Análises

Bayonetta 3

Multiverso Bayonetta

Versão testada: Nintendo Switch
Disponível para: Nintendo Switch

Cinco anos depois do anúncio oficial, Bayonetta 3 encontra-se finalmente disponível para a Nintendo Switch. Foi uma longa espera, mas o que interessa é que os fãs da Umbra Witch vão poder seguir a sua nova aventura. Quero dizer, mais ou menos. Bayonetta 2 foi uma verdadeira continuação do primeiro jogo e as suas histórias tinham uma ligação direta, mas Bayonetta 3 funciona mais como uma história independente. Aparecem algumas caras familiares, mas quem nunca jogou um Bayonetta pode entrar diretamente neste terceiro título sem medo de perder importante informação.

Bayonetta 3 começa de forma muito promissora e com um prólogo surpreendentemente mais pesado do que esperava, que introduz um misterioso e extremamente poderoso vilão e que coloca Bayonetta numa posição pouco habitual: ela não é suficientemente forte para lidar com esta ameaça e é derrotada. Esse é o mote que serve como motor de arranque para oferecer uma história com algumas surpresas, mas que, infelizmente, acaba por não trazer os dividendos que se esperava. O mistério e motivos do vilão não são devidamente explorados e a fasquia colocada no início do jogo acaba por nunca ser realizada.

Um ponto alto da história é a introdução de Viola, a segunda personagem jogável. A sua aparência punk parece saída de uma franquia completamente diferente e o seu estilo de combate também. Mas as aparência enganam e Viola não é tão confiante em si mesma como deixa antever. Aliás, diria até que é um pouco socialmente desajeitada. Isto faz com que haja um bom contraste com a confiança e estilo natural de Bayonetta, e acaba por oferecer interações muito interessantes entre estas duas personagens. Acho que a história e jogabilidade ganham bastante com a relação entre Bayonetta e Viola e na forma como ambas reagem de forma tão diferente às situações que enfrentam.

Bayonetta 2 ajustou algumas mecânicas do seu antecessor, mas essas alterações não foram universalmente bem aceites pelos fãs, principalmente para quem persegue altas pontuações. Essas criticas surgiram devido aos combates se terem tornado demasiado dependentes do Witch Time e Umbran Climax para se fazer bom dano e, consequentemente, tornaram-se menos dinâmicos. Bayonetta 3 visa não só corrigir esse problema como também adicionar mais opções viáveis. Assim, surgiu a mecânica Demon Slave. Em vez de invocar demónios apenas como finishing moves, como acontece nos títulos anteriores, Bayonetta pode agora invocar livremente estes seres demoníacos durante os combates e usá-los para descarregar tareia nos inimigos até à barra de magia se gastar completamente.

Para não tornar esta mecânica demasiado forte, Bayonetta deixa de se poder movimentar e fica no sítio a dançar para manter a invocação ativa, enquanto o jogador controla as ações do demónio. Isto faz com que ela fique vulnerável e basta levar um único hit para cancelar a invocação. Além disso, os demónios também não são imunes a dano e cada hit que levam faz aumentar a sua barra de anger. Uma vez cheia, Bayonetta perde controlo do demónio e ele começa a distribuir dano de forma indiscriminada, podendo inclusive acertar nela. Em essência, Demon Slave é uma mecânica de alto risco e alta recompensa.

Viola também tem os seus próprios capítulos. Diria que o seu estilo de combate mais parece saído de Devil May Cry do que propriamente de Bayonetta, e isto não é uma crítica, já que adiciona uma maior diversidade à jogabilidade deste título. Ela também pode invocar demónios via mecânica Demon Slave, mas não fica presa no sítio e o raio de ação do demónio é um bocado mais limitado. Mas se calhar, a maior diferença está na forma como Viola utiliza Witch Time. Embora ela também se possa desviar, essa não será a sua principal função, mas sim utilizar isto como parry para então tirar partido do abrandar de tempo mais longo. No entanto, a janela de parry é muito curta e obriga a um maior período de habituação do que o desvio com a Bayonetta. É divertido jogar com Viola, mas Bayonetta continua a ser a estrela e quem eu mais gostei de utilizar.

De resto, Bayonetta 3 é estruturalmente semelhante aos títulos anteriores na forma como se progride pela história e também como se exploram os cenários em busca de segredos e desafios. Contudo, o jogo é um bocado inconsistente na qualidade visual das áreas. A direção artística ajuda a disfarçar os cenários pouco detalhados em algumas áreas, chegando até a mostrar cenas de muita beleza, mas noutros locais, principalmente em cenários urbanos, os visuais são simplesmente desinspirados. Os combates em si são coloridos e cheios de efeitos visuais, mas basta tirar os olhos do combate por momentos e é quase impossível não reparar nos cenários com pouca qualidade e detalhe. A fluidez também sofre um bocado. Bayonetta 3 é mais ambicioso em termos de escala e isso nota-se na frame rate em vários momentos ao longo do jogo onde muita coisa está a acontecer no ecrã. Bayonetta 3 tem os 60 FPS como alvo, mas não são de todo consistentes.

Bayonetta 3 é rápido, intenso e oferece combates que permitem uma boa dose de improvisação, tudo acompanhado por uma banda sonora de grande qualidade. Jennifer Hale fez um bom trabalho na sua estreia como Bayonetta, embora se note em algumas ocasiões um sotaque britânico inconsistente. As secções onde não se joga com Bayonetta são interessantes, mas não são consistentes em qualidade e diversão. Por sua vez, Bayonetta é a estrela do espetáculo e aqui brilha mais alto do que brilhou nos títulos anteriores. A parte técnica é um pouco desapontante, mas no geral, Bayonetta 3 é um bom jogo de ação e um que os fãs desta franquia vão certamente gostar.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 8.5

8.5

Apesar de uma componente técnica não tão bem conseguida, Bayonetta 3 é um bom jogo de ação que oferece combates intensos e estilosos.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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