Análises

Marvel’s Spider-Man 2

Spider-Man a drobrar

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Lançado em 2018, Marvel’s Spider-Man foi uma boa surpresa, na medida em que finalmente apareceu outro jogo de super-heróis ao nível dos jogos da franquia Batman: Arkham em termos de qualidade e na forma fiel como conseguiu capturar as personagens e os respectivos universos. Agora, cinco anos depois, chega Marvel’s Spider-Man 2, título que continua os eventos do primeiro jogo e de Marvel’s Spider-Man: Miles Morales, lançado em 2020.

Depois do seu trabalho ter contribuído para o nascimento do Doutor Octopus, Peter Parker decide seguir uma nova carreira profissional como professor. Mas digamos que o seu primeiro dia não correu muito bem devido a uma “pequena” ameaça. Ele, juntamente com Miles Morales, que agora já tem mais experiência no papel do outro Spider-Man, são obrigados a salvar a cidade do caos mais uma vez. Isto serve como uma introdução/tutorial ao jogo que, diga-se de passagem, apresenta uma maior escala do que a missão do Fisk no primeiro jogo, e serve também para demonstrar o quão Miles evoluiu como Spider-Man quando comparado com o título de 2020.

Eventualmente, Peter é surpreendido pela aparição do seu melhor amigo Harry Osborne que, tal como descobrimos no primeiro jogo, estava gravemente doente e estava a ser submetido a um tratamento experimental. As coisas estavam a correr muito bem, até que… deixaram de correr muito bem. Não vou dar spoilers da história, mas algo que gostei foi do constante escalar das situações e do ritmo a que cada grande momento nos é apresentado. Num momento é o drama da vida pessoal de Peter, noutro é o drama da vida pessoal do Miles, e depois entra Kraven e Venom em cena, já para não falar em várias outras situações e personagens. Há sempre algo a acontecer e a um ritmo progressivamente de maior escala, o que torna o jogo muito interessante de seguir tanto para os fãs destas personagens e também para aqueles que simplesmente querem um bom jogo de ação.

Também existem momentos mais calmos pelo meio de tanta ação, que permitem que as personagens interajam entre si e seja mostrado um maior desenvolvimento pessoal do que nos jogos anteriores. Nesta altura, Peter Parker já é Spider-Man há quase uma década, mas pouco vimos sobre o seu passado. A aparição de Harry vai permitir que seja mostrado um lado do Peter que desconhecíamos. Mas Miles também é protagonista, e de certa forma ainda está a lidar com as consequências do que aconteceu com a sua amiga Phin e também em conseguir conciliar com sucesso a vida de estudante com a de super-herói. Marvel’s Spider-Man 2 é definitivamente um jogo mais complexo em termos narrativos e no desenvolvimento das personagens.

Como seria de esperar, Marvel’s Spider-Man 2 constrói em cima das sólidas fundações criadas com os dois anteriores títulos e oferece uma jogabilidade mais profunda e um pouco mais estratégica. Os básicos são os mesmos, ou seja, Peter e Miles conseguem encadear golpes no chão e no ar, utilizar gadgets para controlar as multidões, e dodges perfeitos para atordoar temporariamente os inimigos. Tudo acontece de forma super fluída e, como seria de esperar, dá para encadear os diferentes elementos para criar combates muito dinâmicos. Mas também foram feitos ajustes para tornar os combates mais estratégicos. Por exemplo, Peter e Miles só conseguem ter quatro gadgets equipados ao mesmo tempo, significando que já não dá para fazer spam disto sempre que se quiser. Além disso, foi adicionada uma mecânica de parry que, surpreendentemente, funciona bastante bem neste tipo de jogabilidade. Como existe uma maior diversidade de inimigos e de combinações de inimigos, passa a haver um grande incentivo em se utilizar os recursos da forma mais eficaz. De volta estão as secções com a MJ, mas estas secções não são longas e ela tem novos truques na manga.

Para compensar, e em adição aos gadgets, Peter e Miles têm à sua disposição quatro habilidades especiais, juntamente com uma habilidade derradeira. Obviamente, cada um tem o seu estilo de combate que se reflete nas habilidades, mas estas também vão mudando ao longo do jogo, à medida que vão sendo evoluídas ou desbloqueados poderes novos. Por exemplo, alguns trailers e vídeos de jogabilidade mostraram Peter com o simbionte. Quando usa o simbionte, Peter ganha novas habilidades de combate. Isto é suportado por não uma, mas sim três skill trees que vão servir para melhorar as habilidades de combate de cada um e a eficácia da exploração transversal da cidade.

Por falar em exploração, se baloiçar pela cidade já era divertido nos anteriores jogos, agora é ainda mais. Peter e Miles ganharam novos truques que permitem percorrer a cidade de forma mais rápida. Por exemplo, eles contam agora com a possibilidade de planar temporariamente e utilizar correntes de ar para voar muito mais rápido e por maiores períodos de tempo. Além disso, depois de desbloqueadas na respetiva skill tree, a velocidade de balouçar e de voar podem ser aumentadas, juntamente com a possibilidade de fazer um loop completo para ganhar ímpeto extra. Há também a possibilidade de utilizar qualquer parte do cenário para criar um efeito fisga e ser disparado a grande velocidade. Claramente foi feita uma enorme otimização para ser possível viajar pela cidade tão rapidamente e sem perder detalhe visual. Alternativamente, há o fast travel, que é mesmo rápido e integrado brilhantemente de forma disfarçada. Basta escolher um ponto qualquer do mapa e eis que se vê uma animação curta do Spider-Man a aparecer nessa zona.

Todas estas melhorias à exploração transversal são muito bem vindas, porque o mapa do jogo é maior. Além da área existente nos dois anteriores jogos, Marvel’s Spider-Man 2 conta também com as adições de Brooklyn e Queens. Tamanha área necessita de ser preenchida, o que significa atividades secundárias. Existe uma quantidade generosa de conteúdo secundário, mas este conteúdo é de maior qualidade e oferece uma maior diversidade de situações. Este conteúdo inclui atacar postos avançados e bases do Kraven, alguns combates virtuais, combates de sobrevivência e perseguir pássaros mecânicos, entre outras coisas. Como recompensa, dão recursos para evoluir os gadgets e desbloqueiam novos fatos. As missões secundárias são também de maior qualidade e, acima de tudo, têm maior relevância para os eventos globais. Nada é obrigatório para se avançar na campanha, mas é conteúdo bem vindo para quem quer tirar mais partido da excelente jogabilidade.

A Insomniac Games merece elogios pela forma como conseguiu passar a sensação de que a cidade está a ser protegida por dois Spider-Man. É possível alternar entre os dois fora das missões em qualquer altura, coisa muito útil porque existe algum conteúdo secundário que só pode ser acedido exclusivamente por um ou pelo outro. Além disso, é possível dar de caras com o outro Spider-Man quando se responde a um pedido de ajuda. Por exemplo, estava a controlar o Miles quando vi um camião cisterna a ser atacado. Quando dei início ao evento, eis que o Peter aparece para ajudar. Também aconteceu o oposto. Isto traz algum dinamismo ao mundo e ao facto de que ambos são super-heróis. Dito isto, não gostei que o fast travel tenha que ser desbloqueado em cada distrito. Embora andar pela cidade seja mais rápido e divertido que nunca, fast travel é sempre útil.

Visualmente, Marvel’s Spider-Man 2 é um jogo belo e um bom salto comparativamente ao que se viu em Marvel’s Spider-Man: Miles Morales. O mapa é mais denso em nível de detalhe, a draw distance é maior, e o sistema de iluminação mais rico. As personagens são igualmente mais detalhadas, pese embora tenha notado algum ruído no seu cabelo fruto do modo gráfico escolhido. Estão disponíveis três modos gráficos, todos com ray-tracing ativado. Os jogadores podem escolher o Quality Mode a 30 FPS numa resolução mais alta, Performance Mode a 60 FPS com uma resolução mais baixa, e quem tiver um painel que suporte 120Hz pode escolher o modo 40 FPS de forma a ter o melhor dos dois mundos. Eu experimentei todos os modos, mas acabei por jogar no modo performance e não notei qualquer problema de fluidez nas minhas sessões, além de que achei a qualidade de imagem boa na minha TV OLED. Importa mencionar que a longevidade deste título não difere muito da do Marvel’s Spider-Man, ou seja, dependendo do que se faça pode durar entre 20 e 35 horas.

Marvel’s Spider-Man 2 não reinventa a roda, mas também não precisava de o fazer. Em vez disso oferece uma experiência de tamanho semelhante ao primeiro título, mas com uma maior carga emocional, uma maior quantidade de momentos épicos e uma jogabilidade aprimorada. Marvel’s Spider-Man 2 é uma espécie de best-off que combina o melhor dos dois anteriores jogos, polvilhado com muitas surpresas para apresentar aquele que é um dos melhores jogos de super-heróis de sempre.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9.5

9.5

Em suma, Marvel's Spider-Man 2 é melhor em todos os aspetos que os anteriores dois jogos e oferece uma aventura cheia de ação e emoção.

User Rating: 3.69 ( 13 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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