Análises

Dark Souls Remastered

Bem-vindo, velho amigo.

Versão testada: PlayStation 4

Haverá alguma coisa mais que se poderá dizer acerca deste jogo? Não, não me enganei na posição desta primeira frase. Dark Souls será certamente um dos jogos mais importantes e influentes dos últimos dez anos. A expressão “souls like” tornou-se numa espécie de barómetro que alguns dos jogos que desde então foram sendo lançados usavam para dizer ao jogador “olhem que o nosso jogo é difícil!”, como se isso bastasse e fosse o ponto mais importante.

Depois da grande antecipação que foi o lançamento em 2011 e ser confirmado que estávamos perante um excelente jogo, houve, mesmo do seu criador, reconhecimento que nem tudo foi perfeito no trabalho que foi feito no jogo. É uma proposta aliciante este remaster, sobretudo no que diz respeito aos aspectos técnicos, e podem multiplicar/triplicar o nível de expectativas caso ainda não tenham jogado o original. Ainda assim nem tudo saiu perfeito, no entanto, não mancha de todo o esplendor que é, e continua ser, um dos melhores jogos em termos design que a geração anterior nos trouxe. Aliás se nunca jogaram a versão PC, são brindados com a melhor versão que existe actualmente em consolas.

Para contextualizar um pouco as coisas, a nossa aventura desenrola-se em Lordran, cujo ciclo de perpetuação de vida, de existência, está ameaçado. Não esperem, apesar de todas as teorias que já foram escritas e pensadas, que será fácil ou definitivo chegar a um veredicto final sobre o que realmente quererá dizer Hidetaka Miyazaki; aliás nem foi esse o seu objectivo. O jogo é aquele cujas personagens e acontecimentos ditaram muito daquilo que foram os seguintes, com situações e memórias que, mesmo após o lançamento de sequelas, não foram quanto a mim, superadas.

Não deixa de ser algo estranho voltar ao combate mais lento e metódico deste jogo, especialmente depois de termos jogos como Dark Souls 3 que aceleraram o combate. Voltamos ao início, à génese de tudo. Voltamos também a um dos melhores e mais interessantes mundos criados na série. Tudo está interligado, tudo se encadeia perfeitamente com a área seguinte, tudo gira em volta de si mesmo, recompensando a exploração de uma maneira excelente. Falar do design é também falar dos inimigos e claro dos bosses. Uma das lutas mais icónicas da série, um duo, continua a entusiasmar e ser tão brilhante e excitante como da primeira vez. Apesar das várias mortes que vão sofrer pelo caminho, essas são sempre uma jornada de aprendizagem. Os bonfires (checkpoints) têm um bom espaçamento entre si, quando mais precisarem de um, acreditem que algum estará por perto.

Dada a natureza deste lançamento, não foram introduzidas mudanças significativas no que é o jogo. Temos a versão base mais a expansão Artorias of the Abyss. A From Software está ocupada com outros projectos, como tal não houve intenção de fazer quaisquer mudanças de maior a áreas que infelizmente nunca ficaram com a qualidade que a maior parte do jogo tem. Isso, eventualmente, ficará para um remake.

O combate, as animações, a exploração e a sensação de conquista após um desafio mais complicado, continua tudo isso de forma irrepreensível. Apesar das melhorias do remaster serem maioritariamente técnicas, houve algum cuidado para introduzir/melhorar aspectos que não mudando nada o conteúdo original, melhoram a experiência de forma geral. O número de jogadores em simultâneo aumentou, bem como a possibilidade de mudar de facções nos bonfire, permitindo uma escolha de papéis online consoante a nossa disposição. Mudar os controlos, aumentar ou diminuir o tamanho do HUD, possibilidade de convidar amigos via password e servidores dedicados, estão entre algumas das melhorias mais importantes.

A mais importante mudança, e porventura a que mais “transforma” o jogo, é sem dúvida os 60fps. Quem jogou o original sabe que o jogo tinha problemas em manter a performance em alguns casos. Havia uma área em particular que ficou mais conhecida pela sua péssima performance, o que aliado ao tipo área e seus desafios, não ajudava de todo os jogadores a superar o nível. O que foi prometido é cumprido, e salvo raríssimas excepções, onde me pareceu algo mais relacionado com o streaming do mundo, o jogo mantém-se sempre colado na performance desejada: 60fps. Para além de se tornar mais prazeroso, há momentos que conseguem ser mais dinâmicos e tornam certas batalhas algo diferentes, devido às animações serem trabalhadas para outra performance. Quem tem as consolas mais recentes quer da Sony ou Microsoft poderá usufruir de resoluções até 4k. O sistema de iluminação também foi melhorado bem como a generalidade do aspecto e texturas, muito graças ao aumento de resolução do jogo, não deixando de notar que neste campo foi feito apenas o mais básico.

Nem tudo são rosas, e apesar do grande mérito no lado da performance existem algumas texturas, em zonas específicas, que ficaram com um aspecto mais pobre, o que não prejudicando o pacote final, são de assinalar. A parte sonora contém também alguns problemas, nomeadamente com o que parece ser um ligeiro corte de som em determinadas áreas, isto naquelas que têm música. Já as vozes de alguns personagens parecem estar, por vezes, com um volume baixo, dificultando a sua audição. Se já jogaram o jogo várias vezes a nova performance desta versão torna-se um caso a considerar, mesmo que já conheçam os cantos à casa, é simplesmente a melhor versão que existe actualmente em consolas.

Se nunca jogaram o jogo e são fãs das sequelas, ou mesmo de Bloodborne, este remaster é uma compra obrigatória, pois em termos de design e pacote completo este jogo é muito difícil de superar. Dark Souls é um verdadeiro clássico, um marco da FromSoftware, e algo que mudou a perspectiva de muitas empresas de como tratar o jogador e ao invés de dizer, mostrar, nunca deixando de parte o primeiro. É talvez por aqui que descobrimos e percebemos a adoração e discussão em torno desta série, cada experiência é única. Não será o remake que alguns desejavam, mas nunca é tarde de mais para jogar uma verdadeira pérola, e nunca houve melhor altura se o quiserem fazer numa consola.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9.5

9.5

Pode não ser a versão remasterizada que alguns esperavam, mas as melhorias gráficas, de performance e outras pequenas melhorias técnicas tornam Dark Souls Remastered na melhor forma de experienciar o jogo icónico da FromSoftware.

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