Análises

Tekken 8

Uma nova edição do King of Iron Fist Tournament

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Embora atualmente exista algum descontentamento em torno de Mortal Kombat 1, a verdade é que os últimos anos proporcionaram aos fãs de jogos de luta títulos de grande qualidade, incluindo Guilty Gear Strive, Street Fighter 6, Granblue Fantasy Versus: Rising e, mais recentemente, Under Night In-Birth II Sys:Celes. Eis que agora chega a vez de Tekken entrar em cena com o oitavo título numerado. Tekken 7 já tinha sido uma boa entrada na série, mas apresentava algumas falhas relevantes que foram salientadas ainda mais pela pandemia. Tekken 8 visa corrigir essas falhas e proporcionar um Tekken mais agressivo e espetacular de jogar e de assistir. Será que o resultado é positivo?

Tekken é uma série de jogos de luta num plano 3D que têm um estilo de combate focado em juggles. Fazer longos combos não é necessário para se conseguir vencer combates, mas é extremamente útil saber como tirar partido destas oportunidades. A jogabilidade de Tekken 8 é muito semelhante à de Tekken 7, incluindo o regresso das Rage Arts, que são ataques devastadores disponíveis quando a vida está baixa, mas existe uma novidade que tem o objetivo de incutir uma maior agressividade e incentivar com que os jogadores se enfrentem ao invés de recuar. Falo do sistema de Heat. Por debaixo da barra de vida está a barra de Heat. Heat é um recurso que pode ser usado apenas uma vez por ronda e só fica ativo por um curto período de tempo. Quanto ativado, as propriedades de alguns golpes são alteradas e é também possível fazer um ataque especial. É difícil prever como a comunidade irá reagir a este sistema após o período de lua de mel, mas por agora, parece-me uma boa adição aos combates.

Tekken 8 continua diretamente os eventos vistos em Tekken 7, na medida em que Kazuya Mishima entra em guerra contra o mundo inteiro. Como primeiro passo, ele cria um novo torneio com o intuito de decidir quem sobreviverá e quem será apagado do mapa. Cabe a Jin Kazama e aos seus aliados tentar evitar que isso aconteça. A história é completamente over the top, mas no bom sentido. O modo proporciona 5 ou 6 horas de diversão e com alguns momentos de hype. Se há algo a criticar é na forma como as duas personagens estreantes, Azucena e Reina, são incluídas na história. Azucena praticamente só teve meia dúzia de falas durante o modo e sempre em torno de café, tornando-se muito monótona. Reina teve mais algum tempo de antena, mas gostaria de que tivesse tido mais algum destaque. É compreensível que este seja o seu ponto de estabelecimento na série, mas gostaria de ter visto mais um pouco dela.

Já que estou a falar no elenco, Tekken 8 oferece um elenco base de 32 lutadores. Os jogadores podem contar com veteranos da série, entre os quais Hwoarang, Bryan Fury, Ling Xiaoyu, Paul Phoenix, Nina Williams e King. De regresso está Jun Kazama, que não fazia parte de um Tekken principal numerado desde o Tekken 2 e, como disse anteriormente, Azucena e Reina são as duas únicas personagens estreantes. Pode-se dizer que é um elenco seguro, com pouco risco, o que acaba por ser verdade, mas não deixa de ser um elenco que oferece uma boa dose de variedade em termos de estilos de combate.

Os Tekken costumam ser jogos fáceis de pegar e fazer algo espetacular acontecer no ecrã, mas costumam ser igualmente dos jogos de luta mais difíceis de masterizar. Isto acontece porque o conhecimento adquirido em jogos anteriores consegue na sua maioria ser transferido para a nova entrada. Os Tekken são literalmente a definição de “knowledge check”. Tekken 8 não foge à regra. Quem joga regularmente Tekken irá rapidamente conseguir fazer a transição para este novo título e terá uma grande vantagem sob quem entra agora na série pela primeira vez ou sob quem jogavam esporadicamente Tekken 7. Mas não é preciso desanimar, pois o jogo oferece várias ferramentas que possibilitam aos novos jogadores ir lentamente se habituando a este tipo de combate.

Uma dessas ferramentas chama-se Arcade Quest, um modo single player que funciona como um glorificado e expandido modo de tutorial. Os jogadores vão criar o seu avatar e entrar no papel de um jogador novato que chega às arcadas e joga Tekken pela primeira vez. Penso que seja fácil perceber o paralelismo entre o mote do modo e o seu objetivo. Aqui são ensinados os sistemas de combate, assim como princípios básicos do combate de Tekken. Certo, os veteranos não verão aqui muito valor, mas este modo é virado principalmente para os novatos na série e para os jogadores mais casuais. Pode não ser um modo super entusiasmante, mas acho que faz um bom trabalho a introduzir o que é Tekken aos novos jogadores.

Depois disso, existe o verdadeiro modo de Training, que oferece muitas ferramentas aos jogadores para se prepararem para os combates online. Como disse anteriormente, Tekken é um gigante “knowledge check”, como tal, conseguir tirar total partido do que é oferecido aqui é uma boa ajuda para se ir aprendendo aos poucos. Por exemplo, em Tekken, nem todos os combos são verdadeiros combos, o que significa que um adversário terá tempo para bloquear entre um dos golpes. É possível ajustar esta opção no training dummy, de forma a se perceber o que é um verdadeiro combo e o que não é. Também é possível ajustar as opções de forma a se poder treinar os erros dos adversários, e neste caso, o jogo oferece o exemplo de alguns golpes que podem ser usados para esse efeito. Outra opção muito útil é escolher golpes específicos e colocar o training dummy a executar esses golpes para se poder treinar a defesa. No geral, é um modo muito completo, não só a nível de opções como também em termos de informação dada.

Caso os jogadores ainda não se sintam preparados para se aventurarem no online, Tekken 8 oferece bastante conteúdo single player. Aliás, diria que este é um dos melhores jogos da série até à data nesse departamento. Em adição ao Story Mode cinemático, existem os Character Episodes, que é uma espécie de mini Arcade Mode de cinco batalhas em que cada personagem tem o seu final. Depois, existe o Arcade Battle, que é o genuíno modo arcade, e o típico Versus Mode disponível contra outro jogador local ou contra o CPU. E de regresso, após vários anos de ausência, nomeadamente desde o Tekken Tag Tournament 2, está o modo Tekken Ball, que consiste em lutas 1 vs 1, mas em volleyball de praia.

E eis que chega a hora de entrar no modo online. A componente online não era fantástica no Tekken 7. Apesar da popularidade do jogo, a verdade é que o netcode era inconsistente independentemente do tipo de ligação do adversário, trazendo assim alguma frustração. Mas como se porta este modo em Tekken 8? A minha experiência no online de Tekken 8 foi bastante positiva no geral, sem lag ou input delay desde que o oponente estivesse ligado por cabo. Por wifi, a coisa não foi bem assim, e aconteceram partidas contra jogadores ligados por wifi onde notei alguma turbulência. Felizmente, o jogo oferece a indicação se o oponente encontrado está ligado por wifi ou por cabo, o que ajuda a evitar essas instâncias antes de aceitar a partida. De referir que o jogo suporta cross-play entre todas as plataformas, o que é algo muito positivo e que irá beneficiar a comunidade a longo prazo.

O modo online traz consigo uma ferramenta muito útil, nomeadamente os replays dos combates contra outros jogadores. Os replays em si não é nada de novo ou extraordinário, mas o que permitem fazer, isso sim é fantástico. É possível entrar num replay e analisar o que aconteceu, e o jogo diz onde errámos e diz o que deveríamos de ter feito nessa situação. Inclusive, até é possível controlar o nosso lutador no replay e executar essa sugestão dada pelo jogo. É uma fantástica ferramenta de aprendizagem.

Para terminar, Tekken 8 utiliza o Unreal Engine 5, e o resultado é um jogo visualmente muito apelativo e um salto notório relativamente ao Tekken 7. As personagens e cenários têm um maior nível de detalhe, e os efeitos são de maior qualidade. Durante o meu tempo com o jogo, não notei quebras de performance, tanto offline como online, nem mesmo em situações mais caóticas ou de transição de cenários. A banda sonora é de grande qualidade, mas quem se sentir mais nostálgico ficará contente em saber que existe uma Jukebox, que permite personalizar as músicas do jogo com músicas de Tekken anteriores.

Em suma, Tekken 8 tem imenso conteúdo single player, e um bom e variado leque de personagens base que irá agradar tanto a novos jogadores como a veteranos. O modo online é no geral melhor do que o visto em Tekken 7, particularmente contra jogadores ligados por cabo, mas a experiência contra jogadores ligados por wifi é algo inconsistente. Se por um lado, pode ser um pouco assustador entrar em Tekken 8 tal a quantidade de coisas que se tem de aprender, por outro lado, o jogo oferece todas as ferramentas necessárias para que esse processo seja feito progressivamente ao longo do tempo e de forma divertida. Muito simplesmente, Tekken 8 é o melhor jogo desta série desde Tekken 5.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Muito simplesmente, Tekken 8 é o melhor Tekken desde Tekken 5 e uma das melhores entradas desta série até à data.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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