Análises

Final Fantasy 7 Rebirth

Let's mosey.

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Lançado há 27 anos atrás para a primeira PlayStation, o original Final Fantasy 7 é ainda hoje considerado como sendo uma das melhores entradas da série Final Fantasy e um nome de referência no género RPG. O elenco de personagens cativante, a história profunda e um mundo interessante e muito bem realizado contribuíram para que o jogo permanecesse um clássico no género. Aliás, este mundo é tão rico que fez nascer prequelas e spin-off. Os fãs tiveram de esperar muito tempo por um remake, mas em 2020, eis que foi lançada a primeira de três partes que compõem o projeto. Agora, quatro anos depois, chega a segunda parte. E que parte que é.

Final Fantasy 7 Rebirth dá imediato seguimento aos eventos de Final Fantasy 7 Remake. O grupo, após ter escapado de Midgar, chega em segurança à cidade de Kalm. Aqui, Cloud conta como se cruzou pela primeira vez com Sephiroth e o que aconteceu à sua cidade natal. E assim, inteirado da situação, o grupo segue numa viagem pelo mundo em busca de pistas do paradeiro de Sephiroth e em busca de formas de parar os seus planos. Obviamente, estou a simplificar a coisa, porque a história deste jogo é mais profunda do que aparenta à primeira vista, principalmente na forma como os eventos afetam as personagem. Quem jogou o original Final Fantasy 7 sabe do que falo. Quem não jogou, vai descobrir. Não vou revelar mais detalhes para não estragar a surpresa a ninguém, mas a história e as personagens continuam tão boas quanto eram há 27 anos atrás.

Aliás, retiro parcialmente o que disse. As personagens estão melhor do que antes, pois foram melhor desenvolvidas. Aqui destaco principalmente Aerith e Yuffie. No original, Aerith não recebeu a devida atenção durante a secção de Midgar, algo que foi corrigido em Final Fantasy 7 Remake e que se reflete neste jogo. Por sua vez, Yuffie era uma personagem opcional, como tal, não estava devidamente integrada na história original tanto que nem aparecia nas cutscenes. Isto foi corrigido em Final Fantay 7 Rebirth, pois Yuffie é agora um elemento devidamente integrado nos acontecimentos. Além disso, também fizeram um bom trabalho a desenvolver a sua personalidade. No original, Yuffie era algo irritante, enquanto que neste jogo ela é retratada como sendo uma adolescente energética mas um pouco ingénua. O elenco de Final Fantasy 7 é um dos seus pontos fortes, não só em termos individuais na forma como lidam com as adversidades, como também em termos coletivos na forma como reagem às coisas e como interagem entre si. É um elenco extremamente diversificado em personalidades, mas que combina muito bem.

Final Fantasy 7 Remake lançou a fundação, mas como foi o primeiro episódio do projeto e ficou confinado a Midgar, não ofereceu a sensação de viagem pelo mundo que o original jogo, ou melhor, que os clássicos Final Fantasy ofereceram. Felizmente, Final Fantasy 7 Rebirth trás de regresso essa característica clássica da série. Não consigo salientar o suficiente o quão bom é voltar a ver cidades em HD num Final Fantasy. Não me refiro apenas a uma rua que serve de fachada, a uma pequena localidade ou acampamento, mas sim uma verdadeira cidade. Kalm, por exemplo, é uma cidade cheia de vida, com lojas, pessoas na rua a passear, bares, e locais de convívio. Por sua vez, Costa del Sol é um paraíso tropical turístico, oferecendo assim um cenário completamente diferente. E Gold Saucer é um parque de diversões cheio de atividade e atrações que pode ser considerado um Disney World ao extremo. É incrível a forma como estes locais icónicos foram retratados e modernizados.

Mas o mesmo pode ser dito do mundo em si. Quando o projeto foi oficialmente anunciado, confesso que esperava que o mundo fosse semelhante ao que se viu nos modernos Final Fantasy, incluindo em Final Fantasy 16 lançado no ano passado, ou seja, áreas de médio tamanho relativamente lineares separadas por um menu ou ecrãs de loading. Surpreendentemente, não é o caso. Cada área do mapa é enorme e pode ser explorada à vontade, mediante a altura da história em que se esteja e o transporte em mão, claro, mas o que quero dizer é que a exploração do mundo é mais próxima daquilo que era no original Final Fantasy 7 do que esperava. O facto de terem conseguido recriar estas áreas grandes e oferecerem liberdade de exploração em simultâneo e sem loadings é de louvar.

Isto significa também que existe bastante conteúdo secundário para se fazer. Cada região tem locais para analisar e inimigos opcionais para lutar, que por sua vez dão como recompensa a possibilidade de desenvolver nova matéria. Pois é, Chadley está de regresso, juntamente com o seu dispositivo de realidade virtual. Quanto mais se explorar um local, mais Materia pode ser desenvolvida. Além disso, cada região tem o seu Summon. É possível lutar contra estes Summons imediatamente no simulador do Chadley, mas ao início, estas entidades estão na sua máxima força. Para facilitar a sua obtenção, convém analisar os três altares de cada Summon na sua respetiva região, de forma a que seja possível baixar a dificuldade da luta. Isto não tem consequências na força da Materia; é apenas por uma questão de desafio.

Como não poderia deixar de ser, também existem sidequests em cada região, sendo que existem de forma mais comedida comparativamente a outros jogos do género. Embora a maioria não seja muito complexa, acabam por ter alguma ligação com uma das personagens da equipa. Por exemplo, uma das primeiras sidequests envolve ir buscar uma carta que um bartender perdeu. Esta quest dá um maior destaque a Tifa, pois ela teve esta profissão no bar Seventh Heaven em Midgar. Um pouco mais à frente, uma outra sidequest, desta vez ligada a Red XIII, envolve seguir o rasto de um monstro que atacou uma quinta. Estas quests acabam por oferecer um pouco mais de informação sobre as personagens e possibilitam uma maior conexão com o jogador.

Esta comparação pode ser um pouco estranha, mas o original Final Fantasy 7 é o Yakuza da série Final Fantasy. O que quero dizer com isto? O original jogo, tal como a série Yakuza, agora conhecida com o nome Like a Dragon, mistura uma história profunda e emocionantes, por vezes até desconcertante, com momentos de maior leveza proporcionados pela interação das personagens entre si e do uso de minijogos. O original Final Fantasy 7 tinha mais de uma dezenas de minijogos, e felizmente, Final Fantasy 7 Rebirth abraçou este aspeto e oferece modernas versões de alguns desses minijogos e também minijogos novos. Isto inclui corridas de chocobo, partidas de Fort Condor, tiro ao alvo, lutas em mota, tocar piano, e a icónica parada em Junon. Existem mais, mas devo destacar o minijogo Queen’s Blood, aquele que é o melhor jogo de cartas de um Final Fantasy. Mas melhor ainda é que o Queen’s Blood é mais do que aparenta e tem algo de misterioso em sem torno.

No que toca ao combate em si, Final Fantasy 7 Rebirth utiliza a excelente fundação oferecida em Final Fantasy 7 Remake que combina ataques em tempo real com a utilização de ATB dos combates por turnos do original título, mas expande o número de personagens jogáveis, significando que a composição das equipas é mais variado e de forma mais regular. Inclusive, é possível criar diferentes equipas e alternar entre as mesmas em tempo real durante os combates. Além disso, foram implementados ataques especiais que podem ser executados por um par de personagens. Cada par tem a sua combinação diferente. Depois, sendo este jogo de maior escala que o seu antecessor, significa que existe mais Materia e, consequentemente, uma maior combinação possível de efeitos. Por fim, há uma maior variedade de inimigos e situações, que vai variando há medida que se progride por cada região, resultando numa experiência mais diversificada e fresca ao longo de toda a aventura.

Fora das batalhas, as personagens também têm as suas mecânicas próprias que são utilizadas na hora da exploração, em particular das dungeons, e na execução de puzzles ambientais. Yuffie, por exemplo, consegue utilizar um gancho para poder balouçar entre sítios e abrir portas para o resto da equipa poder avançar. Por sua vez, Barret consegue disparar e, assim, partir pedras ou objetos para abrir caminho. No geral, estas dungeons estão consideravelmente melhor desenhadas que as do Final Fantasy 7 Remake, o que não deveria de ser surpresa dada a maior escala desta sequela, mas que não deixa de ser bom confirmar que de facto está melhor.

Há um ponto menos bom que deve ser mencionado, nomeadamente no aspeto técnico. Final Fantasy 7 Rebirth é visualmente um jogo belo, extremamente denso em detalhe, locais muito bem desenhados, e com personagens muito bem modeladas. Contudo, neste momento, o modo Performance, que corre a 60 FPS, tem alguma falta de claridade devido à menor resolução. A equipa de desenvolvimento encontra-se a trabalhar numa atualização para melhorar isto, mas por agora, no ato de escrita desta análise, nota-se essa menor claridade especialmente em painéis 4K. Alternativamente, está disponível um modo a 30 FPS com maior resolução para quem preferir. Eu escolhi o modo Performance pela maior fluidez e, se por um lado lidei com uma menor claridade, por outro, não tive problemas de fluidez. A experiência foi boa do início ao fim.

A partir de Final Fantasy 12, inclusive, a franquia Final Fantasy perdeu alguns dos elementos que estavam presentes nos clássicos títulos da série. Por muito bons que os títulos tenham sido e por muito que tenha gostado deles, tornaram-se muito sérios e acabaram por ser menos diversificados na experiência como consequência. Final Fantasy 7 Remake deu o primeiro passo para reconquistar esses elementos perdidos, mas é Final Fantasy 7 Rebirth que consegue trazer com sucesso a magia dos títulos clássicos da série. O jogo combina uma história profunda e misteriosa com cenas estapafúrdias para aliviar a tensão. O elenco de personagens é um dos melhores da série e tem agora as ferramentas certas para ser devidamente explorado. O sistema de combate casa na perfeição um estilo de combate moderno de ação com o estilo clássico por turnos. E a música, agora instrumental, é a cereja no topo do bolo. Final Fantasy 7 Rebirth é um jogo fantástico.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9.5

9.5

Final Fantasy 7 Rebirth é um jogo fantástico que consegue capturar com sucesso os principais elementos que tornaram o original título de 1997 num sucesso, ao mesmo tempo que melhora algumas das suas falhas.

User Rating: 3.58 ( 8 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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