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Lisboa Games Week 2018

Jogos para todos

A edição de 2018 da Lisboa Games Week teve mais de 60 mil visitantes, números à Web Summit que mostram, mais uma vez, que os videojogos são enormes, até neste cantinho da Europa. Uma coisa tão grande não pode ser apenas para uns poucos; havia pais arrastados pelos filhos que querem jogar as novidades, mas também pais a mostrarem aos filhos o que eles jogavam quando eram mais novos. Não faltavam máquinas arcade, pinball, computadores e consolas antigas – algumas das quais me fizeram sentir velho por serem consideradas antigas – e até robôs (de combate, educativos e de cartão). Claro, os três grandes nomes das consolas marcaram presença e trouxeram novidades, algumas há muito aguardadas.

A Microsoft voltou a marcar presença no evento, desta vez com o seu próprio espaço. Não era uma área grande, mas estava repleta de Xbox One e um conjunto de jogos de peso como Shadow of the Tomb Raider, Battlefield V, Soul Calibur VI ou os ainda não lançados Devil May Cry 5 e Kingdom Hearts III.

A Nintendo triplicou o seu espaço face ao ano passado, com Pokémon Let’s Go Pikachu!/Evee! e o antecipadíssimo Super Smash Bros Ultimate a liderarem um cartaz variado. Splatoon 2, Dark Souls: Remastered, Fortnite e Diablo III eram alguns dos jogos disponíveis para jogar. A equipa da Hexagon Esports sagrou-se bicampeã nacional de Splatoon 2 e avançou para o Splatoon European Champsionship e o vencedor do torneio de Mario Tennis Aces levou para casa uma Switch com o jogo, ambos assinados por Rafael Nadal. No palco disputaram-se finais, mas também muitos jogos amigáveis, painéis e quizzes, sempre com boa disposição e interacção com a comunidade. Apesar disto tudo, talvez as maiores atrações tenham sido o Mario e Pikachu. O poder das duas personagens é inegável olhando para as pequenas multidões que se formavam à volta das enormes mascotes que passeavam pelo espaço. Andar de um lado para o outro horas a fio, dentro de um fato daqueles, num sítio quente e sempre rodeado de gente, não pode ter sido um trabalho fácil, mas arrancou muitos sorrisos e boas fotos.

A Sony não podia deixar de mostrar que está investida em Portugal, com um fantástico espaço de mais de 2000 metros quadrados, com todo o tipo de jogos. God of War, Spider-Man, Detroit: Become Human, Spyro Reignited Trilogy, Dreams, Concrete Genie, Days Gone e uma boa selecção PSVR, com destaques como o platformer Astro Bot ou Déraciné, o jogo de aventura de Hidetaka Miyazaki. Também houve muita animação em palco; até o eterno Presidente da Junta Herman José apareceu para apresentar Saber é Poder: Gerações, um jogo de cultura geral que faz parte da gama PlayLink, podendo ser controlado com o telemóvel. Enquanto uns jogavam ou assistiam ao que se passava no palco, outros faziam slide de um lado ao outro do espaço Playstation, provavelmente não imediatamente a seguir a experimentar a Realidade Virtual.

No meio de muitos outros nomes grandes, como os jogos LEGO no espaço da Warner Bros, e de uma forte presença dos eSports, um especial destaque para o festival Indie X, que trouxe mais de 50 jogos independentes para um espaço bem grande, mesmo ao lado da Playstation. Havia jogos e criadores de vários países e uns quantos portugueses, claro: Strikers Edge, Inspector Zé e o Robot Palhaço: O Assassino no Intercidades, Re-Creation: Creator’s Memoirs, Ashes, Pic-a-Boo e Those Who Remain, tendo os dois últimos ganho o prémio de melhor jogo multiplayer e melhor jogo português, respectivamente. A equipa Firecast Studios levou para casa um cheque grande de 5000€ pelo seu RPG táctico Sword Legacy: Omen, considerado o melhor do festival.

Àqueles um pouco mais velhos e/ou cínicos, talvez seja fácil revirar os olhos à omnipresença de Fortnite, ao sem-fim de bancadas indistinguíveis de merchandising, ou ao concorrido stand com roupa de criança com a alcunha estampada de um Youtuber. Apesar de não ser novidade, não consegui deixar de levantar uma sobrancelha ao espaço do Exército, que a alguns metros da concorridíssima final de CS: GO, mostrava o quão fixes são as suas armas e tanques (spoilers: são bastante fixes). No meio de todo o entusiasmo, isto desvanece. A Lisboa Games Week de 2018 foi não só uma excelente mostra da dimensão dos videojogos em Portugal e uma oportunidade para jogar novidades, mas acima de tudo uma divertida celebração do que une os fãs de videojogos, quer sejam entusiastas que montam o seu próprio PC, ou pessoas que só jogam no smartphone.

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