Análises

The Outer Worlds

Bem vindos ao futuro.

Versão testada: PC

Desde o momento em que damos os primeiros passos no planeta distante da Galáxia Halcyon, que percebemos que The Outer Worlds é um RPG de acção com grande potencial face a um ambiente envolvente de ficção científica, com muito humor, personagens com carisma e uma constante e permanente necessidade de realizar escolhas que podem influenciar a direcção que pode levar a história que vamos desvendando.

O potencial de The Outer Worlds é marcado pela experiência da Obsidian Entertainment em RPG´s de renome e que ganharam o respeito e o elogio de muitos jogadores com Fallout: New Vegas, Alpha Protocol e Knights of The Old Republic 2 e torna-se evidente que os traços na abordagem tradicional a este tipo de jogabilidade estão aqui cimentados pela experiência adquirida nos lançamentos anteriores.

The Outer Worlds passa-se num futuro alternativo motivado por um acontecimento real do passado que nunca se concretizou, o que veio a alterar o destino e futuro da humanidade. Em concreto, as grandes corporações financeiras e económicas ganharam todo o poder absoluto e começaram a colonização de outros planetas em várias galáxias para conseguirem, de modo ganancioso, o máximo do lucro. A gerir todas estas grandes corporações está uma misteriosa entidade global, “O Conselho”, que é considerado o proprietário de todos os planetas da galáxia e ao qual todos devem obediência e cumprimento dos deveres burocráticos e administrativos. Mas o cenário não é pacífico e nos vários planetas, múltiplas facções rebeldes procuram vias alternativas a esta realidade totalitária. É assim neste cenário futurista totalitário que somos enviados numa nave para os confins da galáxia Halcyon e onde somos acordados por Phineas Welles, um cientista procurado pela justiça, depois de um longo estado criogénico na colónia espacial mais distante do Planeta Terra.

No melhor espírito de um RPG tradicional, somos inicialmente um protagonista sem rosto ou sexo definido e compete-nos efectuar todas as escolhas que caracterizem ao nosso gosto, mediante as opções disponíveis, o respectivo nome e todos os traços físicos e psicológicos que irão moldar a personagem central do jogo. Neste aspecto, além da aparência física, podemos distribuir pontos entre as várias habilidades sociais e de combate, o que permitirá influenciar o modo como o nosso herói conseguirá interagir com o mundo que o rodeia. Esta interacção pode ser diversificada e as opções de diálogo disponíveis, onde somos um protagonista silencioso, permitem desde logo percepcionar que podemos direccionar ou influenciar a conversa para determinado objectivo e assim tornar as escolhas certas para motivar um impacto ou consequência pretendida. O que nem sempre corre bem. As próprias escolhas que vamos fazendo, não podem ser simplificadas numa dicotomia de decisões certas ou erradas, na medida em que nós próprios vamos optando por uma moral e ética necessária para se atingir os fins. Se, por exemplo, logo numa das missões iniciais, somos confrontados com a necessidade de cortar a energia a toda uma colónia ou apenas a um grupo de rebeldes, podemos fazê-lo optando por uma via pacífica da negociação ou entrar a matar, sem piedade e sem remorsos. Mais tarde, podemos voltar atrás e ver o resultado das nossas escolhas na dinâmica do local. Neste aspecto, como um bom RPG deve ser, o jogo está repleto destes momentos de decisão e escolhas morais de causas e consequências.

Os diálogos e voice acting estão em muito bom nível. O humor é muito refinado e somos sempre confrontados com alguma ironia ou apontamento que nos faz questionar na mestria certeira de algumas observações. Mesmo com uma quantidade infindável de opções de diálogo, existe sempre novidade nos temas ou conversas e não nos cansamos com qualquer eventual repetição das piadas ou das conversas. Muito ambicioso e bem conseguido.

Para a diversidade e densidade do jogo contribui a possibilidade de recrutar vários companheiros que nos são leais e que nos irão suportar nas abordagens aos vários planetas. Apesar de podermos levar na nossa nave até 6 parceiros, estamos limitados em cada planeta e saída da nave a uma escolha máxima de 2 companheiros, os quais têm características diferenciadas entre si e aos quais também podemos ir distribuindo pontos de melhoria nas suas várias características sociais ou de combate e assim ir moldando as personagens com o que achamos ser mais adequado para nos ajudar.

De um modo geral, a abordagem ao jogo pode ser feito de um modo mais stealth ou mais combativo. Se existem momentos em que dificilmente podemos evitar o confronto, quando este acontece podemos lutar mais corpo-a-corpo, ou com armas à distância. As opções disponíveis são muitas, sejam elas pela imensa diversidade de armas, as quais podem ser melhoradas, armaduras, várias habilidades, poderes e acessórios. Como exemplo, um poder que temos logo disponível de início é a possibilidade da distorção temporal, o que nos permite optar por atacar as partes vulneráveis dos nossos inimigos de um modo mais estratégico e com maior precisão. Este poder, como outros, podem ser melhorados ao longo do jogo com os pontos que vamos recebendo e descobertas que vamos efectuando.

Apesar de tudo, o combate é uma das características do jogo menos bem conseguidas. Mesmo tendo uma diversidade de abordagens, o sistema de combate é relativamente simples e a dificuldade, mesmo em “normal” é muito baixa. Quem quiser um jogo mais desafiante neste aspecto é aconselhado em aumentar a dificuldade para “hard”, para que tudo não seja um simples “passeio no parque”.

Como aspectos muito positivos, temos o intrincado sistema de escolhas e consequências, que levam a que uma missão principal se possa desdobrar em várias missões secundárias com objectivos que vamos obtendo mediante as nossas decisões e escolhas que fazemos. O jogo é ambicioso e não falha neste aspecto. A própria arte do jogo, com planetas com várias características diferenciadas mas sempre muito coloridas e vivas, a modelagem dos vários ambientes dos locais, com traços gráficos de Bioshock, dão uma imersão muito interessante apenas cimentam as muitas características interessantes deste título. Sem qualquer problema técnico nas cerca de 25 horas que demorei a completar o jogo principal (tendo deixado algumas missões secundárias por cumprir), tendo por base o PC utilizado, o jogo está bastante bem optimizado e sem aspectos negativos a ressalvar.

Em suma, The Outer Worlds é um jogo bastante ambicioso que consegue cumprir com a missão de ser um jogo bastante denso e diversificado, divertido e cativante, fiel aos traços de um RPG tradicional, mas com alguma inovação e que me deixa na expectativa das ideias originais que irão resultar da Obsidian nos seus projectos futuros.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Sistema utilizado: AMD RYZEN 5 1600X 3.6GHz, NVIDIA GeForce GTX 1080 Ti, 16GB Ram DDR4, Windows 10

Veredito

Nota Final - 9

9

The Outer Worlds vai buscar alguma inspiração a séries que foram perdendo o rumo ao longo do tempo e consegue entregar uma experiência ambiciosa e cativante.

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