Análises

Ratchet & Clank: Rift Apart

Uma aventura interdimensional!

Versão testada: PlayStation 5
Disponível para: PlayStation 5

A série Ratchet & Clank tem uma longa história. O primeiro título foi lançado em 2002 para a PS2, e durante os 11 anos seguintes foram lançados mais de uma dezenas de jogos, incluindo spin-offs e jogos da série principal. Mas depois, entrou em hibernação, tendo ressurgido em 2016 na PS4, com o reimaginar do jogo que deu origem à franquia. Publicitado na altura como sendo o “jogo baseado no filme baseado no jogo”, Ratchet & Clank fez um excelente trabalho a dar uma nova vida a esta dupla de personagens, pese embora fosse um jogo menos ambicioso em termos de escala. E agora, eis que esta dupla regressa novamente, desta vez à PS5, em Ratchet & Clank: Rift Apart.

Não vou dar spoilers, mas em termos gerais, Ratchet e Clank estão a ser homenageados pelos seus actos heróicos quando o maquiavélico Doctor Nefarious aparece para estragar a festa. Muita destruição e caos depois, algo acontece que faz com que o tecido que separa as dimensões comece a desvanecer. Ratchet e Clank acabam separados numa outra dimensão, onde aparece uma nova personagem em cena: Rivet. O facto de Rivet ser Lombax, por si só, é suficiente para tornar as coisas muito interessantes devido às possibilidades que abre. De qualquer das formas, os jogadores irão aventurar-se por diferentes planetas e dimensões, com o intuito de reparar os danos causados nas dimensões e parar os esquemas do Doctor Nefarious.

Se faltava alguma escala a Ratchet & Clank (2016), isso é coisa que não falta em Rift Apart, a começar pela história. Sim, a história tem, para todos os efeitos, um tom ligeiro e não tão sério como outras grandes produções da Sony, o que não é propriamente um ponto negativo porque existe espaço para vários estilos narrativos, mas oferece uma maior complexidade que o jogo de 2016 e algumas bolas curvas pelo meio. Salvar as dimensões é um ponto central, mas a evolução das personagens e a interactividade entre elas não ficou para segundo plano. E é com todo o gosto que posso afirmar que Rivet é uma personagem muito interessante e com uma boa progressão ao longo da campanha. Rivet não é uma personagem secundária, mas sim uma personagem principal que foi devidamente tratada como tal.

A maior escala de Ratchet & Clank: Rift Apart é facilmente visível na quantidade e variedade de conteúdo presente. Este jogo faz uma coisa muito bem, nomeadamente oferecer experiências variadas para manter a campanha fresca do início ao fim. Num momento estamos a andar por um hub muito ciberpunk à procura de pistas para sair daquele planeta, para depois andamos em cima do um bicharoco por pântanos ácidos ou a deslizar em cima de carris enquanto fugimos de um inimigo gigante. Pelo meio, também existem alguns puzzles e desafios, incluindo puzzles interdimensionais com o Clank ou desafios da Arena. Repetitividade é uma palavra que nunca me ocorreu nas minhas sessões com o jogo de tal variado que é o conteúdo e situações oferecidas.

O facto de ser lançado na PS5 possibilitou igualmente outras coisas. Ratchet & Clank: Rift Apart tem set pieces elaborados e de grande escala, alguns, diria eu, de grandes dimensões. O SSD da PS5 permitiu a existência de coisas como acertar num cristal e imediatamente todo o nível ser alterado para um novo. É de facto impressionante o que a Insomniac Games conseguiu fazer a nível técnico, porque funciona muito bem e encaixa perfeitamente na história do jogo. Outra mecânica permite que Ratchet ou Rivet puxem um rift para si, funcionando quase como que um teleporte em tempo real naquela arena. Isto é bastante útil em batalhas, mas também são utilizados em secções de plataforma e exploração. Ao inicio tinha receio que estas mecânicas fossem um gimmick, mas felizmente não é o caso e estão bem integradas no núcleo de jogabilidade. Além disso, as secções de plataformas e exploração também beneficiam com a introdução de um desvio e com a possibilidade de se correr nas paredes.

Tirando a utilização dos rifts e a adição do desvio, os combates em Rift Apart são o esperado da série. Ratchet e Rivet têm à sua disposição um variado arsenal de armas, incluindo armas relativamente básicas, como a Blast Pistol, que é uma pistola de disparo rápido, ou da Executor, que é uma shotgun, mas também armas bastante únicas. É o caso da Pixelizer que, como o nome deixa antever, pixeliza os inimigos. Ou da Buzz Blades, que dispara lâminas. As armas ao serem utilizadas ganham experiência e sobem de nível, sendo depois possível evoluir nos vendedores em troca de Raritanium. Quatro armas podem ser colocadas em atalhos no d-pad e todas podem ser acedidas em qualquer momento via weapon wheel ao pressionar o triângulo. Sem surpresa, algumas armas dão uso aos Adaptive Triggers do DualSense, oferecendo assim dois modos de disparo. Por exemplo, carregar no R2 até oferecer resistência faz com que a Blast Pistol dispare um tiro preciso de cada vez, enquanto que carregar a fundo no gatilho faz com que dispare em modo rápido.

Mas o jogo também tira partido de outra funcionalidade do DualSense. Refiro-me ao haptic feedback. A vibração é usada para quase tudo no jogo, mas é tão diversificada e tão bem implementada que contribui imenso para oferecer uma melhor experiência. Imaginem o comando a vibrar e a pulsar de forma perfeitamente sincronizada ao som de uma música que está a passar numa discoteca. Ou então, imaginem a vibração do comando a produzir um som quando derrotam um inimigo congelado pela arma Cold Front. Ratchet & Clank: Rift Apart tem uma excelente implementação das funcionalidades do DualSense, fazendo lembrar a implementação encontrada em Returnal.

Uma novidade é a introdução de armaduras. Ratchet e Rivet vão desbloqueando peças de armadura ao longo da campanha, sendo que cada conjunto oferece um bónus diferente. Mas não tenham receio, porque podem fazer fashion souls à vontade. Uma vez apanhada uma peça de armadura, o bónus dessa peça fica activo, mesmo que a peça não esteja equipada. Desta forma, podem usar a armadura que bem entenderem ou até não usar nenhuma armadura. Diria que é um bom compromisso entre oferecer algo útil para os jogadores irem atrás, mas sem os forçarem a utilizar algo que não querem.

No passado mês de Março, Ratchet & Clank (2016) recebeu uma actualização que permitiu que o jogo corresse a 60 FPS na PS5. Voltei a fazer download para experimentar e fiquei surpreendido por o jogo ter aguentado o teste do tempo tão bem e questionei-me como é que o novo jogo conseguiria mostrar uma evolução gráfica. E após ter visto por mim próprio, a verdade é que Ratchet & Clank: Rift Apart é um verdadeiro jogo “next-gen” no que toca aos visuais. A maior quantidade de detalhe nos cenários e nas personagens é facilmente notória e representam sem qualquer margem para dúvida um salto geracional comparativamente com o título de 2016.

Além disso, e tal como a Insomniac Games já tinha feito em ambos os jogos Spider-Man, Rift Apart oferece três modos gráficos: um modo Fidelidade a 4K/30 FPS, um modo Performance a 60 FPS com uma resolução mais baixa que o modo Fidelidade, e um modo Performance a 60 FPS com ray-tracing que também faz alguns compromissos em outros detalhes. Devido à altura a que tive acesso ao jogo, fiz a campanha pela primeira vez inteiramente no modo Fidelidade. Devido à excelente implementação de motion blur, o jogo neste modo parece mais suave que outros jogos a 30 FPS, e importa salientar que nunca notei quebras de performance. Entretanto, os dois modos de Performance foram disponibilizados através do day one patch a tempo desta review, o que me possibilitou jogar algumas horas a 60 FPS. E mais uma vez, não notei quais quer quebras de fluidez. Independentemente do modo gráfico escolhido, Ratchet & Clank: Rift Apart é um espectáculo visual.

Mas e em termos de longevidade, o que podem esperar? Eu terminei a campanha de Ratchet & Clank: Rift Apart em cerca de 17 horas, tendo apanhado todos os Golden Bolts, todos os Spybots, e feito todos os desafios da arena. Para referência, terminei a campanha de Ratchet & Clank (2016) em cerca de 10 horas. Penso que isto seja suficiente para demonstrar que Ratchet & Clank: Rift Apart é um jogo com mais conteúdo. Terminada a campanha, os jogadores podem jogar o Challenge Mode, que é basicamente um New Game Plus, onde os inimigos são mais fortes e é possível desbloquear as versões Omega das armas.

Em suma, se Ratchet & Clank (2016) foi um regresso bem sucedido, Ratchet & Clank: Rift Apart é uma verdadeira sequela no sentido da palavra, já que evolui de forma positiva em todos os aspectos. A campanha tem uma maior duração, as personagens têm uma melhor evolução ao longo da história, e a jogabilidade é mais variada. Tudo isto, combinado com excelentes visuais e uma fantástica utilização do DualSense, faz com que Ratchet & Clank: Rift Apart seja uma experiência fresca numa série que já tem quase duas décadas de existência.

Nota editorial: Cópia fornecida pela editora para efeitos de análise.

Veredito

Nota Final - 9

9

Ratchet & Clank: Rift Apart é um jogo maior, melhor e mais variado que o seu antecessor, e é igualmente um excelente exemplo das capacidades da PS5.

User Rating: 4.05 ( 4 votes)

Ricardo Silvestre

É o editor da ZWAME Jogos e faz um pouco de tudo no site. Gosta em particular de jogos de corrida, jogos de luta e RPG's, mas também não diz que não a um bom jogo com loot.
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