Análises

Warhammer 40K Inquisitor – Martyr

Pelo Imperador!

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Como fã de RPGs em geral, foi com algum entusiasmo que enveredei por Warhammer 40K Inquisitor – Martyr. Quero dizer, como poderia recusar um action RPG com câmara isométrica, estilo Diablo, mas num setting sci-fi? Mas prontamente o meu entusiasmo levou com um soco no estômago e as minhas expectativas ficaram em cheque. Ainda antes de chegar ao menu inicial ou ao menu de opções, fui presenteado por uma mensagem inescapável que basicamente me dizia “se queres jogar, cria uma conta Neocore”. Escusado será dizer o quão contraproducente é atirar o jogador para fora do jogo para poder jogar o jogo. Afinal de contas, outros jogos always online não têm este requisito obrigatório. Mas passada esta frustração inicial, continuei em busca de algo positivo, e posso dizer que… bem, o que encontrei deixou-me um misto de emoções.

Talvez seja por os últimos action RPG com este tipo de câmara que joguei terem um estilo fantasia e medieval, mas gostei imenso do estilo sci-fi de Martyr. É verdade que a variedade de cenários poderia ser maior, mas no geral gostei dos diferentes mapas e do ambiente geral mais frio. Foi sem dúvida uma boa alteração ao que estou acostumado a jogar dentro do género, e acredito que os fãs de Warhammer 40K irão gostar da forma como este universo foi representado em Martyr.

Nós somos colocados no papel de um inquisidor, um soldado de elite com uma enorme autoridade, tendo apenas que responder ao próprio Imperador. Por outras palavras, sempre que necessário, somos o juiz, júri e carrasco. Assim sendo, começamos por chegar a uma enorme nave espacial que foi infestada por Chaos mas, como seria de esperar, as coisas fogem ao nosso controlo e a nave simplesmente desaparece através de um portal. Para perceber o que se passa, temos de explorar uma zona da galáxia que também foi infestada por Chaos, significando que vamos matar muitos inimigos até perceber o que está a acontecer.

A primeira coisa a fazer é criar um novo inquisidor. O sistema de criação de personagem não dá total liberdade, pois as três classes pré-determinadas têm o seu próprio design e background. Cada uma enquadra-se no seu próprio arquétipo, sendo Crusader o tanque capaz de utilizar armas e armaduras pesadas, Assassin uma unidade mais móvel focada em ataques à longa distância, e Psyker é o feiticeiro de serviço. Cada uma destas classes tem três especializações, que focam um estilo de combate especifico. Mais tarde, se não estiverem satisfeitos com a vossa build, podem fazer respec à vossa personagem graças a alguns itens consumíveis.

Conforme vamos completando missões, vamos apanhando novas armas, armaduras e acessórios, cujas estatísticas variam. As armas determinam alguns dos ataques disponíveis e é possível levar dois loadouts para as missões, dando para trocar em tempo real no d-pad. A nossa personagem também vai progressivamente desbloqueando perks e habilidades numa skill tree, que começa por estar limitada, mas que depois vai sendo desbloqueada à medida que são atingidos certos requisitos. Isto encaixa muito bem com o loot gerado aleatoriamente e com os restantes sistemas gerais.

O nosso inquisidor tem um nível de poder baseado no equipamento, à semelhança do Destiny ou do The Division. Conforme vamos encontrando equipamento durante as missões, ganhando nas recompensas das missões ou ao criar de origem no hub, o nível de poder da personagem irá aumentar. Isto é importante porque cada missão tem um nível de poder aconselhado. Se estivermos abaixo do nível aconselhando, a missão não se torna impossível, mas fica mais complicada. Importa referir que, ao contrário do que acontece noutros jogos do género, não dá para equipar novas peças ou armas a meio de uma missão. Isso apenas é possível no hub, durante os preparativos.

Os combates em si são também bastante diferentes do que visto noutros títulos. Se alguma vez jogaram ou viram algum gameplay de Diablo 3 , devem ter reparado na acção frenética e na enorme quantidade de coisas que está a acontecer no ecrã ao mesmo tempo. Faíscas, explosões e raios por todo o lado, e inimigos suficientes para encher a imagem. Martyr segue exactamente na direcção oposta. E não digo isto no mau sentido, mas sim como mais um factor diferenciador face às restantes ofertas.

Enquanto Diablo ou Path of Exile dão preferência à combinação de habilidades para tentar limpar enormes grupos de inimigos, Martyr tem um ritmo mais táctico. O posicionamento no mapa e o saber que inimigo atacar primeiro são coisas muito importantes aqui, especialmente em missões mais complicadas. Inclusive, até há um sistema de cover, algo que pode ser útil em missões de alto nível. Ora, mesmo estando habituado ao ritmo mais rápido e dinâmico do Diablo, não me chocou minimamente este estilo mais pausado do Martyr. Contudo, as coisas mudam em modo cooperativo. Para compensar o maior número de jogadores, os inimigos tornam-se mais fortes e ganham mais vida, tornando os combates excessivamente demorados e o ritmo demasiado lento. É algo que precisa de ser ajustado no futuro, porque torna as partidas multijogador algo aborrecidas.

Se há uma vertente onde Martyr realmente desaponta é na parte técnica. Na PS4 Pro, o jogo apresenta dois modos, um em 1080p focado numa frame rate mais estável, e outro focado numa maior resolução (1440p). Mas em qualquer dos modos, a frame rate tem quebras notórias de fluidez, caindo muitas vezes abaixo dos 30fps. Tendo em conta que o jogo não é visualmente assombroso e não existe tanta acção em simultâneo no ecrã, é fácil perceber que se trata puramente de um problema de falta de optimização. E há também outros pormenores menos bem conseguidos. Por exemplo, as legendas são minúsculas e os diálogos das personagens são por vezes cortados pelas barras pretas.

Martyr não é um mau título, mas sim um que precisa de alguma atenção extra. O ambiente geral e o estilo de jogo mais pausado, são aspectos que gostei bastante e que ajudam a diferenciar este jogo dos restantes dentro do género pela positiva. Contudo, a performance é um problema e é imperativo que seja optimizada para tornar a experiência melhor e mais divertida. A Neocore está a planear bastante conteúdo gratuito para os próximos tempos, significando que os pontos fortes do jogo tendem a ficar ainda mais fortes. Resta saber se os pontos fracos também serão melhorados ou não. Apenas o tempo o dirá. Por agora, Martyr é um diamante em bruto.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7

7

A NeocoreGames consegue apresentar um action RPG com algumas ideias interessantes e uma boa representação do universo Warhammer 40K, mas os problemas de performance e outros problemas técnicos deixam mossa.

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