Análises

Yoshi’s Woolly World

Com o Wario Land: Shake Dimension e Kirby’s Epic Yarn, a Good Feel revelou-se o estúdio perfeito para fazer jogos de plataformas alternativos ao Mario e Donkey Kong, trocando o ênfase em precisão e reflexos rápidos por exploração e saltos menos exigentes. Yoshi’s Island para a SNES é provavelmente o melhor exemplo deste estilo de jogo, mas nunca teve a sequela que merecia.

Yoshi’s Wooly World é um mundo que podíamos encontrar numa feira de artesanato, onde peluches de lã habitam adoráveis cenários feitos carinhosa e habilmente à mão. Dos vulcões de lã saem rios de lava na forma de cachecóis, as ondas do mar brilham com lantejoulas e a areia é feita de esponja, não foram poupados esforços para que este estilo “feito à mão” se reflectisse em todos os pormenores do jogo.

A Good Feel mostra a sua experiência em platformers deste género, conseguindo criar níveis que divertem mesmo com o passo “lento” característico da série, uma vez que são desenhados à volta das habilidades do Yoshi de flutuar, engolir inimigos e disparar novelos. Novas mecânicas e ideias são introduzidas regularmente, o que aliado à ingenuidade com que é implementada a estética de lã, ajuda a manter o jogo fresco. Claro que não podiam faltar transformações para mudar um bocado o ritmo, certas áreas transformam o Yoshi, por exemplo, numa mota ou numa sereia e assim temos que chegar à meta em contra-relógio. São secções muito curtas, mas estupidamente divertidas.

Quem pensa que o jogo é fácil engana-se, a dificuldade aumenta gradualmente para não deixar o jogador demasiado confortável, chegar ao fim do jogo é um desafio razoável, se bem que os bosses são bastantes fáceis assim que descobrimos a maneira de os atacar.

Se ir do início ao fim sem prestar atenção a objectivos secundários já revela um jogo muito bom, Wooly World brilha – tal como o Yoshi’s Island – quando exploramos os níveis para apanhar todos os coleccionáveis.
Em cada nível há cinco novelos de lã escondidos, juntá-los todos dá-nos um novo Yoshi com um padrão diferente, com um Yoshi por nível temos para cima de 80 adoráveis padrões para coleccionar, razão mais do que suficiente para apanhar os novelos. Quase todos as amiibo no mercado desbloqueiam um Yoshi com o padrão dessa personagem, podemos jogar com um Yoshi Mega Man ou Wario por exemplo, sendo os Pokémon a excepção que apenas desbloqueiam um Yoshi genérico com o logo das amiibo.

Apanhar as cinco flores em todos os cenários desbloqueia os dificílimos níveis especiais, os derradeiros testes às nossas habilidades e o culminar de tudo o que vemos no resto do jogo. Cada carimbo que encontramos escondido nas jóias espalhadas pelos níveis é mais um desenho ao estilo de remendo que podemos pôr no Miiverse, com 30 por nível mais os bónus que o jogo nos dá, não há falta de carimbos. A única coisa que parece não servir para mais do que um desafio é acabar os níveis com a vida toda, de resto, todos os objectivos secundários dão-nos uma recompensa.

yoshis-woolly-world-3Estes segredos revelam a excelência do jogo, não só pelo que desbloqueiam e pelo considerável desafio, mas porque a exploração dos níveis é só por si uma recompensa. Para revelar nuvens escondidas que podem esconder ou levar-nos a flores, muitas vezes é preciso passar por um sítio específico; para um olho pouco atento pode parecer que o jogo nos força a bater em todas as paredes e vasculhar todos os cantos, mas na realidade apenas é preciso estar com atenção às pistas subtis que a equipa nos deixou. Uma parede de lã com dobras pode ser empurrada, um detalhe fora do sítio pode esconder um recanto e uma plataforma aparentemente inútil serve algum propósito, nada está lá por acaso.

Para ajudar os menos experientes ou dedicados, em qualquer altura podemos mudar para um modo onde o Yoshi ganha asas e consegue flutuar indefinidamente, uma ajuda preciosa, mas que mesmo assim não garante que se passe o nível. Ao iniciar um nível podemos pagar com jóias para usar um crachá que nos dá uma habilidade, há vários que vamos desbloqueando: podem por exemplo salvar-nos de uma queda, mostrar os itens escondidos ou dar-nos melancias infinitas para nos deixar cuspir sementes como balas.
Mais do que uma ajuda, estes crachás também são óptimos para brincar ou passar os níveis de uma maneira diferente, porque o Poochy, o leal cão do Yoshi, é demasiado adorável para só o vermos em certos níveis.

Como habitual nestes jogos da Nintendo, podemos jogar com mais uma pessoa localmente; apesar do jogo ser feito para ser jogado a solo, isso não faz com que a ajuda de um amigo seja menos divertida, especialmente quando podemos engolir e atirá-lo aos inimigos. Isto adiciona mais valor a um jogo que já é bem completo, chegar ao fim leva mais de 15 horas, mas apanhar tudo e passar os níveis secretos pode levar-nos facilmente para perto de 30.

yoshis-woolly-world-1Para dizer a verdade, passei algumas dessas horas nos extras do jogo a ouvir a deliciosa banda-sonora. Tomoya Tomita compõe com o seu habitual estilo bem funky, os baixos fortes, guitarras e influências Jazz são diferentes do que ouvimos noutros títulos da série, mas o característico estilo alegre e tropical continua lá. Wooly World é um pitéu para os olhos e ouvidos, mas se queres desfrutar disto a uns gloriosos 60 fps, tem atenção a um bug que faz o jogo engasgar-se quando o ecrã do Gamepad está desligado.

Ignorar este Yoshi por ser mais um jogo de plataformas para a Wii U ou por ser fofinho seria um disparate, marcado apenas por mostrar poucas ideias novas para lá do seu design gráfico, Yoshi’s Wooly World é um platformer fantástico que merece estar ao lado dos outros gigantes do género.

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