Análises

F1 2018

Na pole position!

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Ainda me lembro do Grande Prémio da Bélgica de 1998, em que mais de metade dos carros se envolveram num enorme acidente nas primeiras curvas, devido às condições muito adversas. Essa mesma corrida acabou com as duas primeiras posições a serem conquistadas pela Jordan, marcando assim a estreia da equipa nas vitórias. E eis que 20 anos depois, continuo a seguir a modalidade. Algumas temporadas são menos entusiasmantes que outras, mas ainda assim, conseguem puxar o meu interesse. O mesmo se passa com os videojogos. Perdi a conta às horas metidas em Formula 1 97, sendo que desde então, pude experienciar alguns grandes títulos e alguns grandes falhanços. E sem surpresa, chegou a hora de pegar no mais recente jogo oficial de Formula 1 vindo da Codemasters.

Indo directamente ao assunto, F1 2018 não é o salto evolutivo na série que gostaria e nem sequer faz mais por conseguir criar uma maior imersão no desporto. As entrevistas, embora agora tenham alguma relevância, acabam por continuar a ter um aspecto forçado e pouco natural, os menus e os grafismos durante as corridas continuam a não ser os oficiais ou sequer parecidos, e entre cada Grande Prémio existe um vazio preenchido apenas por um ocasional evento com carros clássicos. Apesar do esforço de tentar recriar o alarido de um fim de semana com o movimento frenético de pessoas nas boxes e nos bastidores, sente-se a falta de algo mais. Sente-se a falta da celebração da história do desporto, seja com informação, imagens ou vídeos de eventos passados marcantes ou do historial dos carros e equipas. Talvez algo do género venha a ser adicionado em alguma edição futura, mas até agora, os jogos têm tido um salto evolutivo suave.

Dito isto, ficar fixado apenas no que é preciso fazer é fechar os olhos a tudo aquilo que a Codemasters fez de bem. F1 2018 introduz pequenas melhorias em vários departamentos que se juntam para melhorar a experiência geral de jogo face à oferta do ano passado. Uma dessas melhorias não está na pista ou nos carros, mas sim mais em cima. Falo do céu. As nuvens têm um aspecto e movimento mais realista e reagem à luz de forma mais natural. Além disso, existe uma maior sensação de direcção de onde está o sol. Pode parecer estranho estar a dar tanta atenção a isto, mas a verdade é que qualquer alteração feita ao céu ou às nuvens é sentida em todo o jogo. O resultado destas melhorias é a possibilidade de se perceber melhor que nunca a evolução das condições climatéricas ao longo das corridas.

A outra principal melhoria está na condução dos carros. O modelo da suspensão foi ajustado e como resultado, consegue transmitir um maior feedback da pista. Em termos práticos, a suspensão reage de forma mais natural às irregularidades da pista, significando que, por exemplo, uma passagem mais agressiva por cima de um corrector pode fazer o carro desequilibrar-se e entrar em pião. O feedback visual também é mais perceptível, dando para ver as suspensões em constante esforço. E isto é notório quando comparado com o F1 2017. Nem sempre a Codemasters fez alterações com bons efeitos práticos no passado, mas felizmente, F1 2018 é irrepreensível dentro de pista e na forma como transmite a sensação de como é correr com um destes potentes carros. As pistas em si estão fielmente recriadas, embora os limites dos traçados sejam inconsistentes, em particular no modo Time Trial.

Outras pequenas novidades em pista, mas que contribuem para uma melhor experiência, incluem a gestão do uso do ERS (Energy Recovery System), sons dos carros mais potentes e nítidos, e uma IA mais agressiva. Concedo que este último ponto é algo que nem todos vão gostar, mas em F1 2018, a IA consegue atacar e defender de uma forma que era impossível em F1 2017. Este ano, dá para ver a IA a fazer manobras de ultrapassagem ao jogador mais arriscadas ou duelos lado a lado ao longo de vários metros. Na obra do ano passado, sempre que nos colocávamos ao lado de um carro da IA, esse carro abrandava para nos deixar passar. Isso não é bem assim este ano, especialmente em níveis de dificuldade mais elevados. De vez em quando, a maior agressividade da IA causa acidentes, mas no geral, achei que existe um bom equilíbrio entre respeito e agressão.

Fora da pista, os modos de jogo disponíveis não fogem muito aos do F1 2017. Existe o modo campeonato, em que podemos escolher um piloto e equipa, e simular a actual temporada de Formula 1. Depois, existe o modo carreira, onde criamos o nosso próprio avatar e escolhemos por qual equipa queremos correr. Este modo não teve propriamente alterações ou novidades significativas. O sistema de R&D é agora mais simplificado e as tais entrevistas influenciam os preços e eficácia do desenvolvimento das peças. Além disso, se conseguirmos atingir os objectivos propostos, podemos renegociar o contracto, para obter mais pontos bónus ou outros extras. Por fim, o modo multijogador recebeu uma muito necessária novidade, sob a forma de classificação de pilotos que tem em conta a habilidade e o desportivismo de cada um. É algo semelhante sistema ao visto no ano passado em GT Sport, e tem o intuito de separar as águas entre quem quer correr limpo e quem quer levar tudo à frente.

Tal como a actual Formula 1 não é para todos os gostos, a evolução amena de F1 2018 não irá agradar a todos os jogadores. Mas para aqueles que, como eu, ainda se sentem entusiasmados com cada Grande Prémio, F1 2018 consegue oferecer uma boa representação da competição. Apesar de pequenas melhorias, a experiência geral dentro de pista é melhor que nunca, e confesso que me diverti imenso a ajudar a McLaren a obter melhores resultados no modo carreira e a levar a Mercedes à vitória no modo campeonato. Mesmo sem apresentar a evolução que tanto gostaria, F1 2018 é o melhor jogo de Formula 1 que a Codemasters já nos deu.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

F1 2018 não é a evolução que a franquia necessita, mas ainda assim, apresenta uma jogabilidade de alta qualidade e uma boa dose de conteúdo, que passa pela adição de mais carros clássicos.

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