Análises

OlliOlli World

O paraíso dos skaters

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One, Nintendo Switch

A terceira iteração de Olli Olli lembra-me o percurso de outro jogo indie que se tornou um fenómeno, ainda na geração Xbox 360, Trials. Há medida que os novos jogos iam saindo e se iam melhorando aspetos menos bons dos antecessores, procurava-se limar e afinar coisas que pudessem elevar ainda mais a excelente jogabilidade. O foco sempre foi de algo mais arcade, mas que graças a um conjunto de controlos excelentes e loop extremamente desafiador, se tornavam viciantes para querermos sempre mais, pois apesar de ter um teto relativamente alto de habilidade, é um jogo que se pega com relativa facilidade, e no final é isso que se quer, algo fácil de começar e difícil de dominar.

Temos rodas sim, mas as semelhanças mais diretas acabam aí. Este world procura elevar a excelente experiência do segundo Olli Olli adicionando elementos novos à jogabilidade, mas também ao mudar o aspeto que nos é apresentado. Sim, a passagem para um estilo mais cartoonish, mais animação de sábado de manhã, ao invés dos tradicionais pixels em 2D é um pouco estranha, mas não é nada que não se entranhe, ainda para mais com a imensa quantidade de customizacão visual que é possível fazer no nosso skater.

Uma pequena nota para falar da narrativa que nos acompanha, ou melhor, para falar da insignificância da mesma no maior contexto de outros elementos. Um aspirante a skater que percorre níveis da Radlandia, em cinco diferentes regiões, através de vários níveis, procura ascender ao Gnarvana, o cume/monte/olimpo dos deuses da prancha com rodas. Bastante inconsequente e por vezes ridículo e absurdo? Sim, mas não deixa nos apresentar os mais diversos freaks pelo caminho, nem que seja para uma ou duas gargalhadas.

É quando pegamos no comando para jogar que cedo se percebe a magia do jogo, especialmente agora numa perspectiva 2.5D, e com modelos 3D que nos permitem ver em todo o esplendor a perícia, ou falta dela nos diversos níveis. Para quem não conhece a série e pega nela primeira vez, esta pode tornar-se um conceito difícil de perceber pois a maioria dos truques que podemos fazer com o nosso skate é efectuada com o analógico esquerdo. Podemos ganhar velocidade pressionando um dos botões faciais, mas é quando levamos o stick para baixo que nos preparamos para executar um truque. Após o deslocarmos para uma das várias direções que ele poderá ir, e o largamos, acontece a magia. Isto será o mais simples, portanto, levar o stick para baixo, sem largar, deslocar para a esquerda 90º, percorrendo a parte exterior da ranhura do analógico, e aí sim largar para o stick para voltar para a sua posição por defeito, o meio. O resultado? Um kickflip.

Este é um exemplo básico da jogabilidade, agora basta imaginar todas as outras combinações de direções que podem efectuar com o analógico para perceber a quantidade de coisas com que se pode brincar. Adicionem a isto rails, manuais, paredes laterais, half pipes espalhados pelos níveis que permitem a transição entre camadas dos mesmos e tem uma quantidade imensa de coisas para usar para fazerem pontuações altas nos níveis. Será esse o objectivo final, alcançar pontos altos para desbloquear os próximos níveis, que naturalmente vão subindo na dificuldade.

Sendo um jogo bastante rápido, que exige também reflexos bastante rápidos, os controlos não só têm que ser bons mas responderem quando solicitados, e felizmente, tal como nos jogos anteriores, isto verifica-se. Pouco depois de pegarem no jogo vão querer encadear uma série de coisas, especialmente um combo gigante que percorra o nível do início ao fim, pois tal é possível.

Um aspeto que precisa de melhorias é a introdução de novos elementos à jogabilidade. É certo que vão sendo introduzidos gradualmente ao longo da nossa visita pelas cinco regiões do jogo, mas num jogo de tal complexidade como consegue ser, a via que seguiu, por exemplo o último Trials, com introdução de uma espécie de escola para iniciados com dicas visuais mais vídeos, seria quanto a mim, o passo a seguir, permitindo a quem interessar, elevar o potencial de diversão, que no final é dos elementos mais importantes.

Ao longo do percurso dos níveis podem encontrar alguns NPC’s, que normalmente se encontram em rotas um pouco mais perigosas, mas que desbloqueiam algumas missões secundárias para desafios específicos para receberem recompensas visuais para desbloquear. Para além disso, e para facilitar algum do trajeto inicial, ou mesmo mais avançado em certos níveis, foi introduzido um sistema de checkpoints para facilitar um pouco a vida em certas situações, isto com a devida perca de pontos caso este seja necessário. É uma boa opção para quem não esteja muito interessado em altas pontuações e só se queira divertir um pouco a passar alguns níveis.

Para os veteranos da série, as mudanças em algumas coisas de jogabilidade são importantes, mas é no aspeto visual do jogo que este tem o seu fator mais diferenciado em relação aos dois anteriores. Se antes o estilo em 2D com sprites o tornava um retro arcade com estilo techno/eletro super desafiador, aqui temos algo mais chill, animado com boas vibes, e que tem uns quantos cromos/freaks adoráveis que nos acompanham na nosso viagem até ao Olimpo. É estranho sim, mas a mudança quer no estilo, quer no aspeto mais técnico levou a que possamos criar o nosso próprio personagem com imensas quantidades de personalização. Bonés, sweaters, T-shirts, calças, calções, proteções de joelhos e cotovelos, skates, enfim uma miríade de opções que permitem que encontrem sempre algo que vão gostar.
O jogo não faz uso de haptic feedback, mas usa a coluna presente no comando da versão testada, e ouvir o bom som do skate a levantar do chão ou a rolar proporciona uma boa sensação de imersão, que pessoalmente não esperava.

Uma vez chegados ao patamar de Deus podem sempre usar os desafios diários para continuar a aprimorar as vossas habilidades contra outros jogadores. Podem também gerar uns quantos níveis aleatoriamente para ver o que acontece com o gerador de níveis que existe.
Se há algo em comum nos três jogos que fazem parte deste série é a diversão. Aquela sensação de conseguir manter um combo durante um nível todo, ou mesmo de o estragar a escassos metros da linha de chegada torna-se viciante. É super divertido, não se leva de todo a sério, e proporciona horas de desafio se quiserem aprender sempre mais no skate.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

OlliOlli World é desafiante, divertido, e é super viciante tentar manter os combos ao longo dos níveis.

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