Análises

Splatoon 3

Olha a lula e o polvo fresquinhos!

Versão testada: Nintendo Switch
Disponível para: Nintendo Switch

Quem diria que um jogo que começou na malograda Wii U se ia tornar um êxito tão grande e que uma sequela bateria recordes de vendas no Japão? Com conceitos de base incrivelmente sólidos e divertidos, Splatoon conquistou o seu lugar nas franquias de topo da Nintendo e Splatoon 3 mostra porquê.

As bases fundamentais são simples: com uma variedade de armas diferentes, pintamos os cenários e podemos transformar-nos numa lula ou num polvo que nada dentro da sua própria tinta. Ao fazê-lo, não só recarregamos os nossos níveis de tinta, como nos escondemos, andamos mais rápido e podemos subir paredes. Quando andamos na tinta dos inimigos, ficamos mais lentos e detetáveis no mapa. Usando apenas dois botões, abrem-se as portas a uma data de ações intuitivas que criam um jogo dinâmico e mais profundo daquilo que é aparente.

Turf Wars não é o único modo multiplayer, também há partidas competitivas (ranked) chamadas Anarchy Battles, que só ficam disponíveis quando se atinge o nível 10 ou se se tem um save do Splatoon 2. Aqui podemos jogar apenas uma partida, onde amigos podem entrar connosco, ou uma série de partidas onde somos colocados numa equipa aleatoriamente. Nas Anarchy Battles há quatro modos que vão rodando: Splat Zones, Tower Control, Rainmaker e Clam Blitz.

  • Em Splat Zones temos que controlar (leia-se: pintar) determinadas zonas do mapa o máximo de tempo possível ou até acabar o tempo.
  • Em Tower Control cada equipa luta pelo controlo de uma torre que se desloca até à base do inimigo; ganha quem chegar lá com a torre ou quem ficar mais perto quando o tempo acabar.
  • No modo Rainmaker temos de obter a arma com esse nome e levá-la até à base do inimigo ou o mais perto possível. A rainmaker dispara um tiro lento e poderoso, mas também torna o seu detentor mais lento; por isso, é importante que a equipa o proteja.
  • Em Clam Blitz temos de colecionar amêijoas e atirá-las para o cesto do inimigo até chegar aos 100 pontos.

Como é natural num modo competitivo, a pressão para ganhar é maior, porque queremos chegar ao rank máximo e quando perdemos uma partida perdemos pontos. Felizmente, o jogo é bastante leniente e perder não é catastrófico. Para atingir o rank S+, é preciso jogar muito e bem. Mas, como o jogo é recente, agora há bastantes jogadores mais fracos e, por isso, o equilíbrio não é o mesmo que será daqui a uns meses.

Claro que cada modo tem a sua maneira diferente de jogar e estratégias adequadas, mas, no fundo, é um jogo da corda e, essencialmente, trata-se de saber controlar o mapa. Mesmo fora das Turf Wars, é importante pintar o máximo possível, o que dá hipótese à equipa de se movimentar, esconder e recarregar livremente, além de atrasar o movimento dos inimigos. Por vezes, temos de nos focar em atacar os nossos adversários e, outras vezes, em pintar e defender um objetivo. De qualquer forma, trabalho de equipa é sempre importante, porque um lobo solitário é derrotado facilmente. Também é fulcral saber ler o mapa para perceber se podemos saltar para a posição dos nossos colegas, ou se iríamos saltar para uma zona perigosa e ser mortos imediatamente.

Não há tempo para dormir, porque a maré pode virar num instante: podemos estar a dominar num minuto e a ser dizimados no seguinte; por isso, todos os segundos contam. Há equipamento que se adequa a todo o tipo de estratégias e descobrir qual se adapta melhor ao nosso estilo de jogo faz parte da nossa progressão ao longo do jogo. Também é importante aprender a tirar total partido dos movimentos da personagem, como no caso dos novos movimentos Squid Rush, onde damos um grande salto vertical numa parede, ou Squid Roll, onde saltamos rapidamente como lula na direção oposta ao nosso movimento e deflectimos ataques.

Quando a competição começa a pesar e queremos mais cooperação, há o modo Salmon Run Next Wave. Aqui, uma equipa de quatro luta contra ondas de inimigos (chamados Salmonids) e bosses que, quando derrotados, deixam cair ovos dourados que temos de apanhar e depositar num reservatório. Em cada ronda usamos uma arma diferente e, para passar cada uma, temos de atingir uma quota de ovos dourados. Por vezes, surgem inimigos inesperados ou há uma ronda extra onde aparecem vários bosses e um King Salmonid extremamente forte (por enquanto, o único King Salmonid é o enorme Cohozuna, mas é provável que apareçam outros com futuras atualizações).

É um modo ótimo para quebrar a rotina e é extremamente viciante, especialmente à medida que subimos de rank e ganhamos mais recompensas. Algumas das coisas que podemos comprar, como fundos para a nossa Splashtag ou itens para decorar o cacifo, necessitam de escamas de peixe de bronze, prata ou ouro. Estas só de obtêm a lutar com King Salmonids, o que é bastante raro;por isso, comprar estes itens necessita de imenso tempo passado neste modo, talvez demasiado. Pode ser que, com updates e novos King Salmonids, isto melhore um bocado.

Se precisarmos de abrandar um pouco, há um jogo de cartas por turnos chamado Tableturf Battle, onde jogamos contra NPCs. O jogo é uma espécie de Tetris misturado com Splatoon: cada carta tem um certo formato em blocos e temos de preencher o máximo possível do ecrã com a nossa cor. Há várias maneiras de obter cartas novas para construir o nosso deck, como subir o nível do nosso catálogo de compras ou tentar a nossa sorte numa máquina de bolas. Este modo é simples, mas tem alguma profundidade escondida, especialmente devido aos ataques especiais. Pelo menos por enquanto, as Tableturf Battles só podem ser jogadas contra o computador.

Apesar de o multiplayer ser o principal modo do jogo, isso não quer dizer que se deva ignorar o modo de história intitulado Return of the Mammalians. Aqui, vamos explorar o mundo subterrâneo de Alterna, que está coberto por uma estranha substância peluda (Fuzzy Ooze) e podemos entrar em vários níveis que exploram as mecânicas de Splatoon de maneiras diferentes. Para avançar por Alterna e chegar aos níveis, temos de usar o nosso pequeno companheiro Small Fry para comer o Fuzzy Ooze e, para isso, precisamos de Power Eggs, que obtemos ao completar níveis e a explorar o mundo.

A estrutura das missões é semelhante à expansão do Splatoon 2, onde em cada uma temos de escolher uma das armas disponíveis. A arma escolhida afeta bastante a nossa progressão pelo nível, especialmente no que toca à dificuldade; por norma, a arma mais difícil dá-nos uma recompensa maior. Cada nível tem as suas regras e peculiaridades: podemos ter tinta limitada, ter de usar apenas o Smallfry ou uma arma especial ou o objetivo pode ser destruir os alvos todos antes que o tempo acabe, ou descobrir várias chaves para desbloquear o caminho para a frente.

Há muita variedade no tipo de níveis: uns são focados em ação, enquanto outros giram à volta de saltos ou puzzles. Enquanto nos anteriores jogos havia itens secretos escondidos nos níveis, aqui eles estão escondidos no mundo “exterior”, aparecendo à medida que pintamos o chão. Existem Power Eggs; vinis que adicionam mais instrumentos à música do local onde estamos; itens para decorar o nosso cacifo; pergaminhos com lore; cartas e sardinhas de metal chamadas Sardinium que vamos precisar para evoluir o nosso equipamento. Pintar o chão dá-nos pontos de upgrade que temos de usar juntamente com o Sardinium. Isso pode puxar pelo lado obsessivo dos jogadores e fazê-los pintar todos os centímetros dos mapas e níveis, mas não é necessário cobrir tudo de tinta para ter os pontos necessários.

A cada nível que passamos, descodificamos mais uma parte da história de como o planeta chegou ao seu estado actual, onde seres marinhos evoluíram e agora dominam a superfície, o que é francamente interessante e me deixou sempre com vontade de saber mais. Return of the Mammalians é um modo extremamente divertido com níveis muito criativos. É uma ótima maneira de aprender as bases do jogo e explorar de uma maneira diferente o que as suas mecânicas têm para oferecer.

A banda-sonora continua a ter uma sonoridade extremamente característica, com músicas que vêm de várias bandas fictícias, como os Bottom Feeders ou os Ink Theory. As influências são variadíssimas; conseguem-se notar rasgos de J-Pop, rock, eletrónica, hip-hop old school e dubstep. As faixas mais bizarras estão no modo de história, mas são todas bastante únicas, praticamente formando o seu próprio género. Ouvem-se guitarras, sintetizadores, vozes vocoded, instrumentos de sopro, tambores e uma data de outras coisas que nem sei descrever. Os compositores, Toru Minegishi, Shiho Fujii, and Ryo Nagamatsu, claramente têm tido imensa liberdade nas bandas-sonoras dos Splatoon e fizeram um trabalho notável mais uma vez nesta iteração.

Visualmente, Splatoon 3 continua colorido, vibrante e cheio de estilo, especialmente no que toca à roupa. O hub principal é Splatsville, a chamada “cidade do caos”, que está repleta de lojas, apartamentos, transportes em movimento e muitos Inklings e Octolings a chillar. A cidade está repleta de pormenores e os desenhos dos outros jogadores nas paredes ajudam a torná-la mais viva e interativa. O custo destes detalhes é o framerate, de 30 FPS, ao contrário do resto do jogo, que corre a 60 FPS estáveis. A resolução é dinâmica, variando entre os 820p e os 1080p na TV e os 540p e 720p no modo portátil, mas não posso dizer que tenha notado muito a mudança dinâmica de resolução. Os gráficos não são muito melhores do que os do jogo anterior, mas vêem-se várias melhorias aqui e ali.

Splatoon 3 não reinventa a roda, mas tem bastantes novidades e aperfeiçoa tudo o que foi feito na série até agora. Com um ótimo modo single player e um multiplayer divertidíssimo que dá para centenas de horas e vai continuar a receber conteúdo novo, é difícil não recomendar o jogo como um dos melhores da Switch.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Splatoon 3 tem um modo de história muito bom, mas é online que o jogo brilha. Tudo o que os anteriores jogos faziam, este faz melhor; é divertido, viciante e uma recomendação fácil, especialmente para quem gosta de jogar online.

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