Análises

Dying Light 2: Stay Human

Parkour

Versão testada: PC
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One

Dying Light 2 é a nova aventura desenvolvida pela Techland, num cenário pós-apocalíptico onde vamos encontrar Aiden, um peregrino errante que tem o desejo de encontrar a sua irmã, tendo, para tal, que superar uma árdua luta pela sobrevivência, levada ao limite numa região infestada por zombies e fações guerreiras de humanos, num mundo hostil de escolhas e consequências.

Enquanto sequela direta de Dying Light, lançado em 2016, este é um jogo muito ambicioso, num mapa de mundo aberto de grandes dimensões, num local denominado “A Cidade”, cheio de atividades e muitos perigos, com um conjunto de histórias que se interlaçam entre si e onde o nosso personagem vai evoluindo ao longo do tempo nas suas capacidades de saúde, agilidade e tempo de imunidade disponível.

Um dos aspetos mais interessantes deste jogo é sobretudo o uso do parkour na jogabilidade, agora mais refinado e que garante uma abordagem na movimentação de Aiden com muita flexibilidade num mundo que, sobretudo na segunda parte do mapa, é bastante vertical. Neste aspeto, à medida em que vamos progredindo no jogo, cumprindo missões secundárias ou explorando pontos de interesse que nos dão loot e pontos de XP, podemos atribuir esses pontos no desbloqueio de skills que nos vão dando mais capacidades de agilidade. É interessante ver que, se numa fase inicial, o nosso protagonista tem uma capacidade relativamente reduzida nos skills de movimentação e parkour, com o progresso no jogo, verifica-se uma amplificação das suas capacidades, permitindo assim uma maior liberdade de movimentos de parkour e tornando o jogo mais fast-paced e divertido. Do mesmo modo, também nas capacidades de combate podemos desbloquear skills que vão garantindo uma maior capacidade de poder de combate e movimentos de ataque. Ainda relativamente ao combate, este assenta sobretudo no corpo-a-corpo, com armas de mão como facas, espadas ou paus que podemos ir melhorando e armas à distância, desbloqueadas numa fase posterior, mas sem qualquer acesso a armas de fogo. A necessidade de combate de proximidade está sempre presente e não há qualquer utilização de armamento balístico. Associado à evolução do personagem, temos ainda um sistema de crafting muito diversificado que é potenciado pelo looting que se pode efetuar ou desbloqueando através dos vendedores espalhados nas várias safe zones da região.

Com o desbloqueio das várias skills e atribuição de pontos às capacidades de agilidade, resistência e imunidade, o jogo vai assim abrindo e ficando mais diversificado na abordagem de exploração e combate e consegue garantir uma jogabilidade cativante ao longo das várias horas em que se leva a completá-lo.

Se na jogabilidade o jogo apresenta alguma mestria na capacidade de ser diverso com atividades interessantes que se espalham pelo ciclo dia-noite, por contraste, a história que vamos desvendando ao longo do mesmo faz com que Dying Light 2 comece a perder brilho, sobretudo pela ambição que é colocada no sistema de escolhas e consequências, mas em que, na prática somos envolvidos num argumento complexo e onde as decisões por vezes não têm lógica racional associada. A par da missão principal, que se completa em cerca de 20 horas, a qual tem um fio condutor (sendo mesmo este uma mescla de acontecimentos cuja sequência é questionável), com as missões secundárias a situação fica mais complexa na medida em que, muitas dessas histórias são encaixadas no mundo aberto de um modo pouco conciso, numa espécie de manta de retalhos onde Aiden está envolvido, sem que exista uma coerência associada num todo.

Neste âmbito, na luta entre fações, com os Pacificadores e os Sobreviventes, existe a possibilidade de tomarmos decisões e distribuição de recursos que permitem fortalecer uma ou outra e deste modo, alterar dinamicamente o espaço de jogo, como por exemplo com o acréscimo de pontos de queda, colocação de cabos de transversalidade se fortalecermos uma fação, ou, em contrapartida, fortalecendo a outra fação, aumentando as armadilhas no terreno e outras capacidades de apoio ao combate. É uma escolha dinâmica, mas irreversível e que vai assim condicionando o espaço de jogo envolvente.

A ambição de Dying Light 2 na ocupação do mapa da região com inúmeros colecionáveis, pontos de interesse, missões secundárias no ciclo dia-noite, áreas para desbloquear, desafios de parkour, torres para se subir, zombies para se escapar, chega a um ponto que pode ser considerado avassalador e aqui começa a perder-se um pouco a sensação de opressão e medo, mas antes um conjunto de tarefas a cumprir numa qualquer checklist de atividades a superar.

Apesar de ser compreender as decisões tomadas pela Techland para criar um jogo AAA com um mundo aberto cheio de mistérios a descobrir, tarefas para cumprir, atividades diversas a ultrapassar que justifiquem as muitas horas que se podem retirar dele, faço o reparo de que o jogo perde um pouco do mistério, do suspense e da sensação de medo que se poderia ter. Comparativamente ao primeiro jogo, este é menos assustador e onde a luta pela sobrevivência não é tão levada ao limite. A situação fica mais complexa quando entra nesta dinâmica as lutas entre as fações de humanos, que em vários momentos, deixam de ser coerentes e com uma lógica pouco consistente.

Ao longo do jogo existe também a possibilidade de ir progredindo no jogo com recurso ao multiplayer, através de co-op, seja com amigos ou com jogadores aleatórios, o que tornam algumas atividades mais divertidas. Uma chamada de atenção para o facto de que, nas missões de história, quando feitas em co-op, apenas o host da sessão é que progride no jogo, pelo que será uma característica a ter em conta na vertente multiplayer. Neste aspeto, podemos abrir o multiplayer apenas a amigos ou ao público geral, ou, se decidirmos, fechar a possibilidade de sermos invadidos, mantendo a opção de multiplayer em privado.

Em termos de performance técnica, o jogo é muito exigente em termos de hardware, mesmo para sistemas mais recentes e de gama elevada. Para suster os 4k, assegurando um desempenho acima dos 60 fps sem quebras e com todas as opções de ray tracing ativas é fundamental utilizar o DLSS em balanced, na medida em que, caso optemos pelo DLSS em modo quality, o framerate já não atinge os desejáveis 60 fps, o que, tendo em conta o tipo de jogabilidade presente, em certos momentos bastante intenso e em sequências fast paced de combate, ou fuga em parkour, são aqui muito recomendados. É certo que podemos desativar o modo raytracing e baixar opções gráficas, mas o jogo perde logo algumas dos benefícios de iluminação que dão uma roupagem tão agradável a toda a envolvente deste mundo aberto, pelo que, o compromisso com a utilização do DLSS em balanced, é proveitoso pela qualidade gráfica que sobressai com o ray tracing nas placas gráficas RTX da Nvidia, o sistema que serviu de base a esta análise. Face às exigências de hardware deste título, não tenho dúvidas em verificar em futuros lançamentos de novas gráficas a utilização deste jogo em testes de benchmark que permitam maximizar as opções gráficas mais elevadas sem recurso ao DLSS, de modo a verificar os ganhos comparativos com a geração atual.

Por outro lado, ainda em termos de características técnicas, o jogo não tem um sistema de gravação manual, utilizando em contrapartida, checkpoints de gravação automática, o que pode ser um fator menos interessante para muitos jogadores. Ainda em termos técnico, o jogo não tem HDR em qualquer uma das plataformas onde foi lançado, o que, para um jogo que prima pelas suas características gráficas de excelência, é também uma estranha ausência a destacar.

Em suma, este é um jogo de mundo aberto que garante muitas horas de jogabilidade dinâmica e diversificada, num ciclo dia-noite, sobretudo pelo uso agora mais refinado do parkour e evolução da personagem nas suas capacidades de combate, resistência e agilidade, mas onde a complexidade ambiciosa da história nas lutas entre as várias fações onde o protagonista se envolve numa lógica de escolhas e consequência faz sobressair alguma falta de consistência entre si.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.
Sistema utilizado: Ryzen 5600x; Nvidia RTX 3080Ti; 16Gb Memória 3600Mhz; Windows 11

Veredito

Nota Final - 7

7

Os fãs do primeiro jogo irão divertir-se com Dying Light 2: Stay Human, principalmente após o desbloqueio de mais habilidades, mas a história e as escolhas apresentam demasiadas inconsistências.

User Rating: 3.45 ( 9 votes)
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