Análises

Clubhouse Games: 51 Worldwide Classics

Clássicos analógicos em formato digital

Versão testada: Nintendo Switch

Tenho uma confissão a fazer: eu não sabia jogar xadrez. Ensinaram-me uma vez há vinte e tal anos, joguei uma vez e, de alguma maneira, sobrevivi até agora sem alguma vez me encontrar numa situação em que me visse forçado a jogar. Há jogos que uma pessoa deve saber jogar: damas, xadrez, Tetris e Pac-Man. Posso não vir a ser bom a nenhum, mas raios se não vou aprender a jogar xadrez! Se fosse japonês, talvez devesse saber jogar shogi, go, Tetris e Pac-Man. O que interessa aqui é que toda a gente devia saber jogar Tetris e Pac-Man e que jogos são uma parte enorme de cada cultura há muito, muito tempo.

À primeira vista, Clubhouse Games: 51 Worlwide Classics pode parecer uma compilação de jogos antigos que só saiu para encher chouriços até ao próximo grande lançamento, mas, tal como certos jogos aparentemente simples se revelam complexos, algo que parece insípido pode surpreender. Clubhouse Games: 51 Worlwide Classics junta cinquenta e um (surpresa!) jogos clássicos como dominós, xadrez, shogi, go, blackjack ou solitário num pacote simples, mas muito polido. Clubhouse Games não é como os outros jogos de festa da Nintendo como Mario Party ou Nintendo Land, a rebentar com cores, barulhos estridentes e vida; aqui a apresentação é mais contida, simples, mas sem ser neutra ao ponto de ser aborrecida. Podemos visitar um globo onde aparecem pessoas em forma de pequenos bonecos que nos introduzem a vários grupos de jogos, baseados em critérios como “jogos de azar” ou “bons para jogar num avião”. Ao jogar clássicos como Mancala, Hanafuda e Mahjong, desbloqueamos pequenos pedaços de informação sobre a história dos jogos e lembramo-nos de que pessoas do outro lado do mundo cresceram com jogos tradicionais diferentes, mas que, ao mesmo tempo, todos partilhamos este hábito de jogar. A Wikipedia diz que jogos foram usados em civilizações antigas para ensinar lições espirituais e éticas e para desenvolver pensamento estratégico e habilidade mental pela elite política e militar. Hoje usamos os jogos para nos agacharmos vezes e vezes sem conta sobre a cara do avatar digital dos nossos inimigos derrotados.

Cada jogo tem vários níveis de dificuldade e já fiz a minha paz com o facto de que simplesmente não está no meu futuro ganhar certos jogos. Não há grandes prémios para lá de medalhas; há apenas os pequenos pedaços de trivia que o jogo nos mostra à medida que jogamos. Jogar é a sua própria recompensa. Podemos entrar em qualquer jogo imediatamente, mas também podemos ver um pequeno vídeo introdutório onde várias pessoas-boneco nos explicam, muito rápida e apelativamente, as bases dos jogos, que também podem ser consultadas em qualquer altura, sob a forma de bullet points extremamente acessíveis, se bem que não sei se é possível tornar Riichi Mahjong acessível. Outra grande ajuda é a opção de ligar uma assistência que nos indica que jogadas podemos fazer, útil para quando se está a aprender.

É um cliché dizê-lo, mas Clubhouse Games: 51 Worlwide Classics é definitivamente perfeito para a Switch. É óptimo poder jogar bowling na TV com um grupo de amigos e usar os Joy-Cons para atirar a bola, da mesma maneira que usámos os comandos da Wii no Wii Sports. Ter a Switch em modo portátil como um tabuleiro de xadrez no nosso colo é uma excelente maneira de passar o tempo enquanto estamos no sofá a “ver” aquela série que não nos interessa assim tanto. Umas sessões de matraquilhos ou air hockey são sempre divertidas, blackjack sem dinheiro em jogo é mais seguro e mahjong é… bem, ainda não percebi como é que funciona. Apesar de haver alguns limites, os jogos funcionam com vários métodos de controlo, como os dardos que podem ser controlados por movimento com os Joy-Cons, ou deslizando o dedo no ecrã a jogar em modo portátil.

O ideal é jogar com outros, mas isso não é possível para toda a gente. Felizmente também podemos jogar contra a Inteligência Artificial- que chega a ficar bem difícil- ou online. 44 dos 51 jogos funcionam online, mas só alguns funcionam com quatro jogadores, a maioria dos jogos estão limitados a dois jogadores online. Para jogar com qualquer pessoa escolhemos três jogos que queremos jogar e um símbolo ao pé dos jogos indica se já há pessoas à espera para jogar esses jogos. É um sistema razoável e funciona sem problemas, mas também tem pouquíssimas opções e não tem qualquer capacidade de comunicação. É pena que esta componente não tenha sido actualizada desde que o jogo saiu, uma vez que vivemos numa altura em que é muito difícil estar no mesmo espaço do que outras pessoas.

Habituados a toda a complexidade e componente artística dos videojogos, é fácil não dar conta de que, de uma maneira ou outra, muitas das suas bases vêm de (ou têm semelhanças com) jogos clássicos como os que jogamos aqui. Nada substitui um tabuleiro de xadrez verdadeiro, um lançar de dados ou pegar numa pequena peça e movê-la uma, duas, três casas, mas isso não quer dizer que não seja prático e divertido ter um pequeno tabuleiro com 51 jogos sempre connosco, que também pode ser visto na TV.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

Clubhouse Games: 51 Worlwide Classics é uma colecção muito polida e uma excelente forma de conhecer e aprender jogos clássicos. Os modos multiplayer não são muito robustos, mas não deixam de dar para horas e horas de diversão.

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