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Análise ao PlayStation VR

O PlayStation VR sempre foi algo que conseguia intrigar-me e ao mesmo tempo afastar-me do que poderia oferecer. A principal razão dessa dicotomia deveu-se essencialmente à dificuldade que este tipo de tecnologia tem em demonstrar no que consiste e no seu potencial na aplicação aos jogos. Após ter usado o PlayStation VR durante uma semana, devo confessar que o meu cepticismo desapareceu. Mas vamos por partes.

O que é necessário para utilizar o PlayStation VR?

Para além do óbvio, ou seja, a PlayStation 4, é necessário ter uma PlayStation Camera e pelo menos um PlayStation Move. Infelizmente na Europa não está disponível o PlayStation VR Launch Bundle, como tal, terão de adquirir os restantes acessórios à parte caso ainda não os tenham.

Para além do equipamento, também é necessário ter algum espaço livre, mais concretamente uma área de jogo aproximadamente de 2m por 3m, e que não seja uma área muito iluminada. Apesar destes requisitos, a montagem e a configuração é simples, demorando apenas uns minutos até tudo estar pronto e a funcionar.

E se por um acaso tiverem dificuldades a montar tudo, o pacote inclui um bom manual de instruções, que explica de forma simples como se deve ligar de tudo. Alternativamente, podem ver um conjunto de guias oficiais publicados pela Sony no Youtube ou um detalhado FAQ no PlayStation Blog.

ps-vr-packageComo é que funciona o PlayStation VR?

Tal como outras ofertas do género, o PlayStation VR usa a realidade virtual para criar uma enorme imersão nos jogos. Isto é feito ao produzir e enviar duas imagens em simultâneo para o headset. A grande diferença para a concorrência é que este processamento é feito pela PS4 e não por um PC potente. Pela facilidade de configuração e pelo preço, o PlayStation VR acaba por ser uma excelente opção dentro do mercado de realidade virtual, mesmo que as especificações não sejam tão altas.

Para além das duas imagens em simultâneo, o processo também engloba a PS Camera, pois este acessório tem a importante tarefa de seguir o movimento do headset, do Move ou do DualShock 4. Tendo em conta que isto é feito apenas com uma câmara, é surpreendente o quão eficaz consegue ser.

O objectivo de ter um sistema relativamente pouco complexo acaba por ter o seu ponto negativo. O uso apenas de uma câmara limita o movimento que se pode fazer. E por vezes, a câmara é um pouco inconsistente. Por essa razão, a maioria dos jogos PS VR recomendam que o jogador esteja sentado ou em pé e imóvel.

Cada pessoa reage de forma diferente à realidade virtual, por isso, é provável que alguns consigam jogar mais tempo seguido que outros. Se têm tendência a enjoar, jogar sentado é definitivamente a forma mais confortável de jogar, mas cada pessoa irá reagir de forma diferente à oferta de conteúdo disponível.

ps-vrDesign e Conforto

Apesar de não ser tão caro como o Oculus Rift e o HTC VIVE, o PS VR consegue ter melhor aspecto e design, parecendo efectivamente um produto de qualidade, que não temos medo de colocar em exposição na estante. O design do headset é bom, fazendo com que o peso fique bem distribuído e não se torne desconfortável com o uso. Na parte de trás, existe um botão que permite apertar o headset de forma simples.

O design do headset também permite que o visor seja ajustado para a frente e para trás. A principal função disto é encontrar o ponto certo na imagem, de forma a que não fique desfocada e que ao mesmo tempo, dê para fazer simples tarefas no mundo real como enviar uma mensagem ou ver onde colocaram o comando.

Quem usa óculos, o que é o meu caso, irá gostar de saber que não é propriamente um problema com o PlayStation VR. Após várias sessões, nunca senti desconforto por usar óculos. Na zona do nariz, o headset tem uns apoios de borracha que tem como objectivo evitar a passagem da luz, embora nem sempre consigam desempenhar essa função da melhor forma.

O PlayStation VR é visualmente muito apelativo, mas a Sony não deixou que o aspecto influência-se negativamente o desempenho. Por essa razão, na traseira do headset, existe um conjunto de luzes. Dessa forma, mesmo que fiquem de costas para a câmara, os jogos irão continuar a funcionar correctamente.

playstation-vr-ps4-bundlePerformance e Conteúdo

O PlayStation VR conta com um ecrã OLED de 5.7” com a resolução de 960×1080 por olho e um campo de visão de 100º. Não entrando em detalhes muito técnicos, o ecrã do PlayStation VR apresenta uma menor resolução e um menor campo de visão que o HTC Vive e o Oculus Rift. Seria expectável portanto que a qualidade visual fosse notoriamente pior. Felizmente, não é o caso.

A PS4 consegue produzir duas imagens surpreendentemente detalhadas que, apesar de não serem extraordinárias em fidelidade visual, são mais do que suficientes para a maioria dos jogos. Dos títulos que tive a oportunidade de experimentar nestes últimos dias, todos funcionaram tal e qual como anunciados.

Do meu tempo com o headset, não tive problemas com o head-tracking, embora tenha consciência que há vários factores que entram em consideração para o bom uso desta funcionalidade. De vez em quando perdi a ligação com o Move, mas isto é resultado de uma área de jogo menor pelo uso de apenas uma câmara.

Quanto aos jogos em si, gostei do que experimentei. Durante esta semana joguei vários jogos PlayStation VR, incluindo o Batman Arkham VR, PlayStation VR Worlds, Rez Infinite, Here They Lie, Driveclub VR, Until Dawn: Rush of Blood, RIGS Mechanizes Combat League e Job Simulator.

Alguns dos títulos podem assemelhar-se a “tech demos” ou podem parecer experiências das produtoras para futuros jogos, mas na maioria dos casos, fiquei agradavelmente surpreso pela qualidade de conteúdo disponível no lançamento, em particular, RIGS, Rez Infinite e Batman Arkham VR.

Conclusão

O PlayStation VR pode não apresentar a mesma fidelidade visual que o HTC Vive ou o Oculus Rift. Mas há que elogiar a Sony pelo excelente trabalho realizado no desenvolvimento deste dispositivo, principalmente se tivermos em conta a diferença de preço entre o PlayStation VR e os dispositivos concorrentes. Afinal de contas, o PlayStation VR consegue ultrapassar os seus rivais mais caros em aspectos muito importantes como o conforto, design e funcionalidade.

O PlayStation VR não deve ser encarado apenas como uma alternativa barata ao que o PC tem para oferecer actualmente em realidade virtual. Fazê-lo seria um erro. Em vez disso, devem encará-lo como uma boa opção de entrada na realidade virtual, e também como um produto surpreendentemente bem construído.

Mas a Sony enfrenta dois desafios importantes: o primeiro trata-se na demonstração do que o PlayStation VR é capaz. Este é um produto extremamente difícil de demonstrar através de palavras, imagens ou vídeos, e só uma demonstração ao vivo irá conseguir apelar aos mais cépticos. O segundo desafio tem a ver com a falta de um “killer app”, ou por outras palavras, de um título obrigatório que faça vender hardware. O catálogo de lançamento é sólido, mas não existe um título que se possa ser considerado um “killer app”. Em todo o caso, há que reconhecer que o PlayStation VR é uma boa plataforma de realidade virtual e bom pedaço de hardware que, mesmo no lançamento, apresenta experiências e conteúdo interessante. E acima de tudo, o PlayStation VR é um produto com bastante potencial.

 

Nota editorial: Foi-nos fornecida uma unidade do PlayStation VR pela PlayStation Portugal para efeitos de análise.

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