Análises

The Last of Us Part 2 Remastered

Reviver uma aventura marcante

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5
Onde comprar: Comparador ZWAME, Tropical Price

Três anos e meio depois, The Last of Us Part 2 continua tão marcante quanto foi na altura em que chegou à PlayStation 4. O jogo combinou com sucesso uma história profunda com uma jogabilidade precisa e cheia de opções, já para não falar qualidade técnica e nível de detalhe incorporado em todos os elementos do título. Em 2021, a versão PS4 de The Last of Us Part 2 recebeu uma atualização gratuita para a PlayStation 5 que permitiu o jogo correr a 60 FPS nesta plataforma, mas não tirou total partido das funcionalidades da consola. Eis que agora chega The Last of Us Part 2 Remastered, uma versão nativa para a PlayStation 5 que visa oferecer melhorias técnicas e novo conteúdo.

Eu não me vou alargar demasiado, pois a minha opinião não mudou grande coisa desde a review que fiz em 2020, mas de forma resumida, The Last of Us Part 2 decorre cinco anos após os eventos do final do primeiro jogo. Ellie e Joel vivem em paz na cidade de Jackson, numa comunidade que contribui como um todo para uma relativa normalidade e que permite aos seus habitantes viver com algumas das comodidades que existiam antes do início do surto. Mas certo dia, as coisas tomam um rumo inesperado e catapulta Ellie para uma jornada sangrenta em busca de vingança. Não é uma história propriamente feliz, mas também não é uma que procura ser miserável só porque sim. Tudo tem uma razão de ser e é, acima de tudo, uma história sem heróis e vilões, e uma que oferece uma constante montanha-russa de emoções.

Embora seja um jogo violento, não acho que glorifique a violência, na medida em que esses acontecimentos contribuem para posteriormente mostrar o desgaste físico e psicológico que as personagens estão a enfrentar. É algo semelhante ao que aconteceu no primeiro jogo, mas aqui acontece em maior número pois é um jogo maior e que afeta mais personagens. É caso para dizer que as ações têm consequências. No primeiro jogo não se viu muito dessas consequências, mas elas acontecem em The Last of Us Part 2, não só fruto do que aconteceu no primeiro título como também do que acontece neste próprio jogo.

Ao longo da aventura, que tem Seattle como palco de fundo, Ellie terá muitos desafios pela frente. Esta é uma cidade destruída pela pandemia, o que significa enfrentar diversos tipos de infetados, mas também duas fações de sobreviventes que lutam pelos recursos ainda disponíveis na cidade: Washington Liberation Front (ou WLF), uma fação militarizada com muito poder de fogo, e Seraphites, um culto com práticas ritualísticas, cujos elementos são mais discretos e utilizam predominantemente armas silenciosas. Sejam infetados, WLF ou Seraphites, todos os inimigos apresentam os seus desafios e situações únicas. Para tal, a equipa implementou melhorias à jogabilidade face ao que se viu no primeiro jogo.

Ellie consegue rastejar e esconder-se por debaixo de veículos ou outros objetos, consegue passar por entre espaços apertados, consegue saltar, consegue desviar-se de ataques e consegue também disparar enquanto está deitada no chão. Mais de três anos depois e após fazer a terceira playthrough ainda fico surpreendido pela fluidez das animações quando são intercaladas diferentes ações. Ellie consegue rapidamente levantar-se do chão, desviar-se de um ataque, começar a correr e passar por entre uma abertura na parede com uma fluidez impressionante e de forma responsiva, sem apresentar aquele “peso” que se nota em outros jogos. O combate corpo-a-corpo abre também a porta para outros cenários graças à possibilidade das personagens se poderem desviar e dos inimigos se conseguirem defender. Longe vai o tempo onde bastava fazer button mashing até à vitória.

The Last of Us Part 2 tem uma excelente jogabilidade, e todas as suas mecânicas são transferidas para o modo No Return, o modo roguelike adicionado nesta versão. No início apenas estão desbloqueadas duas personagens, mas há medida que se avança pelo modo e são completados desafios, vão sendo desbloqueadas mais personagens, sendo cada uma mais direcionada para um determinado estilo de combate. Por exemplo, Ellie dá preferência a confrontos a média distância graças ao uso da sua rifle, enquanto Abby é melhor em confrontos a curta distância e corpo-a-corpo. Por sua vez, Lev permite uma abordagem mais stealth graças ao uso do arco e flecha.

O progresso feito em cada run em No Return não é pré-definido. O modo oferece a possibilidade de se escolher entre diferentes tipos de confrontos, que determinarão o tipo de inimigo que se vai enfrentar, o tipo de objetivo, que recompensas serão desbloqueadas e a existência de mods. Entre cada cenário, o jogador regressa à base para se preparar para o próximo confronto, podendo comprar armas e fazer-lhes upgrades. Estes confrontos utilizarão como palco de fundo áreas conhecidas da campanha de The Last of Us Part 2, como Jackson e Channel 13 News Station. Obviamente, sendo um modo roguelike, morrer a meio de uma run significa perder o progresso. Como disse anteriormente, completar com sucesso runs e desafios com personagens específicas irá desbloquear mais personagens, e também skins, inimigos e mods.

No Return permite a escolha do nível de dificuldade, de forma a ser acessível para todo o tipo de jogadores independentemente da sua habilidade, mas para os mais competitivos existe uma leaderboard chamada Daily Run Leaderboard. Como um nome deixa antever, é disponibilizada diariamente a mesma run para todos os jogadores e cada um terá uma única tentativa para tentar chegar ao topo das tabelas. O modo em si não é super complexo, mas é muito divertido e muito bem vindo, pois oferece um parque de recreios para explorar ao máximo aquilo que a jogabilidade tem para oferecer, ao mesmo tempo que permite controlar outras personagens.

Outro dos destaques de The Last of Us Part 2 Remastered é a adição do modo Lost Levels. Aqui, os jogadores poderão jogar versões inacabadas de três níveis que foram cortados do jogo final. Estes níveis podem e devem ser jogados com os comentários dos produtores a acompanhar, de forma a se ficar com mais contexto sobre o processo de desenvolvimento, qual a razão que levou esses níveis a serem criados e porque não chegaram ao jogo final. É quase como uma espécie de mini making-off em formato videojogável e algo que gostei bastante de experienciar.

Por fim, outra das novidades é a inclusão de um minijogo que permite tocar guitarra, igual ao que se vê durante a campanha. É possível escolher entre Ellie, Joel e Gustavo Santaolalla, o compositor desta série, e também escolher outros instrumentos. Houve gente talentosa que passou imenso tempo neste minijogo durante a campanha, a ponto de conseguir recriar músicas bem conhecidas como Nothing Else Matters dos Metallica, e agora, isto fica mais acessível para quem quiser dar asas à sua imaginação.

No que toca à parte técnica, confesso que não notei grande diferença nos gráficos entre The Last of Us Part 2 Remastered e a versão PS4 a correr na PS5. Existe uma ligeira diferença na iluminação em alguns pontos, mas é muito subtil. Onde esta versão nativa PS5 se faz notar bem é na capacidade em conseguir tirar melhor partido das funcionalidades da consola, como na redução dos tempos de loading. Carregar um save demora cerca de 9 segundos, enquanto que anteriormente demorava cerca de 40 segundos. Inclusive, agora é possível carregar um save diretamente através do menu da consola em cerca de 20 segundos, ultrapassando assim todos os logos e menus. Pode haver variação dependendo da altura em que se está na campanha, mas é uma melhoria considerável. Esta redução do tempo de loadings é muito bem vinda e, diria até, necessária para acomodar o modo roguelike No Return. Obviamente, também é tirado partido das funcionalidades do DualSense, que estão em linha com o que se viu em The Last of Us Part 1.

Repetindo o que disse anteriormente, The Last of Us Part 2 continua tão marcante hoje como foi na altura em que o joguei pela primeira vez em 2020. Não é uma experiência muito fácil de digerir, nem mesmo após três playthroughs, mas é uma muito difícil de igualar. Quem nunca jogou este título tem agora à sua disposição a versão definitiva em termos técnicos e em conteúdo. Quem jogou a versão PS4 e ainda a tem em sua posse, pode aceder a todas as novidades e conteúdo através do upgrade de 10€. No Return é sem dúvida o grande destaque e, embora não seja a experiência roguelike mais complexa do mercado, é uma muito divertida e que oferece novos elementos de jogabilidade.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Embora em termos visuais não exista grande diferença para a versão PS4, esta versão remasterizada é bem vinda pois adiciona conteúdo com qualidade e tira melhor partido das funcionalidades da PS5, como tempos de loadings mais curtos e suporte para o haptic feedback.

User Rating: 5 ( 1 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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