Análises

WRC Generations

O fim de uma Era

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One

Este é o fim de uma Era, uma vez que WRC Generations é o último jogo WRC desenvolvido pelo estúdio Kylotonn. A partir de 2023, a licença desta competição ficará a cargo da Codemasters. Confesso que tenho alguma pena que isto vá acontecer. Os WRC da Kylotonn não eram perfeitos e notava-se o menor orçamento disponível, mas os últimos quatro títulos apresentaram bastante qualidade e alguns aspetos que não sei se terão o mesmo nível de atenção quando passar para a Codemasters, nomeadamente as etapas. Mas isso é conversa para outro lado.

Desde o WRC 8 que a Kylotonn tem vindo a aprimorar a condução com comando e também o conteúdo do pacote. WRC Generations parece um best-off, já que não adiciona nada de particularmente novo, mas aprimora o que já existia e adiciona uma grande dose de conteúdo. O jogo conta com os 13 rallies que fazem parte da atual temporada do FIA World Rally Championship, e também traz quase todos os rallies que fizeram parte dos jogos anteriores. No total, WRC Generations oferece 22 países e 750 km de etapas. A mesma coisa para os veículos, que além dos carros modernos de WRC, oferece também a possibilidade de conduzir clássicos como o Toyota Corolla ou o Subaru Impreza.

A atual temporada de WRC viu a introdução de carros híbridos e isso reflete-se no jogo. Estes carros são um pouco menos ágeis e nota-se mais a transferência de peso nas curvas, mas graças à parte híbrida, têm uma maior aceleração que os carros do ano passado. Isto obriga a que exista um período de adaptação de forma a se tirar melhor partido destes novos carros. O jogo oferece a possibilidade de escolha entre 3 tipos de mapeamento da potência híbrida: um com um boost inicial maior mas menos duradouro, outro com um boost menor mas mais duradouro, e um intermédio. Dependendo das etapas ou do estilo de condução de cada jogador, um tipo de mapeamento pode ser preferencial aos outros. O som dos carros nunca foi o ponto forte dos WRC da Kylotonn, principalmente no jogo do ano passado, mas surpreendentemente, esse aspeto foi vastamente melhorado em WRC Generations. Agora, os veículos têm um som muito semelhante aos seus congéneres reais. Esta melhoria, por si só, adiciona uma maior dimensão à experiência de condução.

A condução com comando requer alguma habituação, tal como nos jogos anteriores, uma vez que WRC Generations é mais virado para a simulação. Isto significa que não existe botão de rewind, que os erros são mais penalizadores, e que é necessário ter cuidado com o estado do carro. As definições de origem do comando são, novamente, pouco otimizadas e obrigam a vários ajustes. Este ano, achei a direção demasiado sensível e fui testando até ter encontrado um valor que achei confortável. De referir que atualmente existe um bug que faz com que a vibração desapareça por completo e, em alguns casos, tentar voltar a ligar a vibração faz com que o jogo vá abaixo. Este é um bug que mancha um bocado a jogabilidade, porque o haptic feedback do DualSense é uma funcionalidade que ajuda a aprendizagem das etapas ao oferecer mais informação sobre a aderência e o estado do piso.

Por falar em etapas, continuam a ser um dos principais destaques dos WRC da Kylotonn e também a razão de um WRC da Codemasters me deixar um pouco reticente, pois tenho dúvidas se irão igualar o trabalho feito pela Kylotonn neste departamento. As etapas são baseadas em secções das etapas reais, o que significa que todas têm as suas próprias características únicas e desafios específicos. Por exemplo, a etapa de Fafe do Rally de Portugal tem o famoso salto que tanto dá origem a imagens fantásticas como a acidentes espetaculares. E no jogo, esse salto foi muito bem recriado e uma má execução acarreta um grande risco de acidente. Por sua vez, as etapas no Rally do Mónaco são muito estreitas, sempre rodeadas de muros e montanha que não perdoam erros. A qualidade na recriação das etapas é sem dúvida uma das razões porque perdi largas horas a jogar WRC 9 e WRC 10.

O Career Mode é o principal modo single player disponível. Este modo não mudou praticamente nada do título anterior. Aliás, eu poderia fazer copy/paste do que disse sobre este modo no WRC 10 e estaria tudo certo. De qualquer forma, os jogadores podem começar a sua carreira no campeonato WRC 3 e ir gerindo a sua equipa e recursos até chegar à categoria máxima. Cumprir objetivos e ganhar rallies oferece experiência e os pontos de habilidade adquiridos ao subir de nível podem ser gastos em diferentes categorias, incluindo melhorar a componente mecânica do carro ou a capacidade de trabalho do staff. A possibilidade de fazer shakedowns introduzida no jogo anterior continua presente e ainda bem, porque permite fazer um reconhecimento inicial das condições de cada rally. A única novidade é a adição da componente híbrida às coisas que se podem ser melhoradas com os pontos de habilidade. Tudo o resto permanece igual, ou seja, recrutar staff para cada uma das posições, ter cuidado com os objetivos e com a moral da equipa, e não descurar a manutenção do carro.

Quanto a outros modos, estão presentes basicamente os mesmos do jogo anterior, com a adição de Leagues, onde é possível criar desafios para outros jogadores. Além disso, e pela primeira vez na série, WRC Generations suporta cross-play, significando que os jogadores de diferentes plataformas poderão competir entre si para ver quem consegue ser mais rápido. Tal como em outros aspetos do jogo, não existem muitas novidades aqui, mas não deixa de ser uma boa oferta em termos de conteúdo e modos.

No que toca a gráficos e performance, este ano não está presente um modo 120 FPS. Os jogadores podem escolher entre jogar em 4K/30 FPS ou no modo performance a 60 FPS numa resolução mais baixa. Este último modo é a maneira recomendada para tirar melhor partido da experiência em consola. Os cenários e os carros estão um pouco mais detalhados que em WRC 10 e os efeitos da terra e neve a esvoaçar têm um maior volume. A iluminação também sofreu ajustes e o impacto é muito positivo no aspeto global do jogo. Correr à noite, por exemplo, é um grande desafio, principalmente em zonas mais florestais, porque está muito escuro e só nos podemos guiar pelos faróis do carro. Até chega a ser desnorteante, uma vez que se torna difícil ter uma boa noção da velocidade. O que mancha a componente gráfica é o excesso de shimmering. Normalmente não se nota muito, mas nota-se bastante em piso molhado, porque os reflexos do cenário aparecem na estrada, mesmo no meio do ecrã e o constante cintilar cria ruído na imagem impossível de não se reparar.

Apesar de alguns problemas e bugs, que espero que venham a ser corrigidos brevemente, WRC Generations é uma boa despedida por parte da Kylotonn. O jogo não adiciona muitas novidades comparativamente a WRC 10, mas oferece uma boa dose de conteúdo, uma jogabilidade desafiante e divertida, e muitas etapas para aprender e dominar. Além disso, o som dos carros estão consideravelmente melhores que os dos títulos anteriores, tornando assim a experiência de jogo mais imersiva. WRC Generations é o melhor trabalho da Kylotonn até agora.

Nota editorial: Cópia fornecida pela UpLoad Distribution para efeitos de análise

Veredito

Nota Final - 8

8

Embora não traga muitas novidades e tenha alguns bugs que precisam de ser resolvidos, WRC Generations é um bom jogo de rally capaz de oferecer muita diversão aos amantes deste desporto motorizado.

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Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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