Análises

Uncharted: Legacy of Thieves Collection

Dois jogos com muita acção e aventura

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5

Uncharted é uma das franquias mais populares da PlayStation, como tal, não é de estranhar que as duas mais recentes entradas na série, Uncharted 4: A Thief’s End e Uncharted: Lost Legacy, tenham feito a sua transição para a PS5 através de Uncharted: Legacy of Thieves Collection e beneficiado de uma melhor performance e de funcionalidades específicas da nova consola da Sony. Como é reviver estas aventuras na PS5?

Lançado em 2016 para a PS4, Uncharted 4: A Thief’s End visa ser o final da carreira de ladrão de Nathan Drake. Nathan abandonou esta vida aventureira e perigosa para ter uma vida mais normal ao lado de Elena, mas o destino tinha outras ideias e forçou-o a regressar ao submundo para uma última aventura de cariz muito pessoal e de alto risco. O tom do jogo é diferente daquele visto nos títulos anteriores. O Nathan de A Thief’s End é emocionalmente mais frágil do que alguma vez foi na franquia devido ao que está em jogo, e os próprios vilões não são as típicas personagens em busca de poder só porque sim. Rafe é um menino mimado que quer deixar a sua marca na história a qualquer custo e Nadine quer recuperar a credibilidade da sua companhia de mercenários.

Por sua vez, Uncharted: Lost Legacy foi lançado em 2017, também para a PS4, e tem como protagonista Chloe Frazer, personagem conhecida pelos fãs da série, que embarca numa aventura à Índia para encontrar a Presa Dourada de Ganesh, um artefacto lendário do Império Hoysala. No entanto, esta é uma aventura que tem ligações ao passado de Chloe e que lhe vai ressuscitar muitas memórias. Chloe é acompanhada por Nadine que, depois dos eventos de A Thief’s End, procura outros caminhos. Ambas as personagens têm motivos pessoais investidos na aventura que serão devidamente explorados ao longo do jogo.

Como cada título tem o seu conjunto de protagonistas, a dinâmica entre personagens é consideravelmente diferente. Em A Thief’s End, Nathan é acompanhado pelo seu fiel parceiro Sully, significando que existe uma dinâmica de equipa semelhante à encontrada nos jogos que antecederam este. Por sua vez, Lost Legacy tem a dupla Chloe e Nadine, com uma dinâmica muito diferente. Diferente, mas não má. Esta é uma parceria improvável nascida de necessidade entre duas pessoas que não confiam uma na outra. Chloe sabe do “encontro” de Nadine com Nathan e Nadine sabe da relação de Chloe com Nathan. Existe muita desconfiança ao início, mas há medida que a campanha vai progredindo, as duas começam a conhecer-se melhor e a compreender os motivos por detrás das acções, e no fim, é a dupla que apresenta um maior desenvolvimento.

Ambos os jogos mantêm o estilo tradicional da série, ou seja, secções de puzzles/túmulos misturadas com secções de combate e alguns set pieces épicos pelo meio. Em certos aspectos, Uncharted consegue desempenhar melhor o papel de Tomb Raider que os jogos Tomb Raider mais recentes, principalmente Lost Legacy, na medida em que a experiência é coesa e é empurrada por um leque de personagens muito interessante. A Thief’s End é o mais longo desta colecção, tendo uma campanha com cerca de 15 horas de duração. Lost Legacy é uma experiência mais compacta, com cerca de 8 horas de duração, ou seja, uma longevidade semelhante à dos Uncharted da PS3. Apesar de ser mais curto, Lost Legacy não é uma experiência inferior; muito pelo contrário, já que corrige alguns dos aspectos mais criticados de A Thief’s End, nomeadamente escaladas demasiado longas e excesso de situações que obrigam a empurrar caixotes.

Para quem nunca jogou um título desta franquia, Uncharted são jogos de acção na terceira pessoa, mas que incentivam a que os jogadores se movimentem pelo mapa nas sequências de tiroteios ao invés de ficarem estacionados num único sítio. Isto é ainda mais verdade em A Thief’s End e Lost Legacy, com a introdução da mecânica de gancho que acaba por conferir ainda mais mobilidade às personagens e abrir o leque de opções. Tirar o máximo partido do cenário é extremamente importante na hora de enfrentar os inimigos, principalmente quando começam a surgir combinações de tipos diferentes de inimigos e quando se joga em níveis de dificuldade mais alta.

Por essa razão, as melhorias técnicas presentes nestas versões remasterizadas são muito bem vindas. É verdade que o trabalho de remasterização não é tão notório como o visto em Uncharted The Nathan Drake Collection, mas o que foi feito melhora indiscutivelmente a experiência. Ambos os jogos têm três modos gráficos: Fidelidade a 4K/30 FPS, Performance a 1440p/60 FPS e Performance+ a 1080p/120 FPS. Eu joguei ambos no modo Performance e o aumento de fluidez beneficia imenso as secções de combate, além de oferecer uma maior claridade à qualidade de imagem. Também existem outras melhorias visuais mais subtis, como um aumento do detalhe à distância e um pouco mais de contraste. Além disso, estas novas versões contam com suporte para as funcionalidades da PS5, como adaptive triggers, haptic feedback, 3D audio e activity cards. Outra melhoria notável é a redução considerável dos tempos de loading, que são agora apenas um efeito fade to black ao invés de dezenas de segundos a olhar para um ecrã de loading. De salientar também que é possível fazer a importação do save da versão PS4 de ambos os jogos, bastando para isso estarem na PS5.

Se há um aspecto que custa a aceitar é a ausência de multiplayer. Isto não é novidade e já se sabia há bastante tempo que seria o caso, mas teria sido fantástico a inclusão desta componente nestes remasters. Embora subvalorizados, os Uncharted têm modos multiplayer sólidos e muito divertidos, tanto para quem gosta de PVP como para quem prefere PVE. Como disse anteriormente, o trabalho de remasterização não foi muito extensivo, mas todas as melhorias contribuíram indiscutivelmente para uma melhor experiência de jogo. Vários anos após ter jogado estes jogos na PS4, confesso que adorei reviver estas aventuras de Nathan, Chloe e companhia na PS5. Pode não parecer muito no papel, mas na prática a maior fluidez, as funcionalidades do DualSense e os tempos de loading quase inexistentes tornam difícil voltar às versões PS4.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Dois bons jogos ficaram ainda melhores. O trabalho de remasterização poderia ter sido mais aprofundado, mas mesmo assim, o resultado final é suficiente para melhorar a experiência oferecida em ambos os jogos.

User Rating: 2.33 ( 7 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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