Análises

Ys IX: Monstrum Nox

Directo para a prisão

Versão testada: PlayStation 4 (a correr em retrocompatibilidade na PlayStation 5)
Disponível para: PC, PlayStation 4, Nintendo Switch

A franquia Ys pode não ser muito conhecida, especialmente no Ocidente, mas tem um longo historial que começa em 1987 com o lançamento de Ys I: Ancient Ys Vanished. Em 2012, graças a Ys: Memories of Celceta, a série começou a expandir-se para mais plataformas, coisa que continuou em 2016 com Ys VIII: Lacrimosa of Dana. E agora, é a vez Ys IX: Monstrum Nox, título que foi lançado em 2019 no Japão para PC, PlayStation 4 e Switch, mas que só agora chega ao Ocidente.

Em Ys IX: Monstrum Nox seguimos as pisadas de Adol Christin, um aventureiro que tem o hábito de se ver envolvido em estranhos fenómenos. Ao chegar a Balduq, uma cidade que alberga a maior prisão do império Romun, Adol é acusado de ser o principal suspeito por detrás de o desaparecimento de uma frota militar Romun e acaba por ser detido. Com a ajuda de uma misteriosa personagem e de uma estranha maldição que lhe deu poderes sobre-humanos, Adol consegue escapar do seu encarceramento, mas vê-se envolvido num mistério que envolve a prisão e os Monstrum, outros indivíduos também amaldiçoados. Para escapar à maldição, Adol e as restantes personagens que ele irá encontrar pelo caminho, terão de desvendar os segredos que se escondem na cidade e enfrentar os muitos perigos.

Este é mote que dá força à história de Ys IX: Monstrum Nox, se bem que, como seria de esperar, existe muito mais em jogo. Os Monstrum, por motivos que deixarei para vocês descobrirem, estão confinados aos limites de Balduq, e devido a rumores espalhados pela cidade, são vistos por quase todos como sendo criminosos. O elenco de personagens principais é variado, mas Adol também receberá ajuda de personagens normais, sem poderes, que o ajudarão nas suas tarefas. Não vou entrar em muitos mais detalhes, mas achei a história interessante e que cumpriu com o objectivo de me manter preso até descobrir o que se passa. Demorei cerca de 30 horas até chegar ao fim, mas o jogo é capaz de oferecer mais uma dezena de horas com o conteúdo opcional. O voice acting em Japonês é de qualidade, mas importa salientar que também está disponível vozes em Inglês para quem preferir.

O facto de a história centrar-se na cidade de Balduq acaba por ser um aspecto positivo e, igualmente, negativo. É positivo na medida que isso reforça a ligação que existe entre os segredos da cidade e os Monstrum, mas é negativo porque retira muita da diversidade de ambientes que se espera de um RPG, mesmo quando comparado com outros títulos desta série como a Isle of Seiren, de Ys VIII: Lacrimosa of Dana. Balduq é na sua grande maioria uma variação de castanhos e cinzentos, seja na cidade em si, seja nas dungeons. Mas nem tudo é mau, já que Balduq é um local que oferece muita verticalidade e que esconde muitos segredos pelo mapa. É aqui que entram os Gifts dos Monstrum. Cada personagem tem o seu Gift, ou seja, a sua habilidade especifica, como um teleporte, correr pelas paredes ou pairar no ar, que permitem aceder a locais previamente inacessíveis.

Estes Gifts também são utilizados nas dungeons, cujo design é consideravelmente melhor face a Lacrimosa of Dana. A componente plataformas é importante na hora de explorar uma dungeon, já que coloca a destreza dos jogadores à prova. Em essência, e como é tradição nesta franquia, as dungeons são locais com um bom ritmo de progressão, que obrigam a que se esteja sempre atento e pronto a reagir graças à presença de inimigos, aos puzzles e, claro, às lutas de boss. Como disse em cima, a falta de variedade de ambientes faz-se sentir, mas ainda assim, estas secções são divertidas e um dos pontos altos de Ys IX: Monstrum Nox.

O sistema de combate de Ys IX: Monstrum Nox mantém o estilo dos anteriores jogos da série, o que significa que os duelos ocorrem a uma grande velocidade e que não existem combates aleatórios. Em vez disso, os inimigos são visíveis nas dungeons e entra-se num combate assim que entramos no seu campo de visão. Os controlos são super responsivos, permitindo que o Adol e as outras personagens jogáveis (que podem ser seleccionadas em tempo real) consigam realizar combos espalhafatosos e ataques especiais, enquanto fazem manobras evasivas, saltos e dashes assim que se queira. Cada personagem tem o seu próprio elemento, o que faz com que determinados Monstrums seja melhores contra inimigos específicos do que outros, havendo desta forma um maior incentivo para que não se jogue apenas com uma personagem.

Mas além da exploração da cidade e das dungeons, existe um outro desafio completamente diferente do resto do jogo. Refiro-me aos Miasma Vortexes. Balduq está divida por secções, sendo que estas secções estão bloqueadas por uma barreira de energia. Para esta barreira ser quebrada é necessário concretizar com sucesso o desafio Miasma Vortex correspondente. De forma resumida, estes desafios são essencialmente tower defense, em que é necessário defender um enorme cristal de vagas de inimigos. Estes desafios contam com a participação de todos os Monstrums, incluindo os que ainda não fazem parte da nossa equipa, assim como com o suporte moral de algumas personagens normais que nós ajudámos. No final, além de ser desbloqueada uma nova secção da cidade, recebemos loot conforme a nossa prestação. Estes materiais são, posteriormente, utilizados para melhorar o equipamento das personagens ou melhorar as ferramentas relacionadas com os Miasma Vortexes.

Ys IX: Monstrum Nox não é visualmente impressionante, o que era de esperar de um título com um orçamento mais limitado face aos principais nomes deste género de jogos, mas mantém o estilo anime característico da Nihon Falcom e representa uma grande melhoria face a Ys VIII: Lacrimosa of Dana. A nível de performance, notei quebras de fluidez na PlayStation 4 Pro durante a exploração da cidade, enquanto que nas dungeons é bastante mais estável e consegue apresentar 60 FPS na maior parte do tempo. Já na PlayStation 5, que foi onde joguei grande parte deste título, a performance fica bloqueada a 60 FPS.

Ys IX: Monstrum Nox é um RPG bastante divertido, que apresenta um sistema de combate frenético que nunca cansa. A cidade de Balduq pode não ser visualmente um local muito apelativo, mas oferece muita exploração e muitos segredos para descobrir, especialmente quando se tem acesso a mais Gifts dos Monstrums. Sim, existem alguns problemas técnicos e algumas secções não tão interessantes, mas no geral, é impossível negar a grande quantidade de conteúdo de qualidade presente nesta aventura. Ys IX: Monstrum Nox é, muito provavelmente, o melhor título da série até à data.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

Apesar de algumas falhas técnicas, Ys IX: Monstrum Nox é um RPG bastante divertido e frenético, que os fãs desta franquia e do género em geral vão gostar.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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