Análises

Dragon’s Dogma 2

Look Arisen, a Ladder!

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Apesar dos problemas técnicos, Dragon’s Dogma foi um dos jogos que mais gostei de jogar na PlayStation 3, principalmente quando recebeu a expansão Dark Arisen. A fantástica sensação de descoberta acompanhada por perigos constantes e situações épicas tornaram o jogo numa experiência memorável, a ponto de ter colocado centenas de horas no jogo. Infelizmente, os fãs como eu tiveram de aguardar mais de 11 anos por um novo título, mas eis que isso finalmente aconteceu: Dragon’s Dogma 2 está aí.

Apesar do nome, Dragon’s Dogma 2 não é propriamente uma continuação do primeiro jogo. Em vez disso, pode ser considerado um soft reboot ou uma espécie de Dragon’s Dogma Redux. De facto, este título tem uma fundação muito semelhante à do primeiro jogo, incluindo na história. O jogador vai novamente encarnar o papel de Arisen, alguém que tem o poder de controlar Pawns e que, consequentemente, é o verdadeiro governante. Este poder tem uma certa ligação com um misterioso dragão vermelho, sendo este também um dos principais pontos da história.

Quem jogou o primeiro Dragon’s Dogma vai rapidamente ver as semelhanças, mas o caminho pelo qual a história segue é algo diferente. Não vou revelar mais detalhes, mas confesso que gostei mais da campanha do primeiro jogo pois oferecia mais pontos altos, em particular quando envolviam a exploração de dungeons como Bluemoon Tower ou Greatwall Encampment. Não é que a história fosse fantástica, mas os set pieces compensavam. Como tal, é algo desapontante que Dragon’s Dogma 2 consiga ser um pouco pior neste aspeto, tanto na narrativa como nas grandes sequências.

Por outro lado, a exploração continua tão divertida quanto antes. O jogo não oferece grande ajuda, mas dá a informação básica necessária sobre o que é preciso fazer para avançar a história. Cabe depois ao jogador decidir se vale a pena arriscar enveredar por outros caminhos e explorar o mundo em busca de melhor equipamento, mesmo que isso acarrete enfrentar Ogres, Chimeras e Griffins, já para não falar em dragões. Esse risco aumenta de noite, pois aparecem outros tipos de inimigos e torna-se mais complicado detetar emboscadas. E quando mais se combate e mais dano se leva, menor se torna a nossa barra máxima de vida. Para a recuperar na totalidade é necessário acampar em locais próprios para o efeito. Contudo, há sempre o risco de se sofrer um ataque durante um acampamento e se perder o equipamento necessário para se acampar. A exploração do mundo não perdoa, mas também é um dos fatores que a torna tão interessante.

Dragon’s Dogma 2 é um jogo puramente singleplayer, mas pode-se jogar normalmente acompanhado por NPC’s chamados Pawns. Este é o mesmo sistema do primeiro Dragon’s Dogma. Depois de criarem a sua personagem, os jogadores terão de criar um Pawn, o seu fiel companheiro que o seguirá por toda a aventura. Posteriormente, esse Pawn poderá ser contratado por outros jogadores e, no processo, receber como recompensa itens, equipamento e até conhecimento de certos segredos ou inimigos. No total, os jogadores poderão ser acompanhados por três Pawns, sendo que o ideal é ter um grupo equilibrado no que toca a classes, aqui chamadas Vocations. Além disso, cada Pawn tem a sua personalidade que ditará o seu tipo de comportamento. Este é um sistema interessante e que permite alguns momentos de grande qualidade. Por exemplo, a certa altura, numa luta contra um inimigo de grandes proporções, fiquei sem stamina e escorrego do monstro, mas um dos Pawns apanha-me antes de cair no chão.

No início estão disponíveis quatro vocations, nomeadamente Archer, Fighter, Mage e Thief. Ao longo da aventura serão desbloqueadas mais umas quantas classes, incluindo classes híbridas. Existe uma boa variedade de classes que deverão agradar à maioria dos jogadores, mas é uma pena que algumas do primeiro jogo tenham ficado para trás. Aqui menciono especificamente Assassin e Mystic Knight. Assassin foi a classe que mais gostei de utilizar no primeiro jogo, como tal, a sua ausência fez-se sentir. Comecei com Fighter e acabei por experimentar quase todas as vocations, mas no final assentei na classe Thief e foi com esta classe que joguei a maior parte do tempo. Há medida que se derrotam inimigos vai-se ganhando experiência e evoluindo o nível da classe. Com isto são desbloqueadas habilidades passivas que podem ser equipadas sem restrições e independentemente da classe que se está a utilizar. Por exemplo, é possível de utilizar uma habilidade passiva da classe Fighter enquanto se joga com Thief. Isto significa que a escolha de classe não requer um compromisso definitivo. Estas habilidades passivas incluem, por exemplo, o aumento de vida, de stamina ou a capacidade de carregar mais peso, entre outras coisas.

Um ponto menos positivo está na variedade de inimigos. Estando separados por 11 anos, seria de esperar que Dragon’s Dogma 2 apresentasse uma maior variedade de inimigos que a do primeiro jogo. No entanto, tal não acontece. A variedade de inimigos é muito semelhante entre títulos. Ora, por si só, isto não é um problema, mas como a frequência de combate é consideravelmente maior neste título, essa pouca variedade é rapidamente evidente. Para dar um exemplo específico, entre Checkpoint Rest Town e Battahl, que até não é um caminho longo, lutei contra dezenas de Goblins, uma dúzia de inimigos humanos, uma dezena de Harpies, meia dúzia de lagartos gigantes, dois Cyclops, uma Chimera e um Griffin. Nesta secção de estrada lutei contra cerca de dois terços dos inimigos existentes no jogo. Ao longo da aventura, tal frequência de combate acaba por moer um pouco a vontade de sair do caminho principal.

Continuando pelos aspetos menos positivos, há que falar na parte técnica. Mantendo aquilo que já parece ser tradição nesta série, a performance de Dragon’s Dogma 2 deixa a desejar. O jogo neste momento permite escolher entre jogar com a frame rate desbloqueada ou bloqueada a 30 FPS. A primeira opção, embora ofereça uma maior fluidez em determinadas áreas ou situações, é inconsistente e nota-se a flutuação na fluidez. Por sua vez, a opção de bloquear a frame rate a 30 FPS, que deveria de oferecer uma maior consistência, apresenta frame pacing. Isto dá a sensação de que há quebras de frame rate mesmo quando na prática tal não acontece. A performance é, a par da pouca variedade de inimigos, a minha principal crítica ao jogo.

Quanto aos gráficos em si, o salto entre o primeiro jogo e este é super evidente. Isto dificilmente será uma surpresa dados os anos que separam os títulos, mas o RE Engine claramente consegue entregar um bom nível de detalhe, tanto nas personagens como no mundo. Não é que Dragon’s Dogma 2 seja o jogo em mundo aberto mais impressionante disponível nas consolas, mas isso não muda o facto de ser um jogo visualmente apelativo, com um bom nível de detalhe e artisticamente consistente do início ao fim.

No final, estaria a mentir se dissesse que Dragon’s Dogma 2 atingiu todas as minhas expetativas. Gostava que o jogo tivesse seguido as pisadas de Dragon’s Dogma: Dark Arisen, mas em vez disso, tanto para o bem como para o mal, apostou totalmente naquilo que a versão original do primeiro jogo ofereceu. Não é que isso seja negativo, pois o primeiro Dragon’s Dogma é um título de qualidade, mas esperava mais e esperava que alguns dos problemas não se tivessem repetido. Dito isto, e mesmo com as suas falhas, diverti-me bastante nas dezenas de horas que passei com este título e é sem dúvida um bom RPG. Mas acima de tudo, estou contente por esta franquia estar de volta.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

A pouca variedade de inimigos e a performance inconsistente são os principais problemas de Dragon's Dogma 2. Ainda assim, este é um bom RPG e um que os fãs do primeiro jogo vão certamente gostar.

User Rating: 5 ( 1 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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