Análises

Submerged

Versão testada: PS4

Na maioria dos videojogos, falhar é um princípio comum. Independentemente do género, o jogador tem de ter sucesso para prosseguir, ou então, é obrigado a tentar várias vezes a mesma coisa até conseguir finalmente ultrapassar essa barreira. Isso não acontece em Submerged, já que neste jogo não existe o conceito de morte ou de falhanço.

Submerged conta a história de Miku, uma rapariga cujo irmão está gravemente ferido. Para salvar o seu irmão, Miku tem de explorar uma cidade em ruínas devido a cheias de proporções bíblicas, e encontrar os mantimentos e medicamentos necessários.

Review_Screenshot_3_1438344048Há medida que se vai explorando a cidade em busca dos dez esconderijos de mantimentos, vamos aprendendo mais coisas sobre Miku e o seu irmão, o porquê de viajarem sozinhos e como o irmão ficou ferido. Esta informação é obtida através de pequenos desenhos. Não irei revelar muito mais para não estragar a história, mas a condição física de Miku também se vai deteriorando com o passar do tempo.

Apesar de a história ser um pouco ambígua, dá para perceber o que se passa. Não há aqui nada de muito original, mas o principal problema é o jogo não fazer um bom trabalho a transmitir as emoções ao jogador. Este é um daqueles casos em que a existência de um narrador, alguém que descrevesse o estado de espírito de Miku, tornaria a história muito mais rica e cativante.

Exploração é o conceito central na estrutura de Submerged. Graças ao barco, vamos explorar a cidade em busca dos mantimentos e ao mesmo tempo vamos encontrar upgrades para o barco e umas boas dezenas de colecionáveis. Mas a estrutura de como o objetivo principal se desenrola é bastante repetitiva. Encontrar um edifício alto, trepar, encontrar os mantimentos e ver uma pequena cutscene de Miku com o irmão. Depois, é repetir esta sequência mais nove vezes durante pouco mais de duas horas.

O que não abona nada a favor da exploração é a falta de variedade de cenários ou situações. À distância, os edifícios que temos de escalar parecem diferentes, mas ao perto, são demasiado iguais, pouco interessantes e não representam qualquer tipo de desafio. Cada edifício tem caminhos opcionais que levam a alguns dos 60 colecionáveis, mas ao fim de algum tempo, a experiência torna-se um tanto ou quanto monótona, e não existe um grande incentivo na obtenção de todos os itens opcionais.

O meio de transporte usado para explorar a cidade é o barco, por razões óbvias, e os upgrades espalhados pelo mapa aumentam um pouco o tempo em que o barco pode navegar à velocidade máxima. Mas o controlo do barco é por vezes trapalhão, principalmente em espaços mais apertados, o que reduz a diversão em explorar todas as áreas.

Graficamente, Submerged tem tanto de belo como de feio. O jogo conta com transição dia/noite e condições climatéricas, resultando por vezes em imagens bastante belas, principalmente quando se está no topo de um edifício alto e se olha para o horizonte durante o pôr do sol. Esta beleza contrasta com alguma falta de detalhe nos cenários, pois contam com demasiados elementos 2D.

Review_Screenshot_1_1438344048A banda sonora ficou a cargo de Jeff Van Dyck, compositor que já ganhou alguns prémios BAFTA. Apesar de a banda sonora ser de boa qualidade, tal como tudo o resto neste jogo, vai se tornando cansativa com o passar do tempo, pois a melodia está em constante repetição.

O problema de Submerged não está no conceito ou tema, mas sim na falha em alinhar a narrativa com a jogabilidade. O problema não está na ideia, mas sim na sua execução. O jogo incentiva à exploração, mas não dá nada em retorno que justifique o tempo investido em explorar. Submerged não é um mau jogo, mas se tentarem ver para além da superfície, vão perceber que não existe muita profundidade.

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