Análises

The Callisto Protocol

Undead Space

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X/S, Xbox One

Quando o experiente piloto de naves Jacob Lee e o seu companheiro Max Barrow estavam tranquilamente a efetuar uma nova tarefa de transporte de mercadorias para a Prisão de Black Iron, situada na lua satélite morta de Júpiter, denominada Callisto, a catástrofe rapidamente acontece, quando uma abrupta abordagem à nave, efetuada por uma misteriosa mulher que tinha a intenção de roubar a sua carga, provoca um acidente catastrófico que motivou a queda do aparelho naquele local inóspito.

Com a morte do companheiro no acidente, Jacob é feito prisioneiro juntamente a mulher que provocou o assalto à nave e quando este acorda na sua cela, só e isolado, percebe que uma revolta estava a acontecer na prisão e a fuga daquele local era a única opção a tomar. Mas Jacob nem imaginava os horrores que estava para encontrar para conseguir alcançar o seu objetivo.

Esta é a premissa do argumento que suporta o início de The Callisto Protocol, um jogo cujas características o colocam num patamar de sucessor espiritual do aclamado Dead Space, co-criado por Glen Schofield da Visceral Games e que, após a formação do estúdio Striking Distance (criado inicialmente para servir de suporte à criação de conteúdos para a franchise PUBG) é responsável pelo lançamento deste IP original

The Callisto Protocol é um jogo de survival horror que possui algumas características semelhantes a Dead Space, mas que consegue ter uma individualidade e diferenciação na jogabilidade que o distanciam daquele título.

Com uma jogabilidade na terceira pessoa, o protagonista Jacob Lee, no qual, após ter sido feito prisioneiro, foi colocado um implante denominado “Core Device” que lhe permite visualizar o estado de saúde e aumentar o seu nível através de injeções encontradas ao longo do caminho, baseia o seu progresso através do recurso a combate físico de proximidade, mas também com recurso a armas que acede mais tarde. No jogo assente em survival horror e onde, para além do ambiente opressivo, do gore ou do suspense, o encontro constante com seres e inimigos diversos é a base da sua jogabilidade, a componente do combate é fundamental estar bem suportada. E aqui começam os problemas que sinalizo com este jogo.

A parte do combate físico de proximidade utiliza um sistema de dodge que deve ser utilizado no timing certo. Falhando o timing adequado, rapidamente ficamos desprotegidos com os ataques sofridos, levando rapidamente a mortes, cujas animações são de um gore extremamente violento, assente em desmembramento, esmagamento e sempre muito viscerais e visualmente impactantes. Apesar de alguma habituação após a fase inicial, senti ao longo do jogo que dominar o dogde não era algo natural e estávamos sempre forçados a tentar acertar no timing certo para o desvio, sem a fluidez que um combate de proximidade habitualmente proporciona. Com a melhorias das armas, com destaque para a espada cibernética utilizada por Jacob, a tarefa de combate fica mais facilitada, mas muitas vezes, ficamos sem possibilidade de fuga pela rapidez dos ataques dos inimigos, sem grande margem no espaço dado.

Os inimigos são implacáveis neste jogo. Sendo necessário reações rápidas nos ataques, o próprio sistema de acesso e mudança entre armas, não é intuitivo. Ao utilizar as teclas de acesso e confirmar a seleção da arma no comando, acabamos por perder um conjunto de segundos preciosos e que são habitualmente fatais. Deve-se referir que as armas podem ser melhoradas em estações de printing de upgrades, colocadas ao longo do jogo, pelo que a exploração do jogo é sempre recomendada para conseguirmos recursos valiosos que permitem a sua troca por dinheiro que dará acesso à aquisição destas melhorias.

Com um combate por vezes confuso e pouco intuitivo, tal situação agrava-se nos momentos em que estes encontros acontecem em espaços muito fechados e sem grande possibilidade de fuga ou mobilidade. Com inimigos a virem de várias direções, em certas alturas somos engolidos por todos os seres que nos estão a atacar e ficamos sem margem sequer para conseguir visualizar o que está a acontecer, o que leva a um mash de botões descoordenado e inevitavelmente à morte do protagonista. Para um jogo onde acertar no combate seria essencial, esta é minha maior crítica. Não é algo implementado de modo fluído e várias vezes a frustração supera o divertimento, quando é o design do jogo a provocar estes constrangimentos.

Por outro lado, se sou crítico em relação ao combate, devo destacar a enorme qualidade da componente áudio. Neste aspeto o jogo acerta perfeitamente naquilo que um título destes necessita para uma imersão de suspense e provocação de medo. Tendo jogado na PlayStation 5, o áudio 3D está muitíssimo bem conseguido, seja em termos de localização, seja em detalhe de efeitos sonoros, mas também da utilização de uma banda sonora muito bem adaptada aquele ambiente opressivo e de horror. Achei simplesmente perfeito e um ótimo exemplo da correta utilização de som espacial que ajuda e incentiva à imersão.

Ainda tecnicamente, devo indicar que a utilização do HDR não está bem implementada e existe uma configuração incorreta da sua implementação, com raised blacks, sendo recomendado desligar-se para uso da versão em SDR. Para um título jogado num ambiente escuro e opressor, este é um aspeto bastante crítico, o que, pela falha verificada, deve ser sinalizado.

Em termos de desempenho, a versão do jogo na consola dá acesso a 2 opções gráficas de performance a 60fps com uma resolução mais baixa ou fidelidade, a 4K mas limitada a 30fps. Sendo um jogo que, em combate, necessita da maior fluidez possível, não tive duvidas em optar por este modo. Apesar de tudo, os 60fps não são constantes e certas vezes nota-se quebras de framerate, não muito acentuados ou frequentes, mas esporadicamente visíveis o que será tecnicamente de sinalizar, na expetativa de correção futura.

Em suma, The Callisto Protocol é um jogo com um ambiente opressivo excelente e provocador de várias sensações imersivas de suspense e horror, mas que falha no aspeto essencial do combate, cujas opções de design em geral, não o tornam equilibrado e fluído.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7

7

The Callisto Protocol é um survival horror que consegue criar um ambiente opressivo, mas que falha no sistema de combate, particularmente em situações contra múltiplos inimigos ao mesmo tempo.

User Rating: 5 ( 1 votes)
Botão Voltar ao Topo