Análises

Mortal Kombat 1

It has begun!

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S, Nintendo Switch
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Mortal Kombat e Street Fighter são duas séries de luta pela qual tenho bastante nostalgia, porque fizeram parte da minha adolescência. Foram muitas as tardes passadas com amigos a lutar até à morte virtual em Mortal Kombat 2 e Mortal Kombat 3 na Mega Drive. Depois de uma tentativa falhada em passar para 3D e um período onde os jogos desta série não eram particularmente bons, Mortal Kombat 9 entrou em cena para encarreirar a série na qualidade e sucesso merecido. E assim eis que chega Mortal Kombat 1, um jogo que, apesar do seu nome, visa continuar os eventos de Mortal Kombat 11 Aftermath e, em simultâneo, fazer um reset a este universo.

Como tem sido tradição nos jogos da NetherRealm há já algum tempo, Mortal Kombat 1 conta com um modo história cinemático onde vamos seguir as pisadas de diversas personagens ao longo de muita ação. Depois de ter derrotado Kronika e adquirido os poderes de Time Keeper, Liu Kang criou uma nova linha temporal onde queria que houvesse uma paz nos reinos e em que os malfeitores de anteriores jogos não tivessem qualquer influência. Isso foi conseguido com relativo sucesso, até que uma misteriosa personagem aparece e começa a influenciar e a ensinar Shang Tsung e Quan Chi no uso de magia. Os reinos voltam assim a estar em perigo. Cabe a Liu Kang reunir um grupo de heróis para tentar parar os planos desta nova aliança mortífera.

O modo de história pode ser completado em 5 ou 6 horas e tem imensa qualidade. A NetherRealm realmente elevou a fasquia na forma como decidiu contar a história. A cinematografia e as sequências de luta são de alto nível, algo suportado por expressões faciais de grande qualidade e um bom nível de detalhe geral. A parte final da campanha pode não agradar a todos por ser uma secção completamente estapafúrdia e exagerada, quase que a roçar o fan fiction, mas no geral, achei que foi uma campanha divertida e que foi um tempo muito bem passado.

O aspeto técnico foi outro ponto onde Mortal Kombat 1 melhorou. À primeira vista pode parecer graficamente muito semelhante a Mortal Kombat 11, mas um olhar mais atento revela um maior nível de detalhe nas personagens e cenários mais densos em objetos. As expressões faciais, tanto na história como nas sequências de loading dos combates e durante os próprios combates, estão igualmente melhores. Felizmente, estas melhorias visuais não tiveram custo para a framerate e o jogo corre a 60 FPS sem problemas na versão testada. Uma nota também para a banda sonora que em Mortal Kombat 1 apresenta musicas mais chamativas e interessantes, como é o caso da música do cenário Cage Mansion.

Mortal Kombat 1 conta com um elenco base de 23 lutadores. No geral, acho que é um elenco relativamente diversificado. Estão presentes personagens que são tipicamente regulares em cada nova entrada na série, como é o caso de Kitana, Liu Kang, Raiden, e Scorpion, mas também foram incluídas personagens menos regulares ou que já não eram jogáveis há mais de 15 anos, como Ashrah, Nitara, Li Mei, Havik e Reiko, que não eram jogáveis desde o Mortal Kombat: Armageddon. Talvez seja um pouco desapontante não ter novas personagens originais, mas ao menos os fãs desta franquia podem pegar em versões modernas de alguns lutadores que há muito não faziam uma aparição. Dito isto, tenho pena que Sonya e Jax tenham ficado de fora do elenco base e também do primeiro Season Pass. Quem sabe num segundo Season Pass ou numa possível expansão.

O sistema de combate foi outro aspeto que claramente melhorou neste título. O jogo continua a utilizar o sistema típico dial-a-combo da NetherRealm, ou seja, carregar numa sequência de botões pré-definida de forma seguida, quase como se fosse a marcar um número de telefone, em vez fazer golpes num timing específico como noutras séries de jogos luta. Mas desta vez, os lutadores têm todos os golpes à sua disposição, deixando de lado as Variations de MKX e MK11. Juntamente com a adição dos Kameos, que são assists proporcionadas por personagens não jogáveis, abre portas para uma maior quantidade e variedade de golpes que não eram possíveis de serem feitos em MK11. Embora o jogo neutro e a velocidade em que os combos se desenrolam seja um pouco mais lenta do que no título anterior, na prática, MK1 parece mais rápido porque existem mais coisas a acontecerem no ecrã graças aos Kameos e ao que possibilitam realizar.

Por outro lado, como pacote, Mortal Kombat 1 desiludiu-me um pouco. Como contexto, MK11 ofereceu uma campanha cinemática, Klassic Towers, Towers of Time, e a Krypt. MK1 também oferece uma campanha cinemática e as Klassic Towers, que é basicamente o modo arcade, mas desfaz-se das Towers of Time e da Krypt. No seu lugar aparece o modo Invansions, que visa combinar esses dois modos num só. Os jogadores irão explorar diferentes reinos através de um mapa em formato de jogo de tabuleiro e ultrapassar os diversos desafios de cada casa. Ao subir de nível ganham-se pontos para aumentar os atributos dos lutadores neste modo, e existem também itens e acessórios que oferecem bónus e efeitos. De referir que este modo oferece missões diárias e semanais, e que irá mudar entre cada season.

O modo Invasions pode parecer divertido ao início, mas rapidamente se chega à conclusão de que não é assim tão divertido. Isto acontece porque combina as Towers of Time e a Krypt num só modo sem oferecer nada do que esses modos tinham de positivo. Percorrer os mapas do Invasions e tentar descobrir algum segredo é aborrecido tal a lentidão com que o boneco de desloca entre casas e nunca tem a sensação de descoberta e de mistério que a Krypt tinha. E o grind continua presente no Invansions tal como estava nas Towers of Time, com a diferença de que agora não dá para colocar a IA a jogar por nós. Em MK11 quem não gostava do modo e não queria ter de lutar em batalhas com modifiers para desbloquear cosméticos podia ajustar o comportamento dos lutadores e deixá-los lutar sozinhos. Era uma forma de ultrapassar o grind necessário para desbloquear skins e outros cosméticos. Essa opção desapareceu por completo em MK1.

Como seria de esperar, MK1 tem um modo de treino competente que oferece várias ferramentas para ajudar os jogadores a melhorar, mas fica aquém de outros jogos do género, particularmente de Street Fighter 6 com a sua diversidade de ferramentas e tutoriais gerais e específicos das personagens. Mas estranhamente, o jogo perdeu uma funcionalidade muito boa existente em MK11. Falo da possibilidade de se selecionar alguns combos e afixá-los no ecrã em jogo corrido. Isto era uma funcionalidade extremamente útil para se aprender alguns combos sem ser necessário ir constantemente ao menu ver a lista de golpes. Além disso, não dá para ativar o matchmaking enquanto se está no modo training, algo que é relativamente habitual neste género de jogos. São estranhas omissões.

Por falar em matchmaking, confesso que o online de MK1 não é o que esperava, ou pelo menos, não tão bom quanto o de Guilty Gear Strive e, mais recentemente, Street Fighter 6. O netcode é competente, mas não é tão eficaz a suavizar a partida quando se luta contra alguém com uma qualidade de ligação um pouco mais instável, particularmente se o oponente estiver numa ligação wi-fi. Além disso não dá para ver a qualidade da ligação antes de entrar numa partida, e em caso de vitória, não dá para voltar atrás porque ranked é à melhor de 5 partidas. Importa mencionar também que o jogo atualmente não tem cross-play. Talvez a passagem do Unreal Engine 3 para o Unreal Engine 4 tenha causado alguns problemas, mas espero que a equipa consiga limar estas arestas.

Em termos de combate, MK1 é melhor que MK11 quando foi lançado. Os lutadores terem um leque de golpes completo, juntamente com a adição dos Kameos, proporciona uma maior variedade de combos e de experimentação, o que é um dos aspetos mais importantes de um jogo de luta e, como consequência, torna-o mais divertido que MK11. E acho que o elenco de lutadores é um bom misto entre personagens regulares e personagens que têm tido pouco destaque nos últimos títulos da série. Mortal Kombat é uma franquia com um longo legado, como tal, é bom ver este jogo tirar algum partido disso. Por outro lado, em termos de conteúdo, MK1 não é tão bom pacote como MK11 foi no lançamento. Tem um elenco base com menos dois lutadores, estão ausentes alguns modos e opções relevantes, e o modo Invansions não oferece nenhum dos aspetos positivos das Tower of Time e da Krypt. MK1 é sem dúvida um bom jogo de luta e um que os fãs desta franquia vão apreciar, mas tem algumas falhas que não esperaria no sucessor de MK11.

Nota editorial: Cópia fornecida pela UpLoad Distribution para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

De forma resumida, Mortal Kombat 1 é uma boa adição a esta franquia graças a um sistema de combate que possibilita uma maior variedade de combos e a um elenco que traz de volta algumas personagens esquecidas há já algum tempo, mas fica um pouco aquém do esperado em termos de conteúdo e na qualidade do online.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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