Análises

Gotham Knights

Regresso à cidade de Gotham

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S

Nove anos depois do seu último trabalho, Batman Arkham Origins em 2013, a WB Games Montréal regressa com mais um jogo de super heróis: Gotham Knights. Este título não pertence ao mesmo universo dos jogos Batman Arkham, para que o estúdio possa assim oferecer uma aventura livre de bagagem. Batman está morto e sua missão de proteger Gotham passa agora a estar a cargo de Batgirl, Nightwing, Robin e Red Hood.

Esta nova geração de heróis com personalidades muito distintas terá de colocar de lado as suas divergências e subir à ocasião de proteger a cidade e, pelo caminho, desvendar as verdadeiras intenções da organização Court of Owls. O grupo de heróis consegue ser relativamente interessante de seguir e oferece algumas boas interações, mas fica aquém das melhores aventuras de Batman. O mesmo vale para a história. Não há aqui nada de super original e é possível que os fãs destes heróis apanhem rapidamente o enredo, mas ao menos, o material de origem é respeitado e bem utilizado.

Embora Gotham Knights não faça parte da série Batman Arkham, existem várias similaridades. Os jogadores podem escolher qual dos quatro heróis utilizar nas suas patrulhas noturnas em busca de pistas sobre os eventos globais, parar atos criminosos ou ajudar aliados. Existe uma boa dose de liberdade de exploração, mas o design da cidade não é tão interessante e único como era em Batman Arkham City e Batman Arkham Knight. Neste jogo, Gotham tem um aspeto e design mais convencional, sem locais memoráveis, e é demasiado vazia.

As missões de história fazem um melhor uso de locais específicos para oferecer algo mais distinto, onde narrativa e os encontros estruturados são mais comuns, mas acho que faltou um elemento importante visto na série Batman Arkham, nomeadamente a falta de problemas engenhosos resolvidos por habilidades únicas das personagens. Apesar de tudo, a aparição de personagens bem conhecidas, como Harley Quinn, Penguin e Mr. Freeze, é um ponto alto no jogo.

Gotham Knights é um action RPG, o que significa uma menor nuance nas lutas comparativamente aos jogos Batman Arkham, e um maior foco no desenvolvimento progressivo das habilidades e equipamento. Existe um ataque fraco e um ataque forte, tanto corpo-a-corpo como à distância, assim como habilidades especiais. Falta, no entanto, um botão de counter. Isto faz com que os combates possam demorar demasiado tempo em níveis de dificuldade mais altos, porque o ritmo destes encontros não é muito alto. Cada personagem tem o seu estilo próprio de combate, sendo possível trocar de herói em qualquer altura na Belfry. Batgirl foi quem mais gostei de utilizar, talvez por ter um estilo de combate mais próximo de Batman.

Com o aumento de nível, vai-se melhorado determinados aspetos dos heróis, podendo assim especializar o seu estilo de combate e utilizar equipamento para otimizar esse estilo. Contudo, existem algumas decisões um pouco estranhas. Por exemplo, para um jogo que permite trocar de herói quando se quer, não se percebe porque é que as habilidades individuais dedicadas à exploração transversal têm de ser desbloqueadas para cada personagem. Sim, desbloquear estas habilidades é coisa que não demora muito tempo, mas a questão é que nem sequer deveriam de estar por detrás de unlocks.

Gotham Knights pode ser jogado totalmente a solo, e diga-se de passagem, funciona perfeitamente como um jogo narrativo single player, mas também pode ser jogado em modo cooperativo para duas pessoas. A WB Games Montréal deve ser elogiada na forma como implementou esta funcionalidade, porque oferece um modo cooperativo prático de utilizar, pouco intrusivo, e livre, no sentido de permitir que os dois jogadores possam estar em lados opostos da cidade a fazer as suas coisas ao invés de serem forçados a andarem próximos um do outro. Além disso, jogar com um amigo traz a vantagem de oferecer alguns ataques de equipa que resultam no combinar de forças dos dois heróis.

Por outro lado, onde Gotham Knights não pode ser elogiado é no seu aspeto técnico. Este é visualmente um jogo competente, mas não é suficientemente bom para apenas oferecer uma experiência a 30 FPS e com algumas quebras. Talvez a existência do modo cooperativo tenha resultado na falta de um modo performance nas consolas, mas isso nunca deveria de prejudicar quem apenas quer jogar este jogo sozinho. Esses deveria de ter a opção de escolha entre modos gráficos. Mas o problema não se restringe apenas ao detalhe gráfico, mas também à parte artística. Em termos artísticos, Gotham Knights fica uns furos abaixo do que se viu em Batman Arkham Knight.

Gotham Knights sofre do mesmo problema do Marvel’s Guardians of the Galaxy, nomeadamente de o título ao vivo ser mais divertido de jogar do que aparenta por trailers ou walkthroughs. Gotham Knights pode ser um pouco genérico e nunca chegar aos pontos altos dos Batman Arkham, tanto em termos narrativos como em jogabilidade, mas confesso que gostei mais de jogar do que esperava. Além disso, o estúdio merece elogios pela forma como implementou o modo cooperativo. No entanto, Gotham Knights peca por algumas decisões de design estranhas, um aspeto técnico abaixo do desejado e a falta de um modo performance nas consolas.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7

7

Gotham Knights é um jogo de super heróis competente, mas sofre de alguns problemas de design e de uma componente técnica não muito forte.

User Rating: 4.65 ( 1 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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