Análises

Call of Cthulhu

Eles andam aí!

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Existem vários jogos que foram buscar inspiração e prestaram homenagem às obras de H.P. Lovecraft, embora nem sempre com os melhores resultados. Bloodborne e Call of Chtulu: Dark Corners of the Earth são dois jogos que melhor souberam utilizar o material de origem para entregar um produto cheio de mistério e horror. Mas a Cyanide Studios, através de Call of Cthulhu, vai mais longe que outros jogos e faz um maior uso dos mitos lovecraftianos.

Um dos melhores aspectos de Call of Cthulhu, e também aquele que mais rapidamente salta à vista, é a constante atmosfera sombria e opressiva apresentada ao longo de toda a aventura, que acerta em cheio naquilo que se esperaria de um título inspirado em Lovecraft. Mas o que é Call of Cthulhu? Se quisermos dar uma comparação, é um título semelhante a Amnesia ou Outlast, mas sem enfoque no combate e com grande ênfase na investigação. Aliás, Edward Pierce, o protagonista, é um ex-militar virado detective privado, mas aqui passa a maior parte do tempo a explorar.

Como dito anteriormente, nós seguimos as pisadas de Pierce, um detective privado que se desloca à cidade de Darkwater para investigar o desaparecimento da filha de um magnata local. Como tal, as capacidades de investigação são cruciais para descobrir os segredos deste local e o que realmente aconteceu. É aqui que entram as habilidades de detective de Pierce, pois há medida que vamos desbloqueando novas funcionalidades, abrem-se diferentes opções durante as conversas com as personagens. As pistas encontradas também afectam as conversas.

Como Call of Cthulhu quase que não tem combate, os Character Points, pontos usados para desbloquear habilidades, são ganhos de forma regular ao longo da campanha. E o jogo força os jogadores a tomar algumas decisões complicadas. Não existem pontos suficientes para colocar todas as habilidades no máximo, e como estas habilidades têm influência nas conversas com os NPCs, há que pensar bem que habilidades queremos mesmo evoluir. E isto é um ponto positivo, pois incentiva a que se faça uma segunda campanha com outras habilidades evoluídas, de forma a ver as diferenças. De referir que o jogo tem finais diferentes.

Embora a maior parte do tempo seja gasto a investigar, Call of Cthulhu atira algumas surpresas pelo meio. Por vezes vão se encontrar num sonho ou alucinação, no corpo de outra personagem ou até pequenas sequências de acção. Os sonhos são excelentes pois conseguem transmitir exemplarmente a atmosfera sombria e misteriosa de Blackwater, assim como toda a loucura típica existente neste mitos. Já as restantes secções não são propriamente boas ou divertidas. Embora dêem alguma variedade, acho que o jogo teria beneficiado se fosse totalmente um jogo de investigação.

Se estão minimamente familiarizados com as obras de Lovecraft, certamente que sabem que a sanidade mental é um factor quando uma personagem entra em contacto com as criaturas alienígenas. E aqui, os acontecimentos ao longo do jogo deixam uma marca na sanidade mental de Edward. No entanto, como outras coisas neste jogo, não foi bem explorado. Nunca é claro o que este sistema influência e qual o impacto real na personagem, nos acontecimentos ao longo da aventura ou nos diferentes finais.

A nível técnico, Call of Cthulhu também é uma mistura entre o bom e o medíocre. As personagens principais têm um voice acting decente, mas os NPCs nem por isso. E a diferença de qualidade nota-se bem. E depois há as animações e expressões faciais, que são muito inconsistentes. É certo que este jogo não é um projecto de alto orçamento, mas ainda assim, é algo que poderia ter sido melhor trabalhado. Já no departamento gráfico, embora não seja visualmente assombroso, é competente e razoavelmente detalhado.

Apesar de todas as falhas e inconsistências, confesso que gostei da minha visita a Blackwater. Talvez seja por gostar dos mitos existentes no material de origem, mas é certo que os problemas, que não são assim tão poucos, acabaram por não me estragar a experiência de jogo. E com cerca de 10 horas de duração, os fãs de Lovecraft têm aqui uma aventura de horror interessante para ver.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7

7

Call of Cthulhu é um jogo que, apesar das suas falhas e inconsistência, faz jus ao horror lovecraftiano. Se forem visitar Darkwater com as expectativas em cheque, irão encontrar uma aventura interessante e misteriosa.

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