Análises

Rocket League (Switch)

Um fenómeno movido a foguete

Versão testada: Nintendo Switch

Rocket League é daqueles jogos fáceis de explicar e, por conseguinte, vender. É um jogo de futebol com carros movidos a foguete. Feito. Parece estúpido, mas muitas das melhores coisas na vida são assim.

A verdade é que nas primeiras partidas não é fácil acertar na gigantesca bola, quanto mais fazê-la ir para onde queremos, mas, depois de falhar muitas bolas por largos metros e marcar muitos autogolos, a coisa começa a entranhar-se. Juntar o impulso do turbo à capacidade de saltar e rodar o carro em qualquer direcção deixa-nos capazes de fazer piruetas estonteantes que podem resultar nos golos mais lindos ou nos falhanços mais fantásticos. Jogar Rocket League é uma ciência louca; se, num momento jogo tão mal que não compreendo como é que me deixam aproximar de um comando, outras vezes sinto que nasci para fazer aquilo.

Só o modo “principal”- aptamente intitulado de Soccar – dá para horas e horas de diversão. O estilo de jogo muda de acordo com o tamanho das equipas (podem ir de um a quatro elementos), e há muito a aprender com partidas casuais antes de ir para o lado competitivo, onde se começa a ver como se joga a sério.
Com isto dito, ainda bem que há outros modos para dar um pouco de variedade e explorar as nossas habilidades com o carro de maneiras diferentes. Em Snow Day a bola é simplesmente substituída por um puck (disco de hóquei) e em Hoops o jogo muda de futebol para basquetebol, com cestos a substituírem as balizas. No modo Rumble temos power-ups que tanto podem servir para manipular a bola como outros jogadores; o que se perde em simplicidade ganha-se em ramboia, a ajuda dos itens aleatórios é excelente para nivelar um pouco o campo de jogo quando há uma clara diferença de habilidades. Dropshot é a mais viciante de todas alternativas ao Soccar: em vez de marcarmos numa baliza, temos de desactivar os hexágonos que compõem o chão do lado do oponente e atirar a bola para o “buraco” resultante. Para desligar um hexágono, criando assim uma baliza, este tem que ser danificado duas vezes pela bola da cor da equipa adversária. Um toque com o carro na bola pinta-a com a nossa cor e subsequentes toques por qualquer parceiro de equipa dão-lhe mais energia para que esta danifique mais hexágonos quando embate. Nesta espécie de voleibol com carros, é essencial dominar a bola no ar e, visto que metade do campo é uma baliza, a noção de espaço e posicionamento em campo é completamente diferente do que nos outros modos.

Rocket League está em casa na Switch. Os triggers analógicos – que nos deixariam ter vários níveis de sensibilidade no acelerador – não fazem falta e, para lá dos visuais, o jogo não fica a dever nada às outras versões.
Claro que o jogo levou os seus cortes no departamento gráfico: há menos efeitos e detalhes e a resolução é mais baixa (720p em modo TV e resolução dinâmica à volta dos 576p em modo portátil), mas não posso dizer que pense nisso quando estou a lançar-me no ar a altas velocidades, para depois fazer um pontapé de bicicleta com a carrinha cor-de-laranja do Mr. T numa bola gigante. Especialmente quando posso fazer isso no comboio, na cama ou em casa de amigos e familiares. Mesmo com o seu ecrã pequeno, poder pousar a Switch numa mesa para uma partida rápida ou trinta é fantástico. Dentro ou fora de casa, o jogo é tão capaz nas funcionalidades online como nas outras versões e podemos disputar partidas com jogadores em outras consolas Switch, Xbox One ou no PC. Infelizmente a Sony não se mostrou receptiva à ideia de permitir crossplay com a PS4.

Ouvir amigos a jogar Rocket League não há de ser muito diferente – eu imagino- do que se estivessem a ver o Benfica: muitas profanidades proferidas e aquele “Aaaaahhh!” universalmente reconhecido como “por pouco!”; eu próprio disse coisas que nunca antes saíram da minha boca, como “porque é que não está lá ninguém?”. Devia mencionar que futebol não é coisa que habitualmente me entusiasme muito.

Poder jogar em qualquer lado só traz mais à superfície o melhor de Rocket League. Simples, intuitivo, mas com um skill ceiling altíssimo, é um jogo perigosamente difícil de largar e que tem vindo a ficar cada vez melhor.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Brilhante na sua aparente simplicidade, Rocket League é garantia de risos e gritos. Pode ser mais feio na Switch, mas não fica a dever mais nada às outras versões, ganhando imenso com a portabilidade.

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