Análises

Dragon Ball FighterZ

Um novo inimigo se aproxima...

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Quem diria que aliar um dos animes mais populares de sempre a uma das melhores produtoras de jogos de luta da industria, era uma boa ideia. Dragon Ball existe há mais de 30 anos, e ao longo deste tempo, recebeu inúmeras adaptações para os videojogos. Dragon Ball FighterZ é o mais recente título a ser incluindo neste leque de adaptações, mas consegue fazer duas coisas melhor que qualquer outro jogo Dragon Ball: ter uma apresentação exemplarmente fiel ao material de origem e um bom sistema de luta.

Arc System Works não é um nome estranho dentro da comunidade adepta de jogos de luta. BlazBlue e Guilty Gear são dois bons exemplos de títulos com uma apresentação excelente e um sistema de combate de qualidade. O estúdio pegou em toda a sua experiência passada, e combinou com sucesso o ritmo frenético de uma luta de Dragon Ball a um sistema de 3v3, já para não falar num aspecto visual que quase parece ter sido retirado directamente do anime.

Apesar de todo o caos no ecrã, as mecânicas de combate são simples e fáceis de aprender. Apenas existem quatro botões de ataque e não existem ataques especiais complicados de executar, o que é fantástico, já que o formato 3v3 requer que o jogador utilize três personagens diferentes no combate. Para facilitar ainda mais a aprendizagem, a lista de movimentos é igual em todas as personagens, evitando assim a perda de muito tempo em treinos. Mas apesar desta facilidade de entrada, o sistema de combate é profundo o suficiente para os mais dedicados conseguirem fazer combos complexos, com múltiplas trocas de personagens pelo meio.

As batalhas são rápidas, fluídas e premeiam os jogos mentais, especialmente entre jogadores com um nível de habilidade semelhante. Todo o aparato visual e sonoro, aliado a uma jogabilidade muito competente, faz com que os duelos sejam gratificantes e incrivelmente tipicamente Dragon Ball, onde nem o choque de golpes iguais foi esquecido. Outros pormenores incluem diálogos específicos entre personagens rivais no anime ou ataques especiais que relembram eventos da série, como o Kamehameha do Gohan que acabou com o Cell.

Dragon Ball FighterZ inclui um leque de 24 personagens, o que é um bom número inicial. Entre os indispensáveis Goku, Vegeta e Piccolo, encontram-se algumas personagens pouco ortodoxas, como o Captain Ginyu, que chama os restantes membros da Ginyu Force para o apoiar, ou o Nappa, que tem a habilidade de plantar Saibamen para o ajudar a combater. Também estão presentes personagens do anime Dragon Ball Super, como Beerus, Black Goku e o popular Hit. Embora tenha menos personagens que Xenoverse 2, Dragon Ball FighterZ faz um melhor trabalho a diferenciar cada um dos lutadores, tornando-os verdadeiramente únicos.

O modo história é surpreendentemente melhor do que o esperado. Em vez nos apresentar a mesma história de sempre, Dragon Ball FighterZ tem uma história original. Os eventos decorrem algures entre os arcos da história “Future Trunks” e “Universe Survival” de Dragon Ball Super, e estão divididos em três arcos diferentes, cada um oferendo um ponto de vista diferente e mais contexto. Sem entrar em grandes detalhes, a premissa envolve o aparecimento de misteriosos clones dos lutadores mais fortes do mundo e de uma nova personagem, chamada Android 21. Como se não bastasse, vilões como Frieza e Cell foram ressuscitados.

Tanto para o bem como para o mal, é uma história tipicamente Dragon Ball, ou seja, com cenas de acção, uma boa dose de humor, algumas partes mais secantes e uma tensão crescente até ao derradeiro combate. A história em si não é fantástica, mas é de louvar o esforço e o trabalho colocado em apresentar algo diferente, e o resultado final, é algo que poderíamos muito bem ver no anime. Ainda para mais, estão disponíveis as vozes japonesas, dando ainda mais aquela sensação de que estamos a ver episódios do anime.

O modo história desenrola-se como se fosse um jogo de tabuleiro. Cada capítulo é composto por vários mapas, e o jogadores tem um número máximo de jogadas para fazer até completar o objectivo. Conforme a história vai progredindo, vão sendo desbloqueadas personagens e habilidades, como o aumento de vida, de ataque ou de defesa. Inicialmente, abrir caminho pelo mapa é fácil, pois os adversários não oferecem grande resistência. Isto pode tornar o primeiro arco de história algo secante, mas o objectivo é funcionar como um tutorial e permitir que os jogadores treinem e se habituem às mecânicas.

Mas nos outros dois arcos de história, a dificuldade aumenta progressivamente, e torna-se essencial que os jogadores escolham bem as habilidades. A combinação certa de itens equipados pode tornar uma luta complicada numa luta mais acessível, ou podem servir para evoluir personagens que ainda estejam com um nível abaixo do desejado. No total, completar os três arcos de história pode demorar mais de 12 horas, além de que existem interacções entre personagens para desbloquear.

Os jogadores que estejam à procura de mais conteúdo single-player, têm à sua disposição um modo Arcade com uma abordagem muito interessante e algo fora do normal. Há medida que lutam contra equipas de lutadores temáticas, recebem uma nota classificativa, que dita qual o rumo a seguir. Manter sempre o caminho desejado é algo complicado, o que oferece incentivo à repetição do modo. Além disso, certas batalhas oferecem um bom desafio, servindo de teste para o online.

O modo online também apresenta uma abordagem interessante, diria até charmosa, familiar de quem jogou Guilty Gear Revelator. As salas online permitem que os jogadores interajam entre si com emotes e autocolantes, e serve como um hub central onde é possível aceder a qualquer modo de jogo, seja online ou offline. Cada jogador controla uma versão miniatura de personagens do universo Dragon Ball, existindo imensas variantes para coleccionar.

No que toca aos combates online propriamente ditos, o netcode é bom, não tendo notado lag ou outro tipo de problemas nas partidas que fiz. Mas a nível de opções, fica atrás de outros jogos do género, incluindo jogos da própria Arc System Works. Por exemplo, fazer partidas privadas contra amigos é algo estranhamente trabalhoso, porque não existe uma forma de criar uma sala privada para o efeito, algo normal em quase todos os jogos de luta, nem de convidar os amigos directamente. Em vez disso, é necessário combinar uma região, um servidor e uma sala, criar um Ring Match, e esperar que os amigos se juntem. É um processo exageradamente trabalhoso, e que representa um passo atrás face a outros jogos do género.

Em boa verdade, os poucos defeitos de Dragon Ball FighterZ não são suficientes para manchar a brilhante experiência geral. Trata-se de um jogo de luta que tem a capacidade de agarrar os jogadores mais casuais, que simplesmente gostam de Dragon Ball mas que não costumam jogar este género de títulos, assim como os jogadores mais habituados a andar na pancadaria virtual. Além de ser um dos melhores jogos de luta em formato tag team da ultima década, Dragon Ball FighterZ é também o melhor jogo de sempre baseado no trabalho de Akira Toriyama.

Nota editorial: Cópia fornecida pela Bandai Namco para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

A Arc System Works fez um excelente trabalho a criar um jogo de luta Dragon Ball apelativo a jogadores casuais e a veteranos do género, já para não falar no trabalho exemplar em conseguir captar o estilo visual do anime.

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