Análises

FIFA 22

Começa uma nova temporada!

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One, Stadia, Switch (versão Legacy)

A nova temporada de futebol começou há uns meses atrás e, como seria expectável, é agora acompanhada pelo lançamento de um novo FIFA. A relação dos fãs para com esta franquia é uma relação de amor e ódio, na medida em que os fãs esperam ansiosamente pelo novo FIFA para pouco depois do lançamento ficarem decepcionados com o pacote oferecido. Contudo, as novas consolas da Sony e Microsoft foram o motor que impulsionou a EA Sports para implementar novas mecânicas e reformular o comportamento dos jogadores com o intuito tornar FIFA 22 numa experiência mais aproximada ao desporto real e, no processo, melhorar alguns dos aspectos mais criticados dos últimos anos.

Os FIFA introduzem todos os anos palavras caras para representar a implementação de sistemas a nível de jogabilidade, e este ano, essa palavra cara é Hypermotion Technology especificamente nas versões PS5 e Xbox Series X/S. Nem sempre estas adições se fazem sentir como esperado, mas desta vez, fiquei bastante agradado com o impacto dentro do campo. Essencialmente, este sistema machine learning em conjunto com 4000 novas animações faz com que a equipa se movimente como uma unidade inteira e consiga reter melhor a sua formação. Nos anos anteriores, era extremamente frequente ver a formação a desfazer-se por completo e buracos a aparecerem na defesa devido ao desposicionamento sem sentido dos jogadores, mas em FIFA 22 na nova geração de consolas, essas situações foram drasticamente reduzidas.

Comparativamente à entrada do ano passado, FIFA 22 tem um ritmo mais lento, com menos foco em fazer fintas atrás de fintas, e que se baseia mais em passes para tentar criar espaços. Ganhar jogos envolve mais trabalho e este ano é mais complicado marcar golos devido a um par de razões. Primeiro, os guarda-redes estão bastante melhores que os do FIFA 21, particularmente em situações de um contra um, e estão também mais eficazes na defesa de situações típicas graças a novas animações. Não são perfeitos, mas no geral são mais consistentes do que o que se viu no passado. A segunda razão tem a ver com os defesas, uma vez que até os defesas mais lentos são viáveis porque conseguem bloquear remates ou fazer cortes regularmente.

Os jogadores em FIFA 22 são mais pesados, o que é uma melhoria comparativamente ao movimento supersónico dos jogadores no FIFA 21, sem que no processo se tenha perdido demasiada responsividade nos controlos. Os milhares de novas animações entram em jogo para criar algum floreado ao movimento dos jogadores e transição entre acções. Devo dizer que encontrei bastante divertimento em arranjar forma de chegar à baliza do meu adversário, seja através de um passe de profundidade, o apoio dos defesas laterais no ataque, ou de uma jogada onde os avançados combinaram esforços para arranjar espaço suficiente para fazer um finesse shot. Ao longo das quase 30 horas que coloquei em FIFA 22 para fazer esta review, pareceu-me que este ano existem mais opções viáveis para tentar trocar as voltas ao adversário sem ser fazer exclusivamente la croqueta e coisas do género como em anos anteriores.

Acho que os fãs de FIFA vão gostar destas alterações, porque fazem com que se tenha de haver um mínimo de esforço e estratégia para se marcar golos. Contudo, ainda estamos no início de vida de FIFA 22 e há sempre a possibilidade de o jogo receber no futuro uma actualização que mude o núcleo de jogabilidade, como já aconteceu no passado, por exemplo, no FIFA 19. Além disso, há também a incógnita do FUT, o modo mais popular da franquia. As partidas decorrem a um ritmo mais lento porque ainda são muito poucos os que têm equipas super poderosas, mas resta ver como se portará a jogabilidade de FIFA 22 quando a maioria dos jogadores tiver equipas de topo ou quando/se a comunidade arranjar uma forma de explorar negativamente alguma mecânica de jogo.

Por falar no FUT, o modo recebeu este ano várias alterações na parte competitiva. O Division Rivals continua a ter divisões, mas agora funcionam de forma um pouco diferente. Todos começam na Divisão 10 e ao atingirem um determinado número de vitórias os jogadores sobem de divisão. Esse número necessário aumenta conforme se vai subindo de divisão. Pelo caminho existem checkpoints que impossibilitam que se desça de divisão, como tal, mesmo que se percam vários jogos de seguida, continuarão naquela divisão e ganharão aquelas rewards. Por um lado, isto significa que as divisões do topo oferecerão sempre partidas super competitivas, o que pode, ao longo do tempo, desgastar alguns jogadores. Mas por outro lado, este sistema impossibilita que os jogadores percam jogos de propósito para descer de divisão com o intuito de ter jogos mais fáceis, ou por outras palavras, deixa de ser possível descer de divisão para dar tareias em jogadores com menor nível de habilidade. No geral, parece-me um melhor esquema, porque separa os jogadores conforme a sua habilidade e impede os griefers de se divertirem às custas dos outros.

FUT Champions, o modo mais competitivo do FIFA, também foi reestruturado. Em FIFA 22, o modo está agora dividido em play-offs e finais, sendo que o modo é acedido ao obter 1500 pontos de qualificação no Division Rivals. Uma vez conquistado o acesso, os jogadores podem iniciar a sua campanha nos play-offs do FUT Champions quando quiserem dentro da temporada do FUT que dura 6 semanas. As finais decorrem no mesmo período da antiga Weekend League, com um sistema limitado de entrada e com menos jogos para se fazer. Ainda é cedo para se ter a certeza de esta estrutura é realmente boa ou não, mas um aspecto positivo imediato é a menor quantidade de jogos e o modo estar espalhado ao longo da semana.

Por fim, não poderia deixar de falar das loot boxes. Em termos gerais, o Ultimate Team de FIFA 22 parece ter mudado para melhor, mas continua a apresentar uma fundação presa em incentivar os jogadores a ir gastar algum dinheiro real em FIFA Points, por causa do FOMO existente com as campanhas limitadas. Neste preciso momento, está em packs a primeira equipa dos Ones To Watch, onde se inclui jogadores extremamente cobiçados como Cristiano Ronaldo e Varane, dois jogadores que muito provavelmente receberão IF ao longo da temporada, o que torna estas cartas ainda mais apetecíveis. E praticamente todos os dias são colocados Promo Packs na loja por tempo limitado. É um perfeito chamariz para se tentar a sorte no casino. É possível ver o conteúdo dos Gold Packs normais antes de comprar o pack, um sistema introduzido no final de vida do FIFA 21, mas o mesmo não é possível nos packs promocionais. A existência de algo estilo um premium battle pass há semelhança de outros jogos que também eram bastante focados em microtransacções talvez fosse a melhor abordagem, mas a EA não parece muito interessada nisso.

Além do Ultimate Team, FIFA 22 recebeu um conjunto de melhorias que afecta o jogo todo. Por exemplo, agora são dadas estatísticas detalhadas no intervalo e no final das partidas que tocam em tudo o que ambas as equipas fizeram nessa partida como um todo e a nível individual. O Career Mode, embora não seja um modo que tenha um grande conhecimento de causa, oferece agora a possibilidade de criar o vosso próprio clube. O modo Pro Clubs também não foi esquecido. A nova funcionalidade drop-in permite que quatro amigos ou colegas de equipa recentes se juntem antes de iniciarem uma partida drop-in. Além disso, e pela primeira vez, o futebol feminino foi adicionado a este modo. Por outro lado, o Volta continua num lugar estranho. A EA fez algumas melhorias ao modo, incluindo a adição de uma playlist disponível apenas no fim de semana, mas o Volta continua a não ser particularmente interessante.

Correndo o risco de constatar o óbvio, FIFA 22 não é perfeito. Ainda continua a acontecer as típicas situações de múltiplos ressaltos seguidos irem parar aos pés do adversário ou de uma perna do jogador se dobrar de uma forma impossível. Além disso, existe a tal questão da permanência e promoção das loot boxes no FUT e de um modo Volta pouco atractivo. Dito isto, FIFA 22, na nova geração de consolas, é capaz de ser o melhor e mais equilibrado FIFA dos últimos anos. Resta ver como será a sua evolução ao longo dos próximos meses, mas a jogabilidade mais focada em passes e criação de espaços é sem dúvida um aspecto positivo e algo que se aproxima mais do futebol real.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8

8

FIFA 22 ainda sofre de alguns problemas crónicos da série e as loot boxes são um aspecto muito presente, mas no geral, este é o melhor e mais equilibrado FIFA dos últimos anos.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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