Análises

A Plague Tale: Requiem

ratJAM

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S

Lançado em Maio de 2019, A Plague Tale: Innocence apanhou muita gente de surpresa ao oferecer um jogo emocionante, que envolvia uma jornada de dois irmãos num dos momentos mais sombrios da história. Aquilo que começou como um jogo baseado num período marcado pela Peste Negra, tornou-se em algo muito maior e sobrenatural. Agora, a jornada de Amicia, Hugo e companhia continua em A Plague Tale Requiem, onde é necessário procurar uma cura para maldição que afeta o jovem Hugo.

Depois de escaparem da sua terra devastada, Amicia e Hugo viajam para sul, onde tentam começar uma nova vida e controlar a doença de Hugo com a ajuda de um alquimista. Mas o que parece ser uma cidade colorida e vibrante e onde os habitantes parecem viver felizes, completamente despreocupados com o que se passa lá fora, rapidamente se transforma num pesadelo. O que parecia ser uma cidade segura era na verdade uma falsa sensação de segurança. A doença e os ratos parecem estar um passo à frente deles e, antes de saberem, a cidade já estava condenada à destruição. E quando os poderes de Hugo despertam, é exatamente isso que acontece. Forçados novamente a fugir, os irmãos viram-se para uma ilha profetizada como sendo a única forma de salvar Hugo.

E assim, Amicia e Hugo embarcam numa nova jornada, por terra e mar, contra desafios enormes, em busca de um milagre. Amicia passou por muito em A Plague Tale: Innocence, e isso começa a fazer-se notar- no estado emocional dela e de como reage a algumas situações. Ela sacrificou muito para ajudar Hugo, incluindo fazer coisas impensáveis, e agora, terá de aceitar o facto de que, mais uma vez, terá de fazer todos os possíveis ao seu dispor para ultrapassar todas as barreiras que lhe aparecem pela frente, inclusive matar. Mas a jornada, além de desafios, traz também amizades inesperadas. Pelo caminho, os irmãos vão encontrar um novo leque de personagens que os irão ajudar na sua demanda ao oferecerem habilidades e recursos únicos.

Os eventos do jogo anterior endureceram Amicia, o que significa que agora ela é mais engenhosa quando se vê encurralada e quando as situações se complicam. Ela agora tem possibilidade de sair das sombras e atacar os inimigos desprevenidos e utilizar uma variedade de equipamento para espalhar o caos aos inimigos ou para navegar pelo mar de ratos. Os ratos estão mais espertos e mais fortes do que nunca, abrindo assim a porta para novas situações que vão colocar Amicia e os seus companheiros à prova. E agora, mais do que nunca, Hugo quer ajudar a irmã a progredir e não ser um empecilho. A maldição de Hugo é uma faca de dois gumes, e graças à sua maior ligação com os ratos, ele ganha acesso a algumas habilidades muito úteis.

A Plague Tale Requiem é uma sequela no verdadeiro sentido da palavra. É mais do mesmo, no bom sentido, mas expandido de forma a oferecer novas situações e mais opções. Amicia e companhia terão, novamente, de navegar por um mar de ratos através de puzzles ambientais com fogo e utilizar coisas aprendidas anteriormente para lidar com inimigos humanos. Aliás, este é um aspeto que gostei bastante. Amicia não esqueceu magicamente o que aprendeu a fazer no primeiro jogo, e assim, logo desde cedo, consegue utilizar a fisga para criar ou para apagar fogos. Isto pode também ser utilizado na hora de enfrentar soldados com armadura. Há que utilizar os recursos e materiais de forma inteligente, particularmente as facas, e se der para fazer com que os ratos façam o trabalho sujo, melhor.

Alguns recursos podem ser utilizados nas bancadas de trabalho para melhorar a fisga, como torná-la mais silenciosa ou dar-lhe a capacidade de disparar dois projéteis antes de ter de recarregar, ou aumentar a capacidade de carregar determinados itens. A forma como se joga influência o que Amicia aprende. Por exemplo, criar frequentemente munição alquímica faz com que ela se torne mais eficiente e consiga criar este tipo de munição mais rápido ou que tenha a possibilidade de não gastar um recurso. Por outro lado, envolver-se mais vezes em confronto físico fará com que Amicia consiga empurrar inimigos para o fogo ou para os ratos.

Adorei A Plague Tale: Innocence e a forma como jogo aborda a história destas personagens e a narrativa global foi muito bem conseguida. O primeiro jogo foi uma aventura emocionante e, sem surpresa, este novo jogo também o é. Até agora, tudo bem, mas A Plague Tale Requiem não é perfeito. Visualmente, é muito bom e um salto notório em relação ao primeiro jogo. Os cenários são belos, muito detalhados e, no geral, o ambiente é fantástico, que se esteja no meio de um mercado na cidade ou a navegar por um mar de ratos. As personagens também estão mais detalhadas e mais expressivas, pese embora a sincronização labial não tenha melhorado assim tanto. Além disso, o jogo não oferece um modo performance e corre a 30 FPS nas consolas. Quem tiver uma TV que suporte VRR e 120Hz poderá beneficiar de alguma fluidez adicional, mas isso não muda o facto de não haver um modo performance como tem sido habitual. É verdade que este não é um jogo que necessite de uma grande fluidez, mas acho que a maior claridade proporcionada por 60 FPS beneficiaria a experiência geral. Por fim, de referir que o jogo faz uma boa utilização do feedback haptico do DualSense, ajudando assim a tornar algumas situações tensas ainda mais tensas.

A minha experiência com o jogo não foi isenta de problemas. Tive um bug no capítulo 2 que me bloqueou o progresso e me forçou a reiniciar parte desse capítulo. Tinha de fazer cair dois pedaços de carne para distrair temporariamente os ratos e conseguir abrir caminho para apanhar uns materiais e regressar, mas um dos pedaços de carne simplesmente desapareceu antes do que era suposto e, assim, fiquei impedido de regressar. Foram apenas uns 15 minutos perdidos, mas merece ser mencionado de qualquer forma. Numa menor escala, reparei em algum “jank” à mistura, como por exemplo a Amicia fazer 360º em algumas situações antes de investigar algo, nas animações de girar manivelas, e algumas plataformas móveis a mexerem-se aos soluços. Também houve uma situação onde fui apanhado por ratos estando literalmente ao lado de fogo.

Não poderia terminar esta análise sem mencionar a componente sonora. Tal como no primeiro jogo, o voice acting é de grande qualidade. Charlotte McBurney, que desempenha o papel de Amicia, fez novamente um excelente trabalho a dar vida a esta personagem, principalmente nas situações onde Amicia mostra frustração com o que se passa e nas situações que envolvem Hugo. E não muito atrás está Logan Hannan, que desempenhou o papel Hugo. No geral, os atores escolhidos encaixam muito bem nos papeis e fizeram um bom trabalho a dar vida às respetivas personagens. Por sua vez, a banda sonora composta novamente por Olivier Deriviere é fantástica em todas as situações e consegue elevar o que se passa no ecrã a outro patamar.

Apesar de alguns bugs e da falta de um modo performance nas consolas, adorei as cerca de 16 horas que passei em A Plague Tale Requiem. Este é um caso onde os aspetos positivos superam os defeitos e não mancham muito a qualidade deste título. O jogo melhora o que era necessário melhorar em relação à jogabilidade e aos puzzles, sem estragar o que o seu antecessor tinha de bom e sem acrescentar algo que pareça não encaixar na fórmula. Quem está à espera de entrar em A Plague Tale Requiem e encontrar uma história emocionante de dois irmãos e com muitas situações inesperadas, vai encontrar exatamente isso. Amicia e Hugo são excelentes personagens e seguir a sua viajem pelo desconhecido foi sem dúvida uma boa experiência.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

A Plague Tale Requiem é tudo aquilo que o seu sucessor ofereceu e mais. Apesar de alguns problemas técnicos, este é um jogo que faz um excelente trabalho a contar a história de dois irmãos que lutam contra todas as probabilidades.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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