Análises

Anarchy Reigns

Nota editorial: Análise escrita pelo colaborador Sotil.

Após alguns meses de espera, depois do lançamento japonês no verão de 2012, eis que finalmente chega ao ocidente a versão do caos e insanidade multijogador videojogável da Platinum Games.

Anarchy Reigns é a mais recente proposta do estúdio de Osaka, desta vez com um brawler. Segundo os próprios o género de acção é a sua especialidade, e sendo eu fã do seu trabalho não posso deixar de concordar, embora não seja dos seus melhores jogos, não deixa de ser mais que competente naquilo a que se propõe, sendo que é também o seu primeiro jogo online.

O jogo segue a história de 2 protagonistas, querendo isso dizer que temos duas campanhas jogáveis.De um lado temos Jack, Black side, anteriormente o personagem principal de Madworld, que aceita uma proposta de trabalho para encontrar uma pessoa. No outro lado temos Leo, White side, que após ver o seu mentor, Max, abandonar a sua unidade de intervenção, parte em sua busca para obter respostas às suas questões/incertezas. Apesar do caminho dos dois se cruzar na campanha, a história é relativamente fraca, tendo como propósito de nos colocar em lugares para podermos apreciar o gameplay.

O modo para um jogador é relativamente curto, uma playthrough completa pelas duas campanhas, cuja ordem é da nossa escolha, deve rondar as 6/7 horas. Esta é provavelmente a campanha menos conseguida da Platinum Games, para além da curta longevidade, o modo como avançamos na campanha é bastante linear e desprovido de contexto, ou seja, os cenários onde se desenrola a história não são mais que arenas onde escolhemos missões, sejam elas principais ou secundárias. Após a conclusão das mesmas somos recompensados com pontuação o que permite avançar na campanha. As missões principais resultam quase sempre numa luta com um boss. As secundárias dão tarefas como eliminar um determinado número de inimigos, fazer corridas, montar mutantes gigantes, entre outras, das quais algumas trazem boas memórias de God Hand.

Após terminarem a campanha desbloqueiam o modo difícil e podem selecionar individualmente os capítulos a repetir para melhorar a pontuação.

Anarchy Reigns - DouglasO sistema de combate é para ser usado e abusado pois o single player serve como tutorial para se habituarem às diversas combinações ao vosso dispôr.

É relativamente simples de começar, temos light e heavy attacks. Podemos variar estes ataques com atraso, aéreos e em corrida. Todos os jogadores têm ainda uma Killer Weapon que é uma arma/ataque especial que causa muito dano. Podemos esquivar-nos, uma opção que está limitada a 3 rolls, que nas mãos certas pode ser explorada de maneira a ser infinita, mas que não vale a pena entrar em detalhe. A câmera tenta cumprir o seu papel mas nem sempre consegue ser eficaz, o mesmo pode ser dito do sistema de lock-on. É do conjunto destes elementos que resulta um sistema de combate simples, mas que requer paciência para aprender, a velha máxima de “fácil de aprender, mas difícil de dominar”.

É, no entanto, quando experimentamos a componente multijogador que vemos onde foi dedicado grande parte do talento da equipa. Ao derrotarem os bosses na campanha single-player estes ficam disponíveis para serem usados nos vários modos que existem, resultando em quase 20 lutadores, todos eles com características únicas.

Temos modos clássicos como deathmatch, team deathmatch, capture the flag e outras coisas como survival (horde mode), deathball, e o completamente caótico battle royale onde 16 jogadores se defrontam para lutar pela pontuação mais alta. Nestes modos temos que por vezes, opcionalmente, lidar com o cenário a mudar, com mísseis a cair, aviões a despenharem-se e mesmo com bosses, isto para além de nos concentrar-mos nos outros jogadores humanos que por ali andam, agora se percebe o nome do jogo.

Não é de todo fácil iniciar-se no multijogador, o que resulta em alguma frustração. Temos por um lado jogadores que já jogam há mais de meio ano (japoneses). É frequente estarmos a lutar com um adversário e sermos atacados pelas costas, acontece também roubarem-nos as mortes nos últimos hits. Existem ainda algumas questões de balanço, faladas antes, bem como algumas combinações infinitas, resultando num loop do qual é difícil sair.

É necessário aprender a jogar e calcular muito bem quando devemos ou não avançar para um confronto, mas quando finalmente começamos a dominar alguns combos é difícil não ter aquele sorriso algo destrambelhado pela insanidade das variadas situações a acontecer à nossa volta com as lutas e por vezes com o cenário a mudar ou mesmo com aviões a caírem-nos em cima. Podem ainda acontecer coisas tão idiotas/hilariantes como usar um item para congelar o adversário e ficarmos nós também, resultando numa batalha furiosa com os botões do comando para nos libertarmos.

A população que existe a jogar não é muita, mas existem modos de jogo onde será possível encontrar quase sempre jogadores. Existe ainda um sistema para subirem de nível (limite 50) e podem desbloquear perks para poderem maximizar determinadas habilidades em certos modos.

A componente técnica é competente, embora existam alguns bugs e glitches, tais como ficar preso numa parede ou no chão de cenário. As texturas são de baixa resolução, mas temos uma performance consistente ao longo das batalhas, algo que me parece de maior importância. Os lutadores são bastante diversificados e com visuais distintos. Desde mechs, assassinos, mutantes, haverá certamente alguém do agrado. Se tiverem a versão limitada podem ainda contar com Bayonetta e dois modos de jogo extra.

A banda sonora foi algo que me surpreendeu pela positiva. Temos vários sons de hip hop, do qual não sou particularmente fã, mas arrisco dizer que as músicas são do melhor que a Platinum fez até agora. Cerca de 30 faixas com ritmos acelerados e bem ritmados dão aquela dose extra de adrenalina, especialmente no multiplayer.

A Sega lançou o jogo a um preço reduzido, 30€, ou menos se procurarem bem. Apesar da campanha para um jogador não ser muito bem conseguida o jogo transforma-se no multiplayer. Pode não ser a experiência mais fácil de começar, mas com vários modos de jogo, versus e co-op, um combate de fácil aprendizagem e um preço reduzido é bastante fácil recomendar mais este título de acção da produtora japonesa.

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