Análises

EA Sports WRC

Do DiRT para o WRC

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PC, PlayStation 5, Xbox Series X/S
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

WRC Generations, lançado em Novembro de 2022, marcou o fim de uma Era. Depois de sete anos a desenvolver jogos oficiais da competição FIA World Rally Championship, a licença passou da Kylotonn para as mãos do conceituado estúdio Codemasters, em particular para a equipa que nos trouxe o fantástico DiRT Rally 2.0. WRC e Codemasters parece uma dupla que tem tudo para ser um sucesso, mas na prática, este primeiro jogo não correspondeu a essas expetativas.

EA Sports WRC fez com que a Codemasters passasse do seu motor proprietário, o EGO Engine, para o Unreal Engine. O estúdio considerou que esta mudança era necessária para a série daqui para a frente suportar etapas longas. Como resultado, este jogo tem algumas etapas com cerca de 30 quilómetros, sendo duas vezes maiores que as etapas dos anteriores DiRT Rally. E quando comparado com as epic stages do WRC Generations, chegam a ser 10 quilómetros maiores. Por um lado, estas etapas representam um desafio de consistência que visam dar um gostinho daquilo que os pilotos na realidade têm de enfrentar, mas por outro lado, acho-as um pouco longas demais e fazem com que o jogo necessite de um maior compromisso de tempo na hora de realizar um evento.

As etapas em si visam recriar cenários de cada um dos países que fazem parte do calendário oficial da competição, mas acho que não são tão boas como as do WRC Generations. A Kylotonn recriou secções de etapas reais e isso fazia-se sentir no jogo, pois cada etapa, mesmo dentro do mesmo rally, parecia única. Por sua vez, as etapas em EA Sports WRC parecem uma sugestão das etapas reais em vez de uma recriação. Além disso, existe alguma falta de consistência a nível de detalhe nas etapas. Em alguns países, o jogo tem bom aspeto, mas noutros, nem por isso. Um exemplo disso é o rally da Suécia, onde a neve não parece neve, mas sim terra batida pintada de branco. Isso é algo que WRC Generations conseguiu simular bem, mas que neste jogo fica aquém.

Existe também alguma falta de vida nas etapas, como a falta de helicópteros ou drones a seguir o nosso percurso na estrada. Ou até mesmo alguns animais como se viu em anteriores DiRT. Um bom pormenor e que merece destaque está no rasto de pó denso e que perdura no ar mais tempo e por uma maior distância do que visto noutros jogos do género.

A mudança para o Unreal Engine trouxe também alguns problemas técnicos. Durante uma semana, o jogo apresentava frequente stuttering e screen tearing em todos os locais. Isso foi melhorado com uma recente atualização, particularmente o stuttering, mas ainda se nota algum screen tearing em alguns locais, como em Monte Carlo. Mas se calhar o mais surpreendente, pela negativa, é o aspeto visual deste título, principalmente por ser um jogo lançado apenas para PC, PS5 e Xbox Series X/S. WRC Generations e DiRT Rally 2.0 têm melhor aspeto e melhores efeitos que EA Sports WRC, coisa que não esperava que acontecesse quando este jogo foi anunciado apenas para PC e consolas da geração atual.

No total, EA Sports WRC conta com mais de 600 quilómetros de etapas únicas, 17 locais e a possibilidade de escolher a altura do ano em quase todos os rallies. É um jogo ambicioso, mas se calhar, demasiado ambicioso tendo em conta que foi desenvolvido num relativo curto período de tempo, incluindo uma mudança para outro motor de jogo. Se é verdade que realizar este projeto em cerca de três anos mostra o quão boa é esta equipa da Codemasters, a inconsistência e problemas deste título mostra que três anos foram demasiado curtos para entregar a sua visão completa. Importa salientar que não estão presentes as Super Special Stages.

Onde tenho que elogiar é na condução. EA Sports WRC oferece uma condução um pouco mais arcade que a do WRC Generations e do DiRT Rally 2.0, algo que poderá não ser do agrado de alguns, mas na verdade, isso não me incomodou. Acho-a bastante divertida e existe uma boa diferença de aderência entre os diferentes tipos de piso, além de que a sensação de peso dos carros parece-me correta. Se calhar, o que poderia estar melhor é o feedback visual do carro a percorrer as irregularidades do piso, já que em certas circunstâncias, particularmente em asfalto, há alguma sensação de desconexão do carro com chão, dando a sensação de o carro estar a pairar. Isto é algo que já vem de trás e não é um enorme problema, mas é algo que gostaria de ver melhorado num próximo título.

A lista de carros é outra coisa que merece bastante elogios. O jogo conta com mais de 70 carros, desde carros dos anos 60 até aos modernos híbridos. A lista inclui nomes conhecidos como Citroën Xsara, Ford Focus RS Rally 2001, Subaru Impreza 1998, Mitsubishi Lancer Evolution VI, Peugeot 206, Ford Escort RS Cosworth e o mítico Audi Sport quattro S1. Os fãs da Toyota é que ficaram a arder, porque o único carro desta marca presente no jogo é o Toyota GR Yaris Rally1 HYBRID. O clássico Toyota Corolla WRC ficou de fora. Todos os carros incluídos, independentemente da sua Era, têm um bom nível de detalhe e são acompanhados por bons sons de motores. A Codemasters não costuma falhar neste aspeto, e novamente, os carros foram fielmente recriados.

EA Sports WRC tem um modo carreira, e quem jogou este modo nos jogos da Kylotonn vai encontrar aqui alguma familiaridade. É possível criar uma pintura e até foi implementado um sistema que permite pegar num chassis de um carro moderno do WRC, WRC2, e WRC e personalizá-lo de raiz. É um pouco básico no estado atual, mas oferece uma camada adicional de personalização ao modo. Este modo permite saltar diretamente para a principal categoria e também inclui uma leve gestão da equipa. Como disse, quem vem dos anteriores WRC vai apanhar facilmente o jeito. Contudo, notei algumas estranhas ausências no modo. Por exemplo, não dá para ver a composição das etapas de um evento e nem sequer existe um indicador do desgaste dos pneus. Aliás, a gestão dos pneus não está de todo bem conseguida, porque nem sequer permite uma gestão individual. No geral, acho que o modo carreira do WRC Generations é mais completo e profundo do que o oferecido neste jogo.

Apesar dos seus problemas e falhas, EA Sports WRC é um jogo divertido. A condução, particularmente em terra batida, é bastante boa e não me incomodou o facto de ser um pouco mais arcade que a do DiRT Rally 2.0. E claro, a grande lista de carros clássicos merece um destaque. No entanto, é facilmente evidente que três anos não foram suficientes para fazer a transição para o Unreal Engine e criar um jogo que correspondesse à visão da equipa. O jogo deixa a desejar em termos de gráficos quando comparado com outros títulos do género, o screen tearing é incomodativo, e a ausência de algumas opções é de fazer coçar a cabeça. EA Sports WRC não é um mau jogo e nota-se que a base presente tem bastante potencial, mas simplesmente não é tão bom como WRC Generations e DiRT Rally 2.0.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 7.5

7.5

O primeiro WRC da Codemasters não é a vitória garantida que esperava. EA Sports WRC tem uma base com bastante potencial, mas os problemas e falhas fazem com que não consiga ultrapassar WRC Generations e DiRT Rally 2.0.

User Rating: Be the first one !

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
Botão Voltar ao Topo