Análises

Tom Clancy’s The Division 2

"Hino Nacional"

Versão testada: PlayStation 4 Pro

The Division 1 foi lançado em Março de 2016 e prometia muito. Contudo, a realidade foi outra. Não era um mau jogo, mas era um que no lançamento tinha demasiados bugs que afectavam a experiência geral e tinha muito pouco conteúdo endgame. Cerca de 7 meses mais tarde, a chegada da actualização 1.4 mudou coisas suficientes para se começar a perceber que o potencial presente no jogo estava a começar a aparecer, mas foi a actualização 1.8, lançada em Dezembro de 2017, que realmente finalizou o assunto e que tornou um mau lançamento num título divertido e com muito para fazer. Mais eis que agora chega The Division 2. Será que este jogo cometeu os mesmos erros do seu antecessor?

A resposta é um grande e decisivo “não”. A evolução do primeiro The Division ao longo dos anos foi atribulado e certamente que foi uma lição que a Massive fez questão de aprender e interiorizar para não repetir na sequela. Em essência, The Division 2 foi construído tendo como fundação a versão 1.8 do The Division 1 e, como tal, tem de raiz coisas como World Tiers e High Value Targets. Mas vamos por partes. Washington DC é o palco de fundo de The Division 2. Mais uma vez, nós somos um agente da organização Strategic Homeland Division (SHD), cujo propósito é garantir a continuidade do governo em caso de uma emergência catastrófica. Isto quer dizer que vamos patrulhar as ruas da cidade e enfrentar diversas facções em busca de recursos para ajudar na missão da organização e para ajudar a população da cidade.

A narrativa em si não é grande coisa. Já não era no primeiro título e a sequela não faz nada de melhor neste departamento. Não só as personagens têm pouco tempo de antena, como o tempo de antena que têm não é utilizado para as caracterizar de forma minimamente decente, resultando em personagens totalmente genéricas. Se é verdade que a narrativa é medíocre, a campanha em termos de jogabilidade é o oposto. Vamos passar por uma panóplia de locais e de situações, que vão testar a nossa destreza táctica. As missões são longas e são bem estruturadas para não darem a sensação de que se arrastam em demasia. E quando pensam que a campanha chegou ao fim, eis que se apercebem que ainda há mais pela frente.

Após terminada a última missão, que levou a que as facções Hyenas, Outcasts e True Sons ficassem enfraquecidas, um novo grupo, chamado Black Tusk, invade a cidade e conquista os Strongholds e os locais de missões passadas. Este grupo de mercenários é uma espécie de fusão entre LMB e Hunters, do original The Division, o que significa um forte arsenal e muitos gadgets. E isto marca também a passagem para os World Tiers. Conforme se vai completando as novas missões, vamos subindo de World Tier até chegar ao World Tier 4, que é o máximo actual. Sempre que isto acontece, os inimigos ficam mais fortes, mas a qualidade do equipamento também aumenta.

É no World Tier 4 que a busca por melhor equipamento realmente começa, e existe muito que fazer. Temos a opção de repetir missões de história num nível mais elevado para receber mais recompensas, conquistar Control Points que nos premeiam loot no final, caçar High Value Targets, procurar partes de armas exóticas e visitar a Dark Zone, a área PvEvP que regressa novamente. Mas aquilo que achei ainda mais interessante, especialmente quando comparado com um outro looter shooter lançado recentemente, é que até as actividades mais simples, como salvar reféns ou desligar altifalantes, oferecem uma quantidade decente de loot. Por outras palavras, The Division 2 respeita o tempo dos jogadores, e mesmo sessões curtas de jogo permitem melhorar a build. E em breve vai ser desbloqueado o World Tier 5, o que significa ainda mais objectivos para perseguir.

A nível de jogabilidade, The Division 2 é um cover shooter, tal como o seu antecessor, mas esta vertente é agora mais vincada. É necessário saber utilizar a protecção dos cenários em nosso benefício e ir mudando de local para nos protegermos dos inimigos que constantemente tentam flanquear ou dos inimigos que ficam mais atrás a atirar granadas. Além disso, a cura não é tão efectiva e o simples uso de um armor kit demora alguns preciosos segundos, ao contrário do que acontecia no The Division 1 em que isso era usado de forma imediata. Ao início foi preciso reajustar o meu estilo de jogo a estas diferenças, especialmente porque a última build que usei no The Division 1 foi uma do Shiled com o gear set D3-FNC, mas assim que me habituei, tornou-se natural e igualmente intenso enfrentar todas as adversidades que me apareceram à frente.

Por falar em adversidades, podem jogar The Division 2 completamente sozinhos, mas se sentirem dificuldades, podem fazer actividades com outros jogadores. Todas as missões principais, incluindo as missões Invaded que aparecem nos World Tiers, têm matchmaking à disposição. As missões secundárias e as actividades opcionais não têm matchmaking directo, mas é possível pedir auxílio em caso de morte. Isto fará com que um outro jogador se junte à sessão e ajude a completar essa actividade. É uma funcionalidade interessante, pois funciona como uma espécie de quick play para uma sessão rápida e para mais uma possibilidade de se receber uma boa recompensa. De referir também que The Division 2 tem um sistema de clãs, o que ajuda na hora de organizar uma sessão de jogo em grupo.

Visualmente, este é um jogo belo e com uma grande atenção aos detalhes. Contudo, acho que as ruas mais largas e solarengas de Washington DC não têm a mesma atmosfera e desespero que as ruas de New York tinham no primeiro The Division. Não estou a dizer com isto que o cenário é mau, mas sim que não tem o mesmo impacto do que se viu no jogo anterior. Ainda assim, gostei imenso de explorar todos os cantos da cidade e visitar alguns lugares bem conhecidos do público, e no geral, foi feito um bom trabalho na tentativa de passar a imagem de que o caos reina na cidade. E é preciso destacar a excelente componente sonora do The Division 2, pois quer a música que acompanha a acção, quer os efeitos especiais ou os efeitos ambientais, são de grande qualidade.

A minha jornada no The Division 2, que na altura de escrita deste artigo já ia em 68 horas, foi muito agradável, mais até do que a beta tinha deixado antever. Contudo, não foi isenta de percalços. Durante estas dezenas de horas de jogo tive a minha dose de bugs e glitches, que foram de coisas sem grande importância como objectos a flutuar, a coisas bem mais sérias como entrar numa sala no subsolo e o cenário desaparecer por completo. Pelo meio ainda me deparei com uma situação em que não conseguia descer por uma corda pois era constantemente teleportado de volta para o topo, e encontrei algumas barreiras invisíveis que devem ter ficado esquecidas pela equipa de produção. Além disso, parece-me que a dificuldade precisa de ser ligeiramente ajustada, pois os inimigos batem demasiado forte, mesmo tendo uma build razoavelmente optimizada.

A Massive fez questão de não repetir os mesmos erros cometidos no primeiro título, e como tal, nota-se que The Division 2 é uma verdadeira sequela. A campanha faz um bom trabalho em apresentar o mundo e os diferentes sistemas aos jogadores, enquanto que o endgame oferece bastante conteúdo e uma boa variedade de actividades para completar. A narrativa é fraca e existem alguns problemas a corrigir, mas The Division 2 é um bom looter shooter que não se acanha em dar loot e em incentivar os jogadores a procurar mais loot, mantendo este ciclo em constante movimento. A roda não foi reinventada, mas a fórmula do primeiro The Division foi refinada com o intuito de tornar The Division 2 num produto o mais completo possível. Bem, missão cumprida.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

The Division 2 não é perfeito, mas é um bom looter shooter que oferece muito para fazer e muito loot para apanhar.

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