados para o multiplayer, Tomb Raider nunca foi o multiplayer.  Sentimos falta de mais tombs para explorar, de novas missões ou até de um modo new game plus . São estas ausências que tornam difícil justificar o preço para quem já tenha jogado a versão da geração anterior, mas também não serão estas ausências a fazer com que Tomb Raider: Definitive Edition deixe de ser uma compra obrigatória para quem nunca o tenha jogado na geração anterior.

Veredito

Nota Final - 9

9

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