Análises

The King of Fighters XV

Quebra todas as expectativas!

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S

Quando se pensa em franquias de jogos de luta, Street Fighter, Tekken e Mortal Kombat são os primeiros nomes a surgir, mas The King of Fighters, embora não tão popular, tem um pedigree igualmente alto. Surgido inicialmente em 1994, esta franquia passou por várias gerações de plataformas, juntou-se a outras séries que resultaram em cross overs, e sobreviveu a uns quantos altos e baixos. Quase 6 anos após o lançamento de The King of Fighters XIV, eis que chega a altura para um novo capítulo.

The King of Fighters XIV teve uma grande barreira para ultrapassar. Falo dos gráficos. O aspecto geral do jogo era pouco detalhado, pouco colorido e não muito atractivo. Mais tarde recebeu uma actualização que implementou algumas melhorias gráficas, mas com Street Fighter V, Tekken 7 e Mortal Kombat X no mercado e outros títulos visualmente mais impressionantes no horizonte, isso não foi o suficiente para mover a situação a seu favor. Os olhos também comem, e um bom aspecto gráfico é o primeiro passo para atrair a atenção dos jogadores. Como tal, a SNK não descorou este ponto com The King of Fighters XV. O jogo tem um aspecto nítido, muito detalhado e vibrante, já para não falar na aplicação inteligente de efeitos, como a distorção visual causada pelos ataques da Luong ou dos efeitos de quando se activa um ataque especial. Em essência, The King of Fighters XV tem algo que o seu sucessor nunca teve: um aspecto visual bom o suficiente para se debater com a concorrência feroz.

Ultrapassada a primeira barreira, The King of Fighters XV tem de enfrentar a mesma batalha que os outros jogos do género enfrentam, nomeadamente, manter o núcleo da série relativamente intacto para atrair os fãs de The King of Fighters, e, ao mesmo tempo, implementar coisas para atrair novos jogadores e que ajudem os novatos a adaptarem-se à jogabilidade. É aí que entram os auto combos. Como o nome indica, auto combos é uma forma fácil de fazer alguns golpes que culminam num especial, variável conforme a Power Gauge. Estes combos não são optimizados, mas servem como muleta para se entrar aos poucos no ritmo de jogo e para se conhecer um pouco as personagens. Certo, dependendo da Power Gauge podem infligir bom dano, mas rapidamente se atinge o limite de onde se pode chegar apenas com auto combos. Além disso, está presente um Tutorial que inclui a execução de coisas básicas e informação relativa aos sistemas de combate, e também um modo Mission que pede ao jogador que execute combos pré-definidos. E claro, existe também um modo Training com as ferramentas esperadas, e é aqui que se vai passar uma boa parte do tempo, uma vez que The King of Fighters XV é, em essência, um jogo de luta 3 vs 3, embora também dê para fazer combates 1 vs 1.

Em adição aos auto combos, foram adicionadas um par de funcionalidades à jogabilidade. Shatter Strike é uma nova ferramenta universal que permite estender um combo, mas que também pode ser utilizada de forma defensiva. Funciona de forma semelhante ao Focus Attack de Street Fighter IV em que absorve hits e simultaneamente ataca. Outra novidade está relacionada na forma como o MAX Mode funciona comparativamente a The King of Fighters XIV. O MAX Mode continua a ser um buff temporário que aumenta o ataque e permite executar EX Special Moves sem gastar energia, mas activar o MAX Mode custa agora 2 barras ao invés de 1. Para compensar, é possível realizar EX Special Moves fora do MAX Mode ao consumir meia barra.

Os jogos de luta não são nada sem um bom elenco de lutadores e The King of Fighters XV oferece um leque inicial de 39 personagens jogáveis. É um número mais pequeno que os 50 lutadores de The King of Fighters XIV mas, quando comparado com a restante oferta no mercado, é um número generoso e um que permite muitas combinações diferentes de equipas. Estão de regresso veteranos da série como Terry Bogard, Whip, K’, Kula Diamond e Iori Yagami, mas também alguns novatos como Isla, Dolores e Krohnen. Algumas personagens originalmente apresentadas em The King of Fighters XIV, como Luong, Shun’ei, King of Dinosaurs, Antonov e Kukri fazem agora parte do elenco base. No entanto, estão ausentes personagens bem conhecidas como Rock Howard, Geese Howard e Ryuji Yamazaki. Estes lutadores irão regressar como DLC, mas é pena que não estejam presentes logo desde o início.

No que toca a conteúdo single player, The King of Fighters XV é um pouco básico. Além dos modos Tutorial e Mission mencionados anteriormente, estão disponíveis também o modo Versus e um Story Mode. Este último é, na verdade, algo equivalente aos tradicionais Arcade Mode e não um verdadeiro Story Mode. Oferece pequenas cutscenes antes e depois para tentar transmitir uma história, mas é tudo tão desconexo que se torna pouco interessante seguir os acontecimentos. Outros jogos foram mais além neste departamento ao oferecer um Arcade Mode tradicional e um Story Mode mais cinemático como Mortal Kombat 11 e Dead or Alive 6, ou em formato visual novel como Guilty Gear Strive, e neste aspecto, The King of Fighters XV está preso no passado. Além disso, não existe Survival Mode nem Time Attack Mode ou algo do género.

Por outro lado, a vertente online aqui presente é robusta. Nos dias que correm, um jogo de luta vive e morre conforme o modo online se porta, e por essa razão, a SNK implementou rollback netcode para uma boa e consistente experiência online. Não notei qualquer problema de lag ou inconsistência nas ligações dos combates que fiz online, e isto é bom sinal, porque fará com que a comunidade, por mais pequena que seja, continue a interagir entre si e a explorar ao máximo aquilo que o jogo tem para oferecer a nível de jogabilidade. É possível fazer partidas ranked e unranked, criar lobbies privados com regras personalizáveis, e até existe um modo de training online que permite aos jogadores treinarem com um amigo.

The King of Fighters XV pode não ser o melhor ou mais completo jogo de luta actualmente disponível no mercado, mas é uma boa opção para os fãs do género. É significativamente mais detalhado graficamente que o seu antecessor, é sólido a nível de mecânicas de combate, o elenco de 39 lutadores oferece um bom leque de opções para todos os tipos de jogadores, e a componente online de qualidade garante a diversão dos fãs a longo prazo. No entanto, é pena que a SNK ainda não tenha arranjado uma boa forma de oferecer valor e conteúdo a quem prefere ou dá igual importância à vertente single player em jogos de luta.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

Com 39 lutadores, uma jogabilidade sólida e uma componente online robusta, The King of Fighters XV irá fazer a delícia dos fãs desta franquia. Peca, no entanto, pelo pouco conteúdo single player.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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