Análises

Death’s Door

Quando o Ceifador bate à porta

Versão testada: Xbox Series X
Disponível para: PC, Xbox Series X/S, Xbox One

Death´s Door, o novo jogo da Acid Nerve, publicado pela Devolver Digital, coloca-nos na pele de um pequeno corvo, cuja missão é ceifar as almas dos mortos e entregá-las ao seu destino final. A premissa do jogo, apesar de parecer sinistra e sombria, permite a vibrante descoberta de estranhos mundos marcados por muitos segredos, perversos seres e missões de bastante perigo que vão colocar à prova as capacidades de combate do nosso pequeno protagonista.

Trabalhando para o burocrático Comité dos Ceifadores, uma zona de estética sombria, a preto e branco, de traços que lembram a arte de Tim Burton e que serve de hub do jogo e onde se houve o dedilhar das máquinas de escrever dos registos administrativos, o nosso silencioso protagonista começa por ter uma tarefa atribuída que implica apanhar uma alma gigante e entregá-la para a morte definitiva. Apesar da tarefa parecer realmente dantesca, quando termina a batalha, que enquadra o tutorial inicial, somos surpreendidos por alguém que nos rouba essa alma, o que nos inicia na missão de resolver esta delicada equação da misteriosa Porta da Morte, de modo a restabelecer o equilíbrio administrativo que a permita abrir e enviar essa alma para o além, restabelecendo a ordem natural das coisas. Aqui, começa a aventura do nosso dedicado corvo que implica recolher 3 almas gigantes, que querem fugir do seu destino final, em três reinos diferentes e de estética distinta, acedidas por portas de passagem que se vão desbloqueando, mediante o progresso feito, na zona do Comité dos Ceifadores.

Claramente inspirado pela série Zelda, nas suas mecânicas de jogo e com níveis desenhados em torno da lógica metroidvania, Death´s Door assenta numa perspectiva isométrica e onde o progresso no jogo decorre da exploração dos mundos e combate com inimigos diversos, utilizando armas como a espada, um chapéu de chuva, flechas ou magia, que se vão desbloqueando ao longo da nossa aventura. As próprias capacidades de combate e atributos das armas como a força ou a agilidade, por exemplo, podem ir sendo melhoradas à medida que vamos ganhando pontos que permitem a troca dos mesmos no hub central. Devo indicar contudo que, estas melhorias de atributos não são muito objectivamente sentidas ao longo do jogo o que será algo a ter em conta e referir. De qualquer modo, nada é demasiado complexo e tudo é bastante intuitivo e de fácil apreensão.

Não existindo níveis de dificuldade e onde o nosso personagem, que não tem a capacidade de saltar, baseia a sua deslocação em zonas de acesso específicas, teremos que utilizar toda a capacidade de combate disponível, sobretudo na aproximação aos inimigos e utilização de armas com disparos à distância e, não existindo um botão de dash, fazendo muito uso do roll para escapar dos ataques de precisão. Os combates são muito satisfatórios, com destaque para os desafiantes bosses do jogo e com variedade suficiente para manter o interesse ao longo do nosso progresso. Nas várias zonas do jogo vamos também encontrando sementes que podem ser colocados em jarros que permitem fazer recuperar vida, para além de caixas que podem ser destruídas e que permitem recuperar stamina. Nas 3 diferentes zonas dos mundos de Death´s Door, quando conseguimos matar o boss de cada nível, vamo-nos deparar com uma zona onde está um baú, onde somos comidos e enviados para um desafio que é praticamente um survival mode e que permite, após superação do objectivo, ganhar novas habilidades. É todo este conjunto de características de evolução que enquadram Death´s Door e mantém o interesse no progresso.

Durante as 12 horas que demorei a terminar o jogo, nunca senti aborrecimento por alguma repetição dos ataques dos inimigos e sempre tive interesse em progredir, através das novas habilidades ganhas para conseguir ir desbloqueando atalhos que permitiam um rápido acesso a zonas anteriormente bloqueadas. Dever-se-á referir também que tecnicamente, o jogo está irrepreensível e sem nada que tenha a apontar pela experiência que tive.

Apesar de tudo devo indicar que, a apontar algum aspecto mais negativo este assenta sobretudo no facto de não existir qualquer mapa ou mini mapa ao longo dos níveis. Para alguns, este aspecto pode ser mais incomodativo e obrigar a fazer alguma exploração adicional para encontrar o caminho adequado. Tendo em conta a velocidade relativamente reduzida do nosso protagonista, em certos momentos, podemos sentirmo-nos um pouco perdidos no caminho a tomar e sem dúvida que o jogo iria beneficiar bastante da existência opcional de um pequeno mapa que permitisse obter algumas referencia mais imediatas que clarificassem de modo mais objectivo os pontos ou caminhos a escolher para evitar exploração desnecessária assente apenas na necessidade de chegarmos aos vários pontos dos níveis. Não é algo que estrague a experiência de jogo, mas será algo a ter em conta para melhoria da mesma. Apesar de tudo a própria exploração é recompensada com acesso a zonas secretas, onde podemos recolher sementes, itens perdidos e orbs que podem depois ser trocadas no Comité dos Ceifadores para melhoria dos atributos. Do mesmo modo, à medida que vamos desbloqueando as portas no hub central, para acesso às 3 áreas distintas do jogo, existirá sempre o incentivo em descobrir zonas e locais anteriormente inacessíveis.

Para maior envolvimento o longo da nossa aventura devo destacar a excelência da banda sonora que marca, de modo e intensidade variada a exploração e combates. Está efectivamente muito bem conseguida e sem dúvida é também um ponto alto do jogo, que lhe dão uma roupagem de enorme qualidade para melhor envolvência.

Death´s Door é, para mim, uma das surpresas deste ano e que merece destaque por toda a sua qualidade, atenção ao detalhe e mestria em tornar um tema sombrio e sinistro, num jogo altamente divertido e viciante pelo interesse que cria em progredirmos ao longo do mesmo.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Death's Door provou ser uma grande surpresa e é um título de grande qualidade e atenção ao detalhe.

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