Análises

Call of Duty: Black Ops Cold War

De regresso aos anos 80.

Versão testada: PlayStation 4 Pro

Após a controvérsia que houve no Call of Duty: WWII entre a Sledgehammer Games e a Activision, em que a Activision deu ordem de expulsão ao estúdio, Call of Duty voltou ao seu velho ciclo, ou seja, a Activision decidiu que o título de 2020 fosse parar às mãos Treyarch. E este Call of Duty: Black Ops Cold War é um regresso aos anos 80.

Primeiro que tudo, Call of Duty: Black Ops Cold War é uma sequela directa do Call of Duty: Black Ops e uma prequela do Call of Duty: Black Ops II. A campanha foi desenvolvida pela Raven Software e conta-nos que o Russell Adler (CIA Officer) persegue um espião soviético, chamado Perseus, que planeia subverter os Estados Unidos da América e estragar o balanço do poder através da União soviética. Os jogadores vão poder personalizar a sua personagem com o codename Bell. Como seria de esperar, personagens como Alex Mason, Frank Woods e o Jason Hudson estão presentes neste Cold War. Só não gostei do facto de terem alterado os actores que dão as vozes a estas personagens. Por exemplo, o Damon Victor Allen, que deu a voz ao Frank Woods neste Cold War, não supera o trabalho icónico do James C. Burns. A maioria das campanhas dos Call of Duty são boas, mas não são tão icónicas como foi com a do Black Ops II. Felizmente, na minha opinião, este Cold War chega a essa nível, além de que temos vários caminhos diferentes que nos levam a fins diferentes.

Chega então a altura de começar a falar da vertente multiplayer. Para o modo Combined Arms, temos Combined Arms Moshpit (Domination e Assault) e o VIP Escort. E neste modo podemos estar em mapas como o Armada, Crossroads e o Cartel, e utilizar veículos, nomeadamente motos, barcos e tanques. Temos um modo que eu gostei, chamado Fireteam: Dirty Bomb. Este modo envolve 40 Jogadores com 10 esquadrões de quatro que lutam numa guerra intensa, sendo que o objectivo deste é ganhar pontos através de duas maneiras: eliminar inimigos e coleccionar e depositar Uranium nas Dirty Bombs para detonarem. Neste Fireteam é muito aconselhável procurar e abrir caixas que estão espalhados pelo mapa para coleccionarmos Uranium, Armor plates, Self-Revives e Scoretreaks. A primeira equipa que chegar ao limite da pontuação, ganha. Fireteam: Dirty Bomb é uma pequena “pista” ao novo Warzone que vai estar presente em breve.

Continuando no multiplayer, aqueles que gostam de um estilo CoD mais tradicional, têm modos como o Team Deathmatch, Hardpoint, Domination, Kill Confirmed, VIP Escort, Control, Free for All e o Search and Destroy. Infelizmente, Black Ops Cold War tem um fraco conteúdo em termos de mapas no lançamento. Armada, Cartel, Checkmate, Crossroads, Garrison Miami, Moscow e o Satellite são para já os mapas que podemos contar no jogo. E sim, também em breve iremos contar com Nuketown e mais mapas gratuitos.

Felizmente, o Create a Class super personalizado que esteve presente no Call of Duty: Modern Warfare regressa para este Cold War. Muitos níveis para desbloquear nas armas e muitos attachments (com os seus prós e contras) para usarmos. De resto, vamos poder escolher armas, equipamento, field upgrades, perks e Wildcards nas nossas classes. Só pedia que o XP ganho nas armas fosse um bocado mais generoso. Convém dizer que o nosso ranking e o ranking das nossas armas estão interligados nos dois modos (Multiplayer e no Zombies). Por exemplo, se desbloquearmos algum attachment na Krig 6 no MP, o mesmo attachment da arma pode ser utilizado no modo Zombies. Também temos a possibilidade de personalizar os veículos. Sobre os Operators, temos duas facções que podemos escolher: NATO ou a Warsaw Pact, sendo que cada facção tem os seus operators que têm de ser desbloqueados através numa espécie de desafio. O Woods (NATO) só pode ser desbloqueado se fizermos cinco kills sem morrer 15 vezes no Multiplayer. Outro exemplo, o Beck (Warsaw Pact) só pode ser adquirido se fizermos 200 kills com Pack-A-Punched weapons no modo Zombies. Não se esquecer que podemos utilizar os Operators no modo Zombies. Este é uma das várias mudanças do modo Zombies da Treyarch que irei falar daqui a pouco.

Há uma coisa que mudou nos Scorestreaks, o jogador ao morrer, o nosso Scorestreak não volta ao zero. E em vez disso, perdemos apenas o multiplicador. Se fizermos dois kills sem morrermos, o tal multiplicador aparece (2x), e quantos mais kills sem morrermos fizermos numa só vida, o multiplicador aumenta sucessivamente e como tal, mais facilmente iremos chegar aos Scorestreaks mais altos. O motivo pela qual a Treyarch mudou o Scorestreak, é pelo simples fato de tentar tornar os jogos mais intensos e tentar reduzir o camping. Algumas pessoas dizem que os jogadores vão jogar menos os objetivos por causa desta mudança, discordo mas eu respeito isso e na minha opinião esta mudança foi um passo em frente.

Sobre o Netcode, quando joguei a Alpha, sentia que havia algo de errado com o mesmo. Pessoas a matarem-me sem eu conseguir reagir num piscar de olhos assim sem mais nem menos. Felizmente foi algo que foi corrigido na Beta e essa correcção permanece na versão final. Sobre um das coisas mais importantes, e que tenho uns pontos negativos a dar-lhe, é o Skill Base Matchmaking (SBMM). O SBMM Já tinha sido introduzido no Call of Duty: Modern Warfare, o que quer dizer se um jogador tiver um bom K/ D ratio num jogo, no próximo jogo vai jogar contra melhores jogadores, e vice-versa. No entanto, prefiro o antigo Matchmaking em que ficávamos preso a uma lobby até nos fartarmos. Por exemplo, entramos no meio de um jogo a ver a nossa equipa a ser completamente dominada e, consequentemente, levamos com um K/ D negativo, e no topo disto tudo, o jogo força-nos a mudar de lobby. O jogo não devia punir por sermos bons, além de que não incentiva a que haja experimentação. A longo prazo isso pode tornar-se frustrante. Pelo lado positivo, esses jogos em que entramos a meio não contam como derrota.

Em termos de equilíbrio nas armas, não tenho grandes razões de queixa. Sim, a MP5 continua a ser uma boa SMG, mas felizmente recebeu recentemente um pequeno nerf. Em termos de estilo de jogo, apesar de todos os CoD terem jogabilidades diferentes, senti um enorme alivio em comparação com o Call of Duty: Modern Warfare. Ao contrário do jogo da Infinity Ward, que tem vários problemas ligados ao campismo, no Cold War senti que havia muita acção, ou seja, run and gun. Sim, existe um ou outro camper, mas para mim foi um passo de gigante em comparação com o Modern Warfare.

Em termos visuais, parece-me que em algumas coisas o Call of Duty: Black Ops Cold War é ligeiramente inferior ao Call of Duty: Modern Warfare. Mas neste capítulo, percebe-se que o jogo tem uma escala um pouco maior que os anteriores jogos da série, além de que ainda estamos a meio de uma pandemia global que, certamente, complicou as coisas. Quanto ao resto, o jogo corre a 60 FPS como é algo habitual na série Call of Duty, e quem tiver uma PlayStation 5 ou Xbox Series X até pode ir mais além e escolher jogar a 120 FPS.

Falando agora no modo Zombies, tenho um grande novidade para aqueles que adoram o Dead Ops Arcade. Este modo está de regresso no Cold War graças ao Dead Ops Arcade 3: Rise of Mamaback. Para aqueles que desconhecem Dead Ops Arcade, este é um modo em que combatemos Zombies e mini-bosses na visão de pássaro., além de que é preciso apanhar as barras de prata e de ouro para ganharmos pontos, e apanhar boas armas para abater mais facilmente os nossos inimigos, entre outras coisas. Dead Ops Arcade é mais para desanuviar do aspecto mais competitivo e, na minha opinião, consegue fazer isso de forma positiva. Temos também um novo modo no Zombies, chamado Onslaught, que tem 1 ano de exclusividade com a marca PlayStation. Neste modo matamos zombies e mini-bosses (numa pequena esfera) para preencher a Purple Orb, e estas coisas acontecem nos mapas Multiplayer. Mas passando para o Zombies normal da Treyarch, temos um mapa chamado Die Maschine que é uma instalação de pesquisa Nazi abandonada, onde uma experiência é responsável por abrir uma fenda na Dark Aether conhecida como Projekt Endstation. O objectivo é fechar essa fenda. De referir que os eventos decorrem anos após os acontecimentos do Tag der Toten (último DLC do Black Ops 4).

O que mudou neste modo Zombies da Treyarch? Algumas coisas. Agora temos um mini-mapa por exemplo. Itens como Elixirs ou GobbleGums foram retirados. Podemos ir às ammo stocks que estão espalhados pelo mapa reabastecer as munições das nossas armas sem termos que recorrer ao wall weapon da arma. Já não começamos com uma M1911 ou com uma Welling como antigamente, portanto, podemos escolher o nosso Loadout. O antigo perk system está de volta, significando que perks como o Juggernog, Speed Cola, Quick Revive, Stamin-Up, Deadshot Daiquiri, Der Wunderfizz estão de regresso, além de existe agora um novo perk chamado Elemental Pop. Com este perk, todos os tiros disparados pelo jogador têm uma pequena chance de aplicar-se um qualquer efeito Ammo Mod na base tier do mesmo perk. Agora temos Field Upgrades que nos ajudam a lutar contra os Zombies. Outra coisa que mudou, agora os Zombies podem deixar itens como granadas e Stim shots. Também podemos construir body armors e até… Monkey bombs. Os Aetherium Crystals (que é também uma coisa nova no modo Zombies) servem para fazer upgrade (até ao Tier 3) aos perks, field upgrades e às weapon classes. E podem ser obtidos através das milestone rounds ou se fizermos exit, temos uma pequena hipótese de obter uma Aetherium Crystal. Na minha opinião, este modo Zombies do Cold War é o mais impressionante desde o Call of Duty: World at War, e continua a ser entretido e desafiante.

No geral, e porque o texto já vai longo, Call of Duty: Black Ops Cold War podia ter sido melhor desenvolvido se não fosse a pandemia e se a Activision não tivesse tomado algumas más decisões que resultaram em coisas feitas em cima do joelho. Apesar disso, e da pouca quantidade de mapas, dou-me por mim a divertir-me mais no Cold War do que no Modern Warfare. Agora é esperar pelo conteúdo gratuito e pelo Warzone para encorpar o jogo.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise. Este artigo foi escrito após a actualização 1.06.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

Cold War não surpreende pelo grafismo, tem falta de conteúdo (mapas) e o SBMM pode tornar a experiência frustrante, mas mesmo assim, é um jogo FPS arcade divertido "à lá" Treyarch.

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