Análises

Dragon Quest Builders (Nintendo Switch)

Blocos e dragões

Versão testada: Nintendo Switch

Dragon Quest Builders é Minecraft com toques de Dragon Quest. Um choque, certo? Explorar um mundo feito de blocos que podemos destruir e usar como material para construir outras coisas é a maneira mais longa de explicar o jogo, mas toda a gente sabe o que é o Minecraft.

Builders não nos dá a total liberdade de fazermos o que quisermos, nem traz a possível desorientação que a acompanha: aqui há uma história, estrutura e objectivos. Controlamos o último humano capaz de construir ou criar o que quer que seja, mas, como (in)convenientemente perdemos a memória, reconstruir as cidades destruídas pelos monstros e ajudar a humanidade a voltar à glória vai ser um desafio. Somos livres de explorar e criar até certo ponto; como o mundo está dividido em ilhas e não podemos nadar, apenas os teleportes que apanhamos por seguir a história nos deixam avançar. Além disso, não podemos criar instrumentos ou itens sem ter as receitas e isso implica seguir a história, fazer missões ou encontrar certas personagens no mundo.

Esta linearidade e liberdade de experimentação relativamente limitada, acompanhadas de várias personagens coloridas e uma história que deve agradar a quem jogou o primeiro Dragon Quest (não sendo de todo necessário fazê-lo), podem ser uma vantagem, um ímpeto para seguir em frente com um objectivo enquanto se brinca com blocos.

Construir uma cidade implica mais do que fazer muros e defesas; é preciso criar quartos, cozinhas, lojas, ferreiros e afins. Subindo o nível das cidades, atraímos mais habitantes, mais histórias, missões e construções. Apesar de estarmos sempre algo limitados, rapidamente conseguimos fazer imensas coisas com a nossa povoação. Uns simples muros de terra podem chegar, mas a hipótese de fazer um castelo enorme está lá à mesma.

Completar um capítulo implica esquecer as receitas todas e começar numa terra nova; com os seus desafios diferentes e algumas receitas novas a aparecerem, há algo de interessante em carregar no botão reset e estar outra vez vulnerável. Por outro lado, as missões rapidamente se tornam aborrecidas e ter de completar tantas para ganhar liberdade, apenas para depois desaparecer tudo e ser preciso fazer ainda mais tarefas desinteressantes, não é muito recompensador.

Quando isto se torna demasiado sufocante, há o modo Terra Incognita, onde somos livres de explorar e criar a nosso bel-prazer. Temos acesso a todas as receitas que aprendemos no modo de história, locais próprios para ver criações de outros jogadores online ou partilhar as nossas e um grande mapa onde podemos passear e construir à vontade. Infelizmente não há qualquer modo multijogador, nem mesmo offline. Para isso, é preciso esperar pela sequela.

O jogo é bastante intuitivo e conveniente quando chega a altura de criar, mas nem tudo é bom.  Às vezes é difícil ser preciso e colocar ou destruir no local exacto e, graças à perspectiva na terceira pessoa, trabalhar em locais apertados é frustrante, o que torna a exploração subterrânea algo a evitar e limita a viabilidade de muitas construções. Ficando sem tecto, com algum hábito e bons planos, é acessível pôr os nossos planos em prática.

Tendo em conta que as versões originais do jogo saíram em 2016 e que já está anunciada a sequela para a Switch e PS4, seria simpático que este lançamento tivesse melhorias ou algum conteúdo exclusivo. Infelizmente não é o caso, mas a versão Switch de Builders é um bom port: a resolução é 720p em ambos os modos (face aos 1080p na PS4), correndo a 60 fps no modo consola e 30 no modo portátil, com algumas quebras aqui e ali, mas nada que incomode muito. Naturalmente há alguns downgrades visuais face à versão PS4 (nas sombras, por exemplo), mas a apresentação sobrevive praticamente incólume; o característico estilo de Akira Toriyama e os monstros que podemos esperar de um Dragon Quest – como os adoráveis Slimes ou os Bunicorns, que obviamente são coelhos com um corno – até combinam bem com um mundo feito de blocos.

A banda-sonora é composta por faixas clássicas de outros Dragon Quest; excelentes músicas, sem dúvida, mas, como passamos horas a arranjar materiais, fazer planos e construir meticulosamente, apreciava-se algo mais “atmosférico” e menos intrusivo, já que é preciso ouvir as mesmas músicas durante horas e horas.

Builders dá-nos ferramentas de criação mais limitadas do que a sua fonte de inspiração, mas dá-nos também uma estrutura, objectivos e razões para nos ligarmos ao mundo onde gastamos tantas horas a construir. Para quem quer brincar com blocos sem abdicar de uma grande aventura, Dragon Quest Builders é uma boa escolha.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

Com uma estrutura algo monótona e demasiado restritiva no modo de história, Dragon Quest Builders é mesmo assim mais do que capaz de manter uma pessoa horas a fio a construir sob o pretexto de estar a salvar o mundo.

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