Análises

Dreams

Torna os teus sonhos em realidade.

Versão testada: PlayStation 4 Pro

O que é Dreams? Dreams é a evolução natural do conceito apresentado pela Media Molecule com LittleBigPlanet. O que se faz em Dreams? Tudo o que se quiser. Bem, tiradas estas duas perguntas excessivamente frequentes do caminho, Dreams é um jogo que oferece uma campanha envolvente e emotiva, mas que também oferece poderosas ferramentas criativas. Pode-se dizer que esta é uma verdadeira mistura entre videojogo, arte e criatividade. Talvez seja um pouco cliché, mas este é um daqueles jogos que precisam de ser experimentados para se compreender verdadeiramente o que são e o quão bons são.

Tal como os LittleBigPlanet, a versão final de Dreams inclui uma campanha chamada “O Sonho de Art”, uma aventura onde iremos seguir as pisadas de Art, um ex músico de Jazz, que tenta fazer as pazes com os seus colegas de banda, ao mesmo tempo que lida com os seus sentimentos e com as consequências das suas acções. Esta jornada narrativa emotiva foi muito bem construída e apresentada, e oferece vários segmentos com tipos de jogabilidade diferentes. Num momento jogamos uma secção de point and click com um estilo fortemente inspirado em jazz, para depois jogarmos uma secção de aventura protagonizado por um pequeno robô chamado D-Bug. Esta campanha surpreendeu-me bastante, não só pela criatividade demonstrada, como também pela execução dos diferentes elementos. Além disso, “O Sonho de Art” faz um excelente trabalho a demonstrar o que é possível criar em Dreams e a motivar os jogadores para fazerem as suas próprias criações. Isto porque esta campanha foi criada com as mesmas ferramentas que o jogo nos oferece.

É verdade que construir coisas e transferir as nossas ideias para algo concreto demora tempo, mas Roma não se fez num dia. Não há grande diferença entre meter dezenas ou mesmo centenas de horas num RPG ou meter um igual número de horas a construir algo em Dreams. São duas coisas sinónimas de diversão. E construir coisas em Dreams não só é divertido, como também surpreendentemente intuitivo. As ferramentas foram cuidadosamente desenhadas para oferecerem diversas funcionalidades mas que, ao mesmo tempo, fossem fáceis de interiorizar.

A minha experiência com estas ferramentas tem sido um verdadeiro processo de aprendizagem. Quando começamos um projecto, é fácil ficarmos bloqueados sobre o que fazer e como executar as ideias, tal a quantidade infindável de coisas que podemos fazer. Felizmente, o jogo oferece um leque vasto de tutoriais que cobrem os básicos das ferramentas. Estas lições são bastante completas a fazem um bom trabalho a ensinar coisas como, por exemplo, fazer formas simples, criar música e construir lógica. É verdade que nem todos irão conseguir fazer boas criações, mas isso não será por culpa da forma como as ferramentas foram implementadas e nem pela qualidade dos tutoriais. Vão precisar de várias sessões até compreenderem tudo como dever ser, mas é impossível negar o quão bem tudo foi pensado.

Com alguma perseverança e dedicação, vão lentamente começar a perceber como usar as ferramentas da melhor forma e, eventualmente, a criatividade vem ao de cima para dar origem a coisas fantásticas. O primeiro projecto que os jogadores farão deverá ser algo simples, que é para irem ganhando prática na utilização das ferramentas, mas posteriormente, podem tornar-se mais ambiciosos nos seus projectos. Construir projectos complexos e fazer com que todas as secções se unem de forma perfeita, oferece um olhar diferente sobre o desenvolvimento de videojogos, porque ficamos com uma ideia do trabalho e dedicação necessários. E verdade seja dita, ultrapassar um obstáculo técnico ou uma barreira criativa oferece uma enorme sensação de satisfação e orgulho.

As criações podem ser feitas com três esquemas de controlo diferentes: com comandos Move, com o Dualshock 4 com o sensor de movimentos, e Dualshock 4 com o uso dos analógicos. Os comandos Move talvez facilitem um pouco o processo quando se quer fazer algo à mão livre, mas no geral, qualquer um deles funciona bem e permite fazer tudo. Além disso, também é possível ajustar alguns parâmetros, como a sensibilidade do cursor e da câmara.

No modo DreamSurfing, que é uma espécie de Youtube do Dreams, ganhamos acesso ao Dreamiverse onde podemos descobrir e jogar as criações de outros utilizadores. E algumas dessas criações são de deixar cair o queixo. Dreams esteve em Acesso Antecipado desde Abril do ano passado, como tal, quem entrar agora na versão final do jogo, já terá conteúdo de qualidade feito pela comunidade. Um desses é exemplos chama-se Ball World Adventures, que tem umas certas semelhanças com Marbles on Stream. Outro exemplo chama-se Vecta Majoris, um projecto da própria Media Molecule, que é um shooter espacial estilo Everspace. Ou então, Beech Pool, um jogo de bilhar com um aspecto visual e físicas bastante realistas. E a estes exemplos juntam-se muitos outros, de vários géneros diferentes.

Talvez tenha sido demasiado cínico para com a premissa inicial deste jogo, especialmente pelo tempo que esteve em produção e pela ambição demonstrada pela Media Molecule, e talvez seja essa a razão que me levou a ficar tão surpreendido com a experiência que final de Dreams. A vasta gama de experiências já disponíveis no Dreamiverse garantem que cada sessão será diferente e que oferecerá algo especial. E quer tenham vontade de criar alguma coisa ou apenas queiram jogar pequenas experiências feitas por outros, a verdade é que Dreams oferece um pouco de tudo para todos os gostos. A Media Molecule levou o seu tempo a desenvolver este título, e mesmo com uma ou outra aresta por limar, nota-se que esse tempo compensou. Dreams não só é um dos melhores jogos da PlayStation 4, como é uma experiência verdadeiramente única e refrescante.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9.5

9.5

A quantidade de opções dadas ao início pode ser esmagadora, mas passada essa fase, Dreams torna-se numa experiência única. A campanha é de alta qualidade e quase que vale o preço de entrada por si só, e as ferramentas de criação são intuitivas e bem explicadas. Já tinha dito que Dreams é uma experiência única?

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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