Análises

The Nioh Collection

Mais detalhados que antes e tão desafiantes como sempre.

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5

RPG é o meu género favorito de videojogos. Só no ano passado joguei 12 de diferentes estilos, tendo colocado mais de 100 horas em alguns deles. Mas no final do ano, o lançamento de dois RPG’s deixaram um gostinho amargo na minha boca, por motivos diferentes. Um foi um retrocesso face aos anteriores jogos dessa série e o outro trocou o seu enorme potencial por uma grande quantidade de bugs, problemas técnicos e promessas quebradas. Assim sendo, a chegada de The Nioh Collection, uma compilação que inclui as versões remasterizadas de Nioh e Nioh 2 e todos os pacotes de conteúdos adicionais para ambos os jogos, pareceu-me uma boa oportunidade para limpar o meu palato com dois bons action RPG.

Devo começar por dizer que a minha opinião sobre estes dois títulos não mudou muito face ao que disse nas suas análises originais (aqui e aqui), por isso, vou tentar não me alongar demasiado em alguns aspectos. De qualquer das formas, e para quem não está familiarizado com esta franquia, Nioh mistura a fórmula Soulsborne com muito loot e muita acção. Isto quer dizer que são jogos desafiantes, em que é necessário estar disponível para aprender com os erros, mas que, ao mesmo tempo, oferecem uma grande quantidade loot que permitem criar muitas builds diferentes, juntando a isto um sistema de combate muito bom e complexo.

No primeiro Nioh seguimos as pisadas de William Adams, um marinheiro que viaja ao Japão para enfrentar hordas de seres demoníacos chamados Yokai. A acção decorre no Período Sengoku, numa altura em que os clãs Tokugawa e Ishida lutam pelo controlo, ao mesmo tempo que um estranho e misterioso indivíduo, chamado Edward Kelley, manipula os acontecimentos a seu favor. Por sua vez, Nioh 2 funciona como uma prequela, em que controlamos Hideyoshi. Contudo, ao contrário do primeiro jogo, é nos dada a possibilidade de criarmos o nosso próprio avatar. Em geral, e para não entrar em terrenos de spoilers, digo apenas que ambos os Nioh fazem um bom trabalho em beber inspiração à história Europeia e Japonesa, tendo inclusive a presença de pessoas históricas reais, tudo misturado no Folclore Japonês para criar um ambiente fantástico.

Passando à jogabilidade, e como disse anteriormente, os Nioh são jogos com um grande foco na acção. Enquanto que os Dark Souls são tradicionalmente jogos mais pausados, os Nioh levam a acção para outro patamar e aumentam consideravelmente o ritmo de combate, conseguindo implementar com sucesso as suas próprias mecânicas, como o caso das poses de combate. É possível trocar a pose de combate durante um confronto em tempo real e sempre que se queira. Existem três poses, cada uma com as suas especificidades. High Stance é focada em ataques fortes mas que consomem mais Ki, enquanto que Low Stance é o oposto, ou seja, ataques mais fracos mas que consomem menos Ki. Mid Stance é um meio termo entre as duas outras Stances. Além disso, cada pose de combate tem o seu próprio leque de golpes e habilidades.

A gestão de stamina é sempre um aspecto fundamental neste género de jogos, e aqui não é diferente. A stamina, chamada de Ki nos Nioh, funciona em dois sentidos. Atacar e defender gasta Ki, mas existe uma mecânica de recuperação de Ki. Gasta-se Ki num ataque, mas ao pressionar o R1 no timing certo (a indicação pode ser vista na barra de Ki ou no brilho à volta da personagem), é recuperado grande parte deste precioso recursos. Quando masterizado, este sistema permite manter uma combinação de ataques por mais tempo, sendo até possível trocar de pose no meio de um combo e recuperar Ki. Ora, eu disse que isto funcionava em dois sentidos, e isso deve-se aos inimigos também terem Ki. Há medida que defendem, vão gastando Ki, e quando ficam sem nenhum, é possível executar um ataque mais poderoso.

Depois, existem algumas diferenças a níveis de mecânicas entre os dois jogos. O primeiro Nioh tem os Guardian Spirits, cada um com o seu bónus específico, que nos torna temporariamente imortais quando activados. Em Nioh 2, isso é substituído pelo sistema Yokai Shift. Hideyoshi consegue transforma-se temporariamente num Yokai, ficando mais forte e também imortal. Guardian Spirits continuam presentes em Nioh 2, mas noutro formato. Eles estão divididos por três categorias, cada uma virada para um estilo de build diferente e que têm timings de parry diferentes. Além disso, Nioh 2 adiciona também o sistema de Soul Cores. Ao derrotarmos inimigos podemos ganhar Soul Cores, que são basicamente o espírito desse inimigo. Estes Soul Cores são equipados nos Guardian Spirits, permitindo assim executar ataques especiais. Em essência, o combate de Nioh já era profundo e o de Nioh 2 oferece ainda mais sistemas para gerir.

Estruturalmente, ambos os jogos são muito semelhantes. Em vez de uma estrutura semi-open world do estilo Dark Souls ou Sekiro, os Nioh têm uma estrutura com missões fisicamente separadas umas das outras. Para alguns, isto talvez seja uma desilusão, mas em contrapartida, isto significa que as áreas são muito bem desenhadas, e apresentam um ambiente sombrio e fantasioso, com atalhos e segredos para descobrir. Algumas missões decorrem em zonas montanhosas e florestais, outras em cavernas, e outras em pequenas aldeias ou até templos. Estas missões são escolhidas através de um mapa, que oferece uma pequena descrição do que se passa, e inclui também a indicação do nível recomendado.

Quanto ao sistema de loot, devo dizer que é praticamente igual em ambos os jogos, o que não é de todo um aspecto negativo. Vamos apanhando armas e equipamento de nível, raridade e estatísticas diferentes, ao estilo de Diablo, sendo que existem também armas e equipamentos que fazem parte de sets e que oferecem bónus específicos conforme o número de peças equipadas desse mesmo set. Além disso, é possível transferir perks entre armas e equipamentos e há uma opção que permite alterar o aspecto do equipamento. Fashion Souls é sempre algo muito importante nestes jogos, especialmente quando existe tanto equipamento à disposição, por isso, a implementação deste sistema é um ponto positivo. No geral, o sistema de loot é bastante completo e oferece um constante incentivo para reciclar o material que não precisamos para tentar criar peças melhores ou para melhorar as que já temos. Os Nioh são um bom exemplo de jogos estilo Soulsborne que conseguem capturar o jogador pela história, pelo desafio e pela jogabilidade.

Como disse na introdução, The Nioh Collection inclui as versões remasterizadas de ambos Nioh. Em termos práticos, isto significa visuais aprimorados face ao que tivemos na PlayStation 4. Na PlayStation 5 existem três opções à escolha: um modo 4K a 60 FPS, um modo 120 FPS, e um modo 1080p a 60 FPS que oferece sombras com maior qualidade, alguns efeitos melhorados e um modelo de personagem mais detalhado. Confesso que achei o modo 120 FPS redundante nestes jogos, além de que os compromissos visuais foram demasiado grandes para compensar o aumento de framerate. Eu joguei ambos os jogos na PlayStation 4 Pro no Action Mode, ou seja, a 60 FPS em 1080p dinâmicos. Na PlayStation 5 joguei no modo 4K e, apesar de não ser uma diferença geracional, devo dizer que a maior resolução e polimento geral dão uma nova claridade à imagem que não existia na geração anterior, especialmente numa TV. E claro, há que mencionar os tempos de loading mais curtos, ajudando assim a tornar as coisas mais rápidas e menos frustrantes.

Como nota final, é preciso mencionar que podem transferir o vosso progresso das versões PlayStation 4 para estas novas versões. Se não quiserem começar um save do inicio e quiserem continuar de onde ficaram, têm de ir às versões PlayStation 4 e dentro dos jogos enviar o save para a cloud. Depois, já na versão PlayStation 5, basta ir à opção dentro do jogo e fazer download ao save. É um processo razoavelmente simples, mas chato. Além disso, quem tiver Nioh 2 para a PlayStation 4 terá acesso gratuito ao upgrade para a versão remasterizada na nova consola da Sony.

Repetindo o que disse antes, a minha opinião sobre Nioh e Nioh 2 não se alterou desde os seus lançamentos. São jogos desafiantes, tal como os Soulsborne, mas têm a sua própria identidade e são muito bons a nível de jogabilidade, seja em combate ou na diversidade de builds. O trabalho de remasterização não é muito extenso, mas este é um pacote que oferece conteúdo suficiente para mais de 100 horas de jogo, e poder jogar dois excelentes action RPG com suporte nativo para a PlayStation 5 mais os seus DLC’s é, sem qualquer dúvida, algo muito bem vindo.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Apesar de o trabalho de remasterização não ser enorme, o suporte nativo que ambos os Nioh receberam para a PlayStation 5 é muito bem vindo. Este é um pacote que oferece dois excelentes action RPG's e todos os seus pacotes de conteúdos adicionais.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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